Empresa beltronense atua na captação de investidores, em projetos e construção de empreendimentos hidrelétricos de baixo impacto em todo o Brasil.

O município de Francisco Beltrão se tornou referência na prestação de serviços na área de energia elétrica, desenvolvimento de programas de acompanhamento remoto de pequenas centrais hidrelétricas e assistência técnica e montagem de painéis elétricos. São duas empresas locais que têm atuação nacional. Uma delas é a Volts Empreendimentos, Desenvolvimento e Implantação de Hidrelétricas, pertencente ao engenheiro de controle e automação Cléderson Correa e ao engenheiro civil Jhoni Loro.
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A Volts foi fundada em 2013, emprega 60 funcionários, já construiu as primeiras CGHs e tem outros projetos de novos investimentos no setor. Cléderson, que já tinha experiência numa empresa de Francisco Beltrão, resolveu montar seu próprio negócio. Diretores de PCHs/CGHs começaram a procurá-lo para a prestação de serviços. Na sequência, o colega Jhoni Loro também se desligou da mesma empresa e passou a integrar a sociedade da Volts.
Até 2018 a empresa atuava somente nos serviços de automação — controle via remoto das usinas — e na instalação eletromecânica. Numa segunda fase, passou a atuar na área de construção de CGHs, captação do ponto para a instalação do empreendimento hidrelétrico, estudo de viabilidade econômico-financeira, elaboração de projetos de engenharia, contratação de serviços íctio-fauna-flora, encaminhamento dos processos e projetos perante os governos estaduais, institutos ambientais, de patrimônio histórico nacional, agências reguladoras (entre elas a Aneel), companhias estaduais de energia elétrica, empresas financeiras (financiamentos dos projetos), construtoras, fabricantes de equipamentos (dutos, geradores, turbinas, casas de força), subestações e redes elétricas. São cerca de 30 empresas parceiras da Volts em diversos setores.
Novos investidores
Em 2020 a cooperativa de crédito Sicoob São Miguel, de São Miguel D’Oeste (SC), procurou a Volts para oferecer um novo produto de investimento a seus cooperados na área de geração e venda de energia elétrica. “Até então a Volts trabalhava só com um investidor [para os seus projetos]. A partir do interesse do Sicoob abrimos o leque de investidores fracionados em cada projeto”, relata Cléderson. O sócio da cooperativa pode investir um valor por mês no projeto, para ser sócio do empreendimento energético.
Linhas de crédito
O gerente regional da Sicoob São Miguel, Fernando Manske, argumenta que “a partir disso [da decisão de apoiar os investimentos em geração de energia], a cooperativa colocou recursos para serem financiados pelos cooperados”. Ele diz que há investidores que possuem recursos aplicados na cooperativa e que podem participar dos projetos, comprando cotas ou participando de fundos de investimento.Já o cooperado que não dispõe de recursos financeiros, mas quer investir, pode financiar a participação nos investimentos e há linhas de crédito específicas para empreender no segmento de energia. As linhas de crédito têm prazo de dez anos de pagamento para a compra de cotas nos projetos. Depois da liquidação do financiamento, a cota comprada pelo investidor fica com ele — ou seja, ele se torna sócio efetivo da CGH.
Voos maiores
A chegada de novos sócios para os projetos de CGHs e o aumento de projetos e serviços acabaram tornando a Volts uma empresa com atuação nacional. Ela trabalha basicamente em projetos de implantação de CGHs — geração de energia elétrica até 5 MW —, já que a burocracia na tramitação em órgãos públicos é menor, não precisa de concessão pública, gera menos impacto ambiental, o valor do investimento é reduzido, o número de imóveis a ser atingido é menor porque são projetos a fio d’água — sem grandes áreas alagadas — e normalmente o proprietário do imóvel que será utilizado para a implantação da CGH entra de sócio no projeto.
A Volts também atua na elaboração de projetos e instalação de equipamentos de energia fotovoltaica (solar). Entre os projetos já executados e que estão funcionando estão a CGH no Rio 14, Linha São João em Francisco Beltrão; CGH Folha Verde, no Rio Tormenta, em Catanduvas (PR); CGH Princesa, no Rio Maria Preta, em Princesa (SC). Em construção há a CGH Pirâmide, no Rio 14, em Francisco Beltrão; CGH Santo Anjo, no Rio Piraí, em Caxias do Sul (RS); CGH Evangelista, no Rio Chapecozinho, em Passos Maia (SC); e CGH Garcia, no Rio Alísio, em Assis Chateaubriand (PR). Cada projeto de CGH tem investidores locais ou nacionais.
Em nível nacional são 65 projetos protocolados em diversas instâncias públicas — municipais, estaduais e nacional —, 30 deles no Paraná. Nas regiões Oeste e Sudoeste, a Volts tem projetos tramitando em diversos órgãos públicos visando a implantação de CGHs em Ampere, Cascavel, Corbélia, Francisco Beltrão, Mangueirinha e Renascença. Os três maiores clientes da Volts são a WEG, de Santa Catarina, e os grupos Bom Futuro, do Mato Grosso, e Cassol, de Rondônia, para montagem da parte elétrica. Na sede da Volts, no Bairro Presidente Kennedy, em Francisco Beltrão, funcionam os setores administrativo, de recursos humanos, de engenharia elétrica, ambiental e civil, de montagem de painéis elétricos para o controle das usinas e o centro operacional de acompanhamento remoto das hidrelétricas parceiras.
