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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

“Brincar é o que a criança faz de mais sério”

A importância das brincadeiras no ensino-aprendizagem.

Segundo Caroline, diversos autores da Pedagogia e da Psicologia do desenvolvimento infantil se dedicaram a tratar sobre a brincadeira, devido sua grande importância na vida da criança.

Brincar é a atividade principal da criança, é através da brincadeira que ela se relaciona com o mundo a sua volta. “Brincar é o que a criança faz de mais sério”, destaca Caroline Cortelini, pedagoga e doutora em educação; professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Francisco Beltrão.

Segundo Caroline, diversos autores da Pedagogia e da Psicologia do desenvolvimento infantil se dedicaram a tratar sobre a brincadeira, devido sua grande importância na vida da criança. “Édouard Claparède, importante psicólogo do desenvolvimento infantil, afirma que não há nada mais sério que uma criança brincando, assim como para Vygotsky, a brincadeira tem papel fundamental no desenvolvimento da criança.”

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Ela acrescenta: “Brincando, a criança aprende sobre os objetos que a rodeiam, sobre a cultura que a cerca; experimenta o mundo; se relaciona com outras crianças e adultos; organiza suas emoções; elabora sua autonomia. E ainda outras tantas atividades essenciais para o desenvolvimento da criança e seu pertencimento como sujeito de uma cultura e de uma sociedade são desenvolvidas, aprendidas enquanto a criança brinca”.

Brincar de luta e de forca (adivinhação de letras) são interessantes? Quais brincadeiras deveriam ser evitadas? Acima de tudo, as crianças precisam aprender a brincar. Confira a entrevista.

 

Caroline Cortelini, pedagoga e doutora em educação, da Unioeste de Beltrão.

JdeB – De que forma a brincadeira é interessante na didática?
Caroline Cortelini:
É um excelente recurso didático, afinal, a criança aprende brincando. A utilização de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica permite desenvolver diferentes atividades que possibilitam à criança ampliar significados e realizar inúmeras aprendizagens. Os recursos lúdicos proporcionam à criança participar ativamente no processo, o jogo ou a brincadeira. Kishimoto afirma que o jogo é uma atividade lúdica de valor educacional. O brincar é sempre uma forma da criança aprender sobre o mundo dentro ou fora da escola. As crianças são sujeitos produtores de cultura, como aponta a sociologia da infância, a criança se relaciona com o mundo à sua volta de forma lúdica.


Quais seriam as brincadeiras mais interessantes?
A brincadeira mais interessante é aquela que é adequada às necessidades da criança, que está em conformidade com seu nível de desenvolvimento. Elkonin e Leontiev, autores da psicologia histórico-cultural, afirmam que há uma atividade principal em cada estágio de desenvolvimento, essa atividade é a principal forma de relacionamento da criança com a realidade. Assim:

• O bebê está no estágio de comunicação emocional e sua principal atividade lúdica é a manipulação de objetos e interação direta com o adulto (brincadeira do lenço ou das mãos, por exemplo, em que o adulto esconde o rosto é uma grande diversão pra criança);

• A criança em torno de 1 a 3 anos aproximadamente está no estágio caracterizado pela atividade objetal-instrumental, assim sua atividade principal será a exploração dos objetos e seus usos sociais e a imitação de ações sociais com os objetos com o uso ativo da linguagem. A criança gosta de brinquedos que imitam objetos do cotidiano ou os próprios objetos de uso cotidiano (potes, panelas, escova de dente ou de cabelo, bonecas, etc.), assim como jogos de desenvolvimento de habilidades manuais, como peças de encaixe.

• Numa próxima etapa, no período pré-escolar, a criança se encontra no estágio do jogo de papéis; nessa etapa, passa a integrar ativamente a vida dos adultos e busca compreender as relações entre ela e o mundo à sua volta, sua atividade principal é a brincadeira de papeis sociais. Um universo enorme de objetos ou quase nada deles pode ser usado para a criança brincar de faz de conta. Nessa fase, ela cria enredos mais simples para a criança menor e mais elaborado para as crianças maiores. Esta é uma etapa em que diversos jogos com regras podem ser trabalhados também.

• A criança em idade escolar encontra-se num estágio denominado de atividade de estudo. Nesse estágio, a criança se interessa por jogos com regras e jogos lógicos, que poderão ser excelentes recursos didáticos em sala de aula.Os jogos e brincadeiras são formas de expressão cultural, são elementos de uma cultura. É importante ressaltar que as crianças não nascem sabendo brincar, elas precisam ser ensinadas. Somos seres lúdicos, mas as crianças precisam que alguém ensine a elas as diferentes brincadeiras que fazem parte do repertório cultural do seu contexto. 


Quais brincadeiras deveriam ser evitadas?

O céu é o limite para a definição das brincadeiras a serem utilizadas em sala de aula e mesmo em casa, contudo, é sempre importante evitar brincadeiras que coloquem em risco a segurança das crianças, evitando lugares e objetos perigosos. Mesmo jogos de luta e de força podem ser utilizados, até mesmo para auxiliar as crianças a aprenderem o cuidado com o outro, a saber o limite da sua força.

Cada cultura tem as suas brincadeiras e as brincadeiras carregam elementos de uma determinada cultura que podem muitas vezes apresentar aspectos de violência, de preconceito. Posso citar como exemplos a brincadeira de roda, atirei o pau no gato ou mesmo a brincadeira de forca (jogo de adivinhar palavras). Não há problemas de brincar com essas brincadeiras com as crianças, pois para a criança esses elementos não são a mensagem principal.

Na forca, por exemplo, não vai estar presente a mensagem do enforcamento para a criança, mas o jogo de adivinhar palavras. Assim como na brincadeira de roda, a letra é menos importante que o movimento de roda; dificilmente as crianças após brincarem de atirei o pau no gato saem atirando objetos em gatos.

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