Alta dos juros básicos altera cálculo da TR, taxa usada como indexador

Com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, anunciada nesta semana pelo Banco Central, de 7,75% para 9,25% ao ano, o cálculo do rendimento da poupança volta para a regra antiga. A nova taxa básica também afeta financiamentos imobiliários e a correção do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A Taxa Referencial (TR), que estava zerada, vai subir com o aumento da taxa Selic.
A TR é calculada pelo Banco Central a partir dos juros das Letras do Tesouro Nacional (LTN), que variam seguindo a Selic, e é usada como indexador para a correção das aplicações da Caderneta de Poupança, das prestações dos empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
No caso do FGTS, a correção do saldo é a TR e mais 3%. E nos empréstimos para a compra da casa própria, a taxa corrige as prestações. O corretor imobiliário Ivo Sendeski, de Francisco Beltrão, estima que o aumento da taxa desestimule os negócios que são feitos via financiamento.
“O mercado imobiliário vinha aquecido, boa parte, devido à redução da taxa básica de juros. E considerando que a grande maioria dos imóveis são comercialziados com financiamento, agora, o crédito mais caro deve impactar novos negócios”, analisa o corretor, que cita ainda que em Beltrão estão sendo realizado muitos investimentos no setor, pois “a cidade vem atraindo cada vez mais pessoas pela sua infraestrutura pública e qualidade de vida”. Quem já tem financiamento também deve ser afetado pelo aumento da TR, mas nada que inviabilize o pagamento das parcelas.
Poupança
De acordo com a legislação, quando a Selic é igual ou inferior a 8,5% ao ano, a remuneração dos depósitos de poupança é composta pela TR mais 70% da taxa Selic mensalizada. Com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança volta a render TR mais 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
Inflação
Apesar do aumento do rendimento, a poupança ainda perde para a inflação. A expectativa de analistas de mercado é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) fique acima 10%. Mas não é só a poupança que perde para a inflação. “Com inflação acima de 10% no ano, todos os investimentos de renda fixa, variável, poupança, CDB perdem para inflação. Mas o Banco Central sinalizou que vai continuar subindo a Selic. À medida que as taxas vão subindo, os investimentos tendem a voltar a ganhar da inflação”, disse Oliveira.
Copom
Em comunicado após a reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que “o ciclo de aperto monetário [aumento da Selic]” deve avançar “significativamente em território contracionista”, ou seja, com mais altas de juros. “Para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude (1,5 ponto percentual)”, informou o comitê.