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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Beltronenses residentes na Alemanha relatam que lá os números de Covid resistem em baixar

Quem conta é Daniela Jaquelini Schmit, que há 14 meses reside no país europeu.

Os beltronenses Guilherme, Gabriela, Daniela e Douglas vivem na Alemanha e dizem que lá os números de Covid resistem em baixar.

A Alemanha está desde dezembro em novo lockdown, mas os números de Covid-19 continuam altos. Há um ano e dois meses, a beltronense Daniela Jaquelini Schmit mudou-se para lá, junto com o marido Douglas Dall’Agnol, o filho Guilherme e sua namorada Gabriela.

Douglas foi a trabalho na área de TI (Engenheiro de Software). “A motivação foi aproveitar a oportunidade de trabalho dele para toda a família viver uma experiência diferente, de cultura, língua, e geograficamente explorar novos lugares que sempre desejamos. Como minha formação é em Psicologia, para trabalhar como psicóloga preciso ter um nível de alemão C1. Então, no momento, estou estudando alemão”, conta Daniela. Confira a entrevista.

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JdeB – Como está a situação do coronavírus na Alemanha?
Daniela Jaquelini Schmit:
Atualmente, a situação está sendo controlada, contudo, com muita cautela. A métrica utilizada aqui é número de incidência (novos casos por 100 mil habitantes nos últimos sete dias), ou seja, o governo tem metas baseadas neste índice para afrouxar ou apertar as restrições. Para se ter uma ideia, 15 dias atrás o índice estava em 57, muito próximo da meta que seria 50, e hoje está em 65,8.

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A meta do governo alemão para 50 é por conta da capacidade de assistência hospitalar aos que apresentam agravamento nos sintomas. Estamos desde dezembro em novo lockdown, e ainda assim os números resistem a baixar. Ou seja, desde dezembro, antes do Natal, as medidas restritivas foram contundentes e assertivas para que a assistência hospitalar fosse possível a quem necessitasse.

Daniela Jaquelini Schmit e o marido Douglas Dall’Agnol, na Alemanha, que permanece com trabalho remoto.

Restrições de contato social, uma família só poderia encontrar com outra com total de cinco pessoas, apenas serviços essenciais como supermercados, farmácias, transporte, mecânica, posto de combustível e serviços de saúde e profissionais de manutenção permaneceram em funcionamento normal. As escolas se adaptaram a parte do conteúdo ser EaD, e parte presencial para quem necessitasse, como filhos de profissionais da saúde.

O toque de recolher está em vigor?
Houve toque de recolher entre 21h e 5h da manhã, mas foi alterado nas últimas semanas e já podemos estar nas ruas nestes horários. O aspecto positivo era o incentivo às atividades físicas ao ar livre, e de preferência tomar sol e reforçar o sistema imunológico para defender o organismo. Muitas empresas passaram a funcionar home office. Não apenas na área de TI, que é o caso do meu marido, mas muitas outras solicitaram aos funcionários que pudessem trabalhar home office que o fizessem para reduzir a circulação de pessoas em ambientes fechados e no transporte público.

É muito comum ver ônibus rodando vazio ou com uma ou duas pessoas, de dez em dez minutos. Enfim, foram muitas medidas preventivas adotadas. A população de modo geral é colaborativa. Ninguém da nossa família contraiu o vírus. A promessa que ouvimos de uma médica que conhecemos é que até abril toda população tenha tomado a primeira dose da vacina; para as férias de verão, a expectativa é de todos estarem vacinados.

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Vocês estão com medo?
Logo que o vírus surgiu ficamos com muito medo. Estar num país diferente, não saber muito como buscar ajuda caso precisássemos. As notícias de países vizinhos, como Itália, que faz fronteira com a região de Munique, nos assustou muito, além de provocar muita tristeza e sentimento de impotência. Mas a condução que Angela Merkel deu foi nos acalmando e gerando uma sensação de que os melhores caminhos seriam traçados.

Decisões sensatas, pautadas em informações de especialistas e dados concretos, com uma estrutura de um país forte e estável economicamente. Mas, acima disso tudo, ouvíamos discursos acolhedores, humanos e com uma seriedade admirável na postura de Merkel. E confesso que, a partir disso, a preocupação passou a ser com o Brasil.

Conseguem acompanhar as notícias do Brasil?
O Brasil tem um sistema de atenção à saúde incrível. A capilaridade do SUS possibilita uma ação muito rápida e eficaz. Contudo, o sistema teria suas limitações se a capacidade da demanda excedesse a possibilidade de atendimento na atenção secundária e terciária. Na Alemanha, por exemplo, a atenção primária é mais precária que no Brasil. Como não há essa capilaridade, essa comunicação ativa do agente de saúde nos bairros, a atenção fica deficitária. Depende do indivíduo buscar o sistema de saúde.

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Neste caso, o Brasil poderia ter o melhor sistema de saúde do mundo para conter epidemias, na minha opinião. E, de certo modo, constatamos isso quando meus sogros testaram positivo. A unidade de saúde acompanhou o desenvolvimento dos sintomas de forma ativa, como não necessitou hospitalização, ficamos mais tranquilos. Mas, nosso medo e preocupação estão com as variantes que se desenvolveram no Brasil e a alta de números de contaminações e de mortes, causadas por uma decisão de remediar, ao invés de prevenir. E, neste aspecto, julgo que muitas pessoas no Brasil não levaram o vírus com a seriedade devida. 

Como está a rotina? No caso do meu marido, ele ainda não está indo para empresa. Está totalmente home office. Durante todo o período que estamos aqui, 14 meses, ele trabalhou apenas 120 dias no escritório. E os cursos de alemão foram todos EaD, não houve turmas presenciais disponíveis.

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