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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Aumenta o desemprego e trabalhadores voltam a estudar para se recolocar

No ano passado, nos 42 municípios, foram fechadas 364 vagas.

 

Pessoal em frente à Agência do Trabalhador, em Beltrão: a busca pelo emprego.
Foto: Flávio Pedron/JdeB. 

O Sudoeste do Paraná fechou no ano passado 364 empregos com carteira assinada. O resultado foi muito pior do que em 2014, quando foram criadas 4.534 novas vagas. Todos os setores sofreram os impactos da crise econômica, mas principalmente a indústria e o comércio. Em 2015, as empresas da região contrataram 62.748 pessoas, sendo 7.908 de primeiro emprego, 53.307 de reemprego, 1.510 por contrato temporário e 23 por reintegração. No mesmo período, foram demitidos 63.112 trabalhadores, dos quais 32.481 foram mandados embora sem justa causa, 22.759 pediram demissão, 611 demitidos por justa causa, 318 por fim de contrato temporário, 6.707 por término de contrato, 43 aposentados e 193 mortos. 

A gerente da Agência do Trabalhador de Francisco Beltrão, Izolete Gemelli, conta que neste início de ano é grande o número de desempregados que procuram o órgão em busca de uma vaga ou do seguro-desemprego. A instituição está funcionando em novo endereço, na Rua Ponta Grossa, antiga sede do Escritório Contábil Wilson Lopes, porém ainda está sem identificação. O que mais impressiona, disse, é a quantidade de pessoas de municípios vizinhos que tem buscado novas oportunidades de emprego em Beltrão. “Quando a coisa não tá boa na sua cidade, a tendência do trabalhador é procurar um emprego em um centro maior.” Beltrão contabilizou no ano passado o fechamento de 515 empregos de carteira assinada. Os mais afetados foram indústria de transformação (-649), construção civil (-112) e comércio (-137). 
O pedreiro Silvino Dias da Silva, 58 anos, trabalhou 33 anos na mesma construtora, com registro em carteira, e no mês de outubro do ano passado foi demitido, sob o argumento de que a obra que estavam tocando seria terceirizada. “Achei que ia me aposentar na empresa”, conta. Segundo ele, o emprego está difícil no setor de construção civil, muitas obras estão paradas e outras tantas com um número reduzido de peões trabalhando.
O jeito foi acessar o seguro desemprego e voltar a estudar. Ele faz parte do programa de EJA (Educação de Jovens e Adultos) do município de Francisco Beltrão que funciona na Agência do Trabalhador. Segundo Izolete, são pelo menos duas turmas cheias. “Essa é uma das exigências do programa de Seguro Desemprego. Se a pessoa não está trabalhando, tem que vir estudar.” 
A gerente da Agência do Trabalhador afirma que as poucas vagas oferecidas pelas empresas não são preenchidas por falta de qualificação e estudo das pessoas. 
Durante a infância, Silvino estudou até a 2ª série, mal aprendeu a escrever e tem dificuldade com leitura. “Eu fiz questão de parar de trabalhar um pouco e voltar a estudar, tá difícil, ativar a memória não tá fácil, vou tentar ir até o final.” Há mais de 30 anos, o pedreiro foi vítima de um assalto, ainda quando morava no Mato Grosso, e levou um tiro na cabeça. Nos primeiros anos de recuperação esqueceu de muitas coisas e só com o tempo conseguiu recobrar a memória. “Depois de um tempo eu voltei a fazer tudo que eu fazia antes, ficou a dificuldade para escrever.”

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Mais afetado
O setor de construção civil foi um dos que mais sofreu com a crise. Bancos aumentaram as taxas de juros, aumentaram as exigências no cadastro das pessoas e, assim, muitas linhas de crédito para construção de moradias se tornaram mais difíceis. Com isso, toda a cadeia foi afetada. O operador de máquinas João Maria Trindade de Almeida, 54 anos, que trabalhava com uma empresa de terraplanagem foi demitido em novembro e não conseguiu mais vaga. “Eu procurei as empresas mais fortes da região e todas informaram que não estão contratando.” Ele tem 30 anos de operador de máquina e também voltou a estudar, “porque apesar de saber ler e escrever já esqueci de tudo o resto, é bom fazer um reforço.” João Maria pretende continuar estudando por uma questão de necessidade para se manter no mercado de trabalho.
O servente de pedreiro Edmundo José Tonel, 54 anos, veio de Foz do Iguaçu há 5 anos. Ganhou a conta no final do ano passado e agora está estudando para encontrar uma nova oportunidade. “Tá difícil conseguir obras pra trabalhar.” Como está complicado encontrar serviço com carteira assinada, Edmundo diz que pretende voltar a trabalhar por dia.

Ocupações e salários
Ocupações com os melhores saldos no ano passado em Francisco Beltrão foram: alimentador de linha de produção com 96 empregos positivos, salário de admissão de R$ 1.066,49; carregador 71 empregos, salário R$ 938,79; motorista de caminhão 59 novas vagas, salário R$ 1.674,46; faxineiro com 53 vagas, salário de R$ 850,97; ajudante de motorista com saldo de 32 empregos e vencimento de R$ 1.110,04. E as com mais demissões: magarefe (-285), professor de aprendizagem e treinamento comercial (-81), vigilante (-59), costureiro a máquina na confecção em série (-55) e costureiro geral (-54).

Quem melhor pagou
Não é à toa que o número de pessoas tentando passar em concurso público aumenta todos os anos. O setor oferece as melhores remunerações de entrada na média geral. No quadro comparativo divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o primeiro lugar com o melhor salário de admissão em Beltrão foi a administração pública com R$ 1.600,83, seguida por serviços industriais de utilidade pública (R$ 1.600,00), construção civil (R$ 1.379,92), extração mineral (R$ 1.239,86), serviços (R$ 1.196,79), indústria transformação (R$ 1.110,04), comércio (R$ 1.052,04) e agropecuária (R$ 952,07).

 

Quer ganhar bem, se qualifique em TI

JdeB – Se considerar a microrregião de Francisco Beltrão, há bons empregos com salários satisfatórios para quem estiver bem preparado, principalmente no setor de TI (Tecnologia de Informação). Programador de internet teve três novos empregos com salários iniciais de R$ 3.470,50; para analista de suporte computacional foram geradas três vagas (R$ 2.390,00); programador de sistemas de informação teve duas novas vagas (R$ 3.539,00); analista de desenvolvimento de sistemas mais duas vagas geradas (R$ 3.693,50) e uma vaga para engenheiro de sistemas operacionais em computação (R$ 6.315,00);
O profissional de TI e empresário Elois de Arruda Rodrigues afirma que a demanda por pessoas qualificadas é altíssima. “Não temos muitas vagas por empresa, mas temos muitas empresas procurando profissionais especializados. Os acadêmicos recém-formados ainda não conseguem desempenhar funções relevantes nas empresas, tendo que o próprio empresário executar ações de diretor técnico e até mesmo de desenvolvedor para partes complexas do projeto. E o principal problema é que quando formamos bons profissionais, complementando o que a academia não oferece, com capacitações específicas, esses profissionais fogem para os grandes centros a procura de oportunidades de maiores salários.” Elois é sócio desenvolvedor do game Zombie Zoid Zenith.
 
Santa Catarina
Há regiões do País, como em Santa Catarina, que tem atraído muitos jovens aqui da região. “Eles têm um ecossistema de TI bem avançado, com muitas empresas de renome, em todo aquele vale, que contempla Joinville, Blumenau, Florianópolis, Jaraguá do Sul, etc. Mas o que muitos não percebem é que a competitividade é proporcional à quantidade de empresas”, destaca. 
Segundo Elóis, a região tem menos empresas, mas que estão fazendo grandes ações. “Projetos de pura inovação, principalmente nas três principais cidades do Sudoeste, Beltrão, Dois Vizinhos e Pato branco. Aí, esses profissionais que vão com o sonho de crescer, muitas vezes se frustram e retornam para a nossa região.”

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