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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Badger Vicari: Pecar pelo excesso

Geral

Pecar pelo excesso

Badger Vicari*
Estão corretas as autoridades quando mobilizam ações em defesa da população. No caso, o drama mundial do coronavírus. E pecar pelo excesso, ou seja, medidas fortes de prevenção, é sempre melhor do que tentar amenizar.
Ao mesmo tempo, é importante destacar que, junto com essas medidas, pede-se que haja a colaboração das pessoas, que haja bom senso, que ninguém deliberadamente queira provocar uma situação constrangedora, quem sabe colocando em risco terceiros.

Escrevo isso e, mal comparando, lembro de um texto meu de outubro de 2015, respondendo a críticas contra o deputado Ademar Traiano, que exercera, em Beltrão e no Sudoeste, a função de governador do Estado. Teve procedimento protocolar de segurança, com revista das pessoas que circularam por onde andava o governador e tal.
Os ressentidos aproveitaram e a chiadeira foi grande, reclamando de ter havido um exagero nisso tudo, etc. Retruquei, então, nesses termos: melhor mesmo ter excesso de segurança do que a negligência.
Vai que acontecesse alguma agressão? Não necessariamente ao governador, mas a outra autoridade próxima, ou mesmo a algum profissional da imprensa. A crítica seria, então, correta, denunciando a mediocridade da segurança da máxima autoridade política do Estado.
*
Eu sei que nossa tradição, a beltronense, não tem um histórico de violência. Os fatos registrados nos últimos tempos são mesmo exceções — “ovadas” nos lulistas que prestigiaram a caravana do ex-presidente em 2017; o vandalismo contra o outdoor dos bolsonaristas no ano passado.
Enfim, faço esse paralelo para reiterar que medidas de segurança, em qualquer natureza, são bem-vindas, mesmo que na avaliação de alguns possa parecer desproporcional.
*
Tomara que essa fase de apreensão de todos passe o mais rápido possível, que nossos corpos — o corpo humano — consigam fortalecer os anticorpos contra o novo vírus. Aliás, como a história da humanidade prova, na saga do homo sapiens (e da mulher sapiens, como diria Dilma…) sobre a terra: as pestes de tempos em tempos afloram, vêm e vão, e a gente vai se virando; infelizmente, nesse vem-e-vai, há os que ficam pelo caminho.
Nesta semana li, na Folha, um artigo do professor de medicina da USP Esper Callas, que fala exatamente sobre isso: de como quando um germe novo aparece, seu poder de devastação é grande. Ele cita o exemplo da colonização da América, séculos 14 e 15: mesmo os europeus com um poderio militar muito superior, o que de fato dizimou os nativos foram a varíola, tifo e sarampo, doenças que as pessoas do velho mundo já estavam praticamente imunes.
*
Talvez com o coronavírus o efeito seja o mesmo (se ele não for tão devastador), ou seja: daqui um tempo será só mais uma gripe.
Mas enquanto nosso corpo não construir sua defesa, e nem os pesquisadores encontrarem algo eficaz para combater esse drama, vamos em frente apoiando as medidas preventivas — e que, antes de acanhadas, sejam medidas em excesso.

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*Badger Vicari, jornalista do Jornal de Beltrão

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