Balança registra superávit de US$ 3,433 bi
(AF) – Pela primeira vez no ano, não são apenas as exportações e o saldo comercial que quebram recordes históricos. Com um crescimento de 50,75% em agosto, as importações acumuladas desde janeiro são as maiores já registradas pelo país nesse período.
Do início do ano até o mês passado, o país comprou do exterior US$ 39,403 bilhões, 29,7% a mais que no mesmo período de 2003. O recorde anterior de importações, para esse período, era de 2001 (US$ 38,950 bilhões). O aumento das compras, no entanto, não afetou o resultado global da balança, que continua com saldo comercial recorde.
As importações brasileiras começaram o ano tímidas e tomaram fôlego a partir do final do primeiro semestre, quando a economia começou a mostrar sinais mais sólidos de recuperação.
O aumento do consumo interno, da produção e dos investimentos pressionam as compras externas. Os empresários, por exemplo, dependem de matérias-primas e tecnologia importada para expandir a produção.
A importação de bens de capital, em agosto, cresceu 41,8%; a de matérias-primas, 41,9% e a de bens de consumo 28,7%. No ano, as compras que menos cresceram são as de bens de capital (17,1%).
O secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, comemorou o aumento das compras de máquinas nos últimos meses, que refletem maiores investimentos na indústria.
A importação de bens de capital indica investimento na produção, considerado necessário para manter o crescimento econômico, que foi de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre em relação a igual período de 2003.
No total, as importações em agosto foram as maiores do ano. Somaram US$ 5,623 bilhões. Um crescimento de 50,75% com relação ao mesmo mês de 2003, quando o país comprou do exterior US$ 3,730 bilhões.
??Não posso dizer que, nesse caso [das importações], os números surpreenderam?, disse o secretário de Comércio Exterior do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. No final do primeiro semestre, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), já havia previsto que as importações se acelerariam na segundo metade do ano, devido ao aquecimento da economia.
Exportações
Surpresa, diz o secretário, é o desempenho das exportações. Pelo terceiro mês consecutivo, as vendas ficam em torno de US$ 9 bilhões. No mês passado, o país vendeu para o exterior US$ 9,056 bilhões, um crescimento de 41,43% sobre agosto de 2003. ??Esse número está acima das nossas previsões?, disse Ramalho.
É esse bom desempenho das exportações que, mesmo com o aumento das importações, garante saldo comerciais recordes.
No acumulado do ano, as exportações e o saldo comercial são recordes históricos. As vendas para o exterior somam US$ 61,354 bilhões, 34,8% a mais que em 2003, e o saldo está em US$ 21,951 bilhões, crescimento de 45,12%. Em agosto, o superávit foi de US$ 3,433 bilhões.
Além de um aumento de quantidade de bens exportados, o país também foi favorecido pela alta de preços de importantes commodities vendidas pelo Brasil, como soja e minérios. Ramalho afirmou que determinados setores, como o de açúcar e o de suco de laranja, tiveram uma performance melhor do que a esperada. Nos últimos meses, as vendas para os Estados Unidos, principal mercado para os produtos brasileiros, também se recuperaram.
Ramalho também enfatizou que as preocupações de alguns analistas não se concretizaram ? que o aumento da demanda interna reduziria as exportações. ??Quem pôs um pé lá fora, não sai do mercado externo?, disse ele.
No acumulado de 12 meses (setembro de 2003 a agosto de 2004), os números mostram que o país está próximo de alcançar as metas divulgadas por Furlan, que se confirmadas serão três novos recordes. As exportações somam US$ 88,928 bilhões, as importações US$ 57,309 bilhões e o saldo US$ 31,619 bilhões. As metas de Furlan, para 2004, são respectivamente: US$ 90 bilhões, US$ 60 bilhões e US$ 30 bilhões.