Hoje e amanhã tem aulão de novo no Calçadão de Francisco Beltrão. Todos os alunos do terceirão de escolas públicas podem participar.

16 anos, aluno do Colégio Agrícola, quer fazer Agronomia.
Os aulões de revisão, que começaram ontem, 1º, no Calçadão de Francisco Beltrão, seguem até amanhã, das 8h30 às 11 horas, com objetivo de revisar conteúdo para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece em outubro. A primeira aula, ministrada pelo professor Odair Geller, coordenador do curso de História da Unipar, teve a participação de aproximadamente 60 estudantes de diversos estabelecimentos de ensino do município. As próximas aulas ficam sob responsabilidade da Unioeste e deverão abordar as disciplinas de Geografia e Sociologia. A iniciativa é do Núcleo da APP-Sindicato e deverá contemplar mais três bairros: Cidade Norte, Alvorada e Vila Nova.
Os alunos estão preocupados, pois são mais de 60 dias sem aulas desde o começo do ano, em virtude da greve dos professores e funcionários da educação. Alice Herker, 17 anos, estudante do terceirão do Colégio Estadual Léo Flach, disse que a paralisação está prejudicando muito os estudantes. “Por mais que a gente estude em casa, sente a falta de um professor para ajudar a tirar dúvidas.” Na opinião dela, os aulões são interessantes, mas ainda assim insuficientes. “Espero que não sejam só três aulas.”
O professor Odair Geller falou sobre imigrações de minorias étnicas e de africanos. As minorias dentro do continente asiático e africano e de africanos em direção à Europa. Ele também abordou a questão das políticas imigratórias dos principais países europeus. Segundo Odair, são assuntos que sempre estão presentes no Enem e na maioria dos vestibulares.
Marcos Antônio Rodrigues, 16 anos, aluno do Colégio Agrícola, contou que está lendo em casa, procurando se atualizar, mas sente dificuldade, porque não tem o mesmo ritmo das salas de aula. O rapaz mora na comunidade do Rio Tuna, interior de Beltrão, está no terceiro ano do curso Técnico Agrícola, deveria se formar no final do ano, mas, com a greve, sabe que as aulas irão seguir pelo menos até janeiro do ano de 2016.
Marcos pretende ingressar em Agronomia na UTFPR, campus de Pato Branco, porém, acredita que não terá na escola pública a preparação adequada para competir com os demais candidatos em igualdade de condições. “Vamos precisar de um reforço, se eu sentir que vou precisar, terei que fazer um cursinho.” O Enem está previsto para acontecer nos dias 24 e 25 de outubro.
A proposta que o governo apresentou prevê a mudança da data-base e uma reposição de 3,45%, referente à inflação de maio a dezembro de 2014, em três parcelas (em setembro, outubro e novembro de 2015) e a inflação de 2015 seria paga em parcela única no mês de janeiro de 2016, com a antecipação da data-base.
A professora Clecilda Parabocz, da direção da APP Sindicato, falou que os profissionais da educação consideram a proposta inviável, porque em dezembro o governo tem o 13º salário para pagar, ou seja, o caixa do Estado estaria fragilizado no início do ano. Ela destaca que a categoria está disposta e os aulões de revisão são uma demonstração de que os professores estão preocupados com a situação dos alunos. Ela ainda reclamou que a proposta do governo provoca o achatamento do salário dos professores, porque o reajuste seria aplicado sobre o salário base e não sobre os avanços de carreira.
Educadores encaminham proposta para retomar negociação
Na manhã de ontem, a coordenação do Fórum das Entidades Sindicais (FES) se reuniu com deputados na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O objetivo foi dar prosseguimento à retomada das negociações com o governo, através da Assembleia Legislativa, para tratar da data-base dos servidores.
Na ocasião, o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, denunciou mais uma vez a forma com que o governo, através da Secretaria de Educação, vem pressionando diretores das escolas e educadores. “Exigimos que o governo pare com as ameaças e retome o diálogo com a categoria”, enfatizou Hermes. Os educadores querem o zeramento da inflação com a aplicação dos 8,17% em 2015; manutenção da data-base em maio; retirada do artigo 6º que afronta a tabela do magistério; pagamento das perdas da massa salarial, resultante de um possível parcelamento da data-base, que seja compensado com um abono. Além disso, os dirigentes sindicais solicitaram a retomada do processo de negociação e a suspensão das possíveis punições aos servidores grevistas.
