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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Arquitetura Hospitalar

 

O branco ainda é a cor predominante, mas o aspecto 
não precisa ser frio. Palavra de ordem é aconchego.

Cuidar do ser humano. É dessa forma que trabalha a arquitetura hospitalar, priorizando o bem-estar físico e, ainda, melhorando as sensações que os pacientes sentem ao serem atendidos em hospitais, clínicas e consultórios em geral. O assunto já foi tema de entrevista no caderno, e nesta edição volta à tona. Desta vez, é o arquiteto e urbanista Arthur Cantelmo que fala sobre “consultórios humanizados”. Arthur cursa pós-graduação em Arquitetura Hospitalar pelo Unicid, em Curitiba. Confira a entrevista:

JdeB – O que é a humanização nos consultórios e qual sua importância? 
Arthur – Arquitetura humanizada quer dizer ter um ambiente planejado, funcional e confortável para o uso dos pacientes. No caso das clínicas particulares, sejam médicas ou de odontologia, o conforto pode ser o diferencial para o retorno do paciente, já que estes também são clientes. Um espaço agradável e funcional ajuda a garantir segurança ao paciente, diminuindo o nervosismo de uma consulta médica.

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Para o profissional de saúde, ter um ambiente bem planejado, arejado, mais vivo e acolhedor é fundamental para garantir a tranquilidade durante o dia, já que este profissional passa boa parte do tempo enclausurado em uma sala médica ou de procedimentos. 

JdeB – Que tipos de recursos usar nos consultórios para torná-los mais agradáveis?
Arthur – Iluminação natural, temperatura correta, vegetação pontual e principalmente mobiliário, revestimentos e cores agradáveis são alguns itens fundamentais para um local mais agradável. O local mais acolhedor que conhecemos é nossa própria casa e o local que provavelmente mais nos causa desconforto e receio quanto ao futuro é um hospital. Portanto, o consultório ou clínica deve ter espaços similares a uma casa (a recepção, por exemplo) e deve, tanto quanto possível, afastar-se da assimilação com um hospital ou similar. 

JdeB – Quais os resultados esperados com a humanização nos ambientes de saúde?
Arthur – Quando se pensa em ambientes de saúde humanizados, logo pensamos em hospitais, o que não é totalmente correto. Um consultório mal planejado e desconfortável pode repelir um paciente, assim como um mau atendimento. Mais importante que isso, a qualidade do ambiente interfere no humor e na estima das pessoas que o frequentam.

A aplicação destes conceitos em ambientes de consultórios particulares é fundamental para a melhoria na prestação do serviço de saúde, trazendo benefícios para o paciente (neste caso, cliente) e para os profissionais da saúde, que passam boa parte do dia neste local e também sofrem a influência do meio. É importante salientar que todo projeto arquitetônico de ambientes de saúde obedece normas próprias, necessitando ser desenvolvido por um profissional da área da arquitetura e urbanismo e ser devidamente aprovado pela Vigilância Sanitária.

 

Decoração e estilo nos ambientes hospitalares.

 

Em cada detalhe, um diferencial no projeto

– Iluminação: Em ambientes de recepção e espera, a preferência é sempre pela iluminação natural, se possível com grandes aberturas em vidro para as fachadas sul e leste. No caso de ambientes enclausurados, procurar sempre o uso de uma luz mais quente, que remete ao conforto. Pode-se utilizar uma mescla de luz neutra predominante com algumas luzes pontuais quentes, quebrando a monotonia do ambiente. Evitar ambientes claros com luzes florescentes brancas, o que pode arremeter ao ambiente hospitalar. Já os ambientes clínicos obedecem normas específicas da vigilância sanitária, mas também podem ter iluminação natural (desde que as janelas estejam devidamente vedadas). 

– Forros e revestimentos: O gesso é a opção mais viável para consultórios, tanto para divisórias quanto para forros de teto. O material é versátil, higiênico e neutro, permitindo uma boa mescla com os revestimentos e com a luz artificial. As linhas simples e retas são recomendadas, juntamente com uma cor clara (não necessariamente a cor branca), já que ela reflete a iluminação de maneira mais homogênea que as outras cores do ambiente e ainda dá a impressão que o consultório tem pé-direito mais alto, não tão opressivo como um espaço com pé-direito baixo.

Os revestimentos pontuais amadeirados ou com tons mais quentes contrastam muito bem com as cores claras do ambiente, mas é preciso muito cuidado para não carregar demais o espaço e descaracterizar a função do ambiente. A utilização do espelho pode trazer a sensação de amplitude caso o consultório seja um espaço muito enclausurado. O papel de parede em alguns pontos das áreas comuns também é uma boa opção para quebrar os tons claros.

– Pisos: O piso dispõe de algumas possibilidades, como o porcelanato e o piso autonivelante. Este último alia beleza e praticidade para ambientes de saúde, já que não possui emendas e facilita e higienização do local. As cores são variadas, aconselhando sempre usar um tom levemente mais escuro que as paredes e o teto. Ao escolher um piso frio, é fundamental usar tapetes nas áreas de circulação próximas às poltronas, para aquecer o ambiente. Se utilizados, os tapetes deverão estar presos sob cadeiras e sofás e, se não for possível, deve-se usar antiderrapantes na barra, para evitar que eles levantem e possibilitem tropeções.

– Mobiliário: O mobiliário é a melhor forma de fazer com que o consultório pareça a casa de seu paciente, por isso, nesse momento o planejamento e o investimento devem ser corretos. Procure sempre deixar espaços de circulação generosos, com linhas claras de organização, pois alguns pacientes podem ter dificuldades motoras ou visuais. Siga a linha da arquitetura do consultório, preferencialmente linhas claras e retilíneas. A madeira e o vidro são boas opções, especialmente para manter o local limpo, assim como as poltronas de couro ou revestidas com tecido tratado. Investir em um local infantil, mesmo que a clínica não seja pediátrica, é fundamental, pois as crianças normalmente acompanham os pais.

Os instrumentos de trabalho dos profissionais não devem ficar à mostra, pois assustam os clientes. Quadros, modelos dentários ou fotos explicativas do corpo humano usadas em congressos podem causar pesadelos nos clientes mais sensíveis. Evite adotar relógios nas áreas de espera, isso apenas atenua que o tempo está passando, deixando o paciente cada vez mais nervoso. A televisão continua sendo uma boa forma de entretenimento, juntamente com livros e revistas, desde que em bom estado.

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