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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Bulimia: adolescentes, lindas e magras a todo custo

 

A bulimia acomete pessoas comuns, não apenas modelos.

 

Elas são lindas, jovens e cheias de vida. Mas, em frente ao espelho, vivem achando defeito. Normalmente, essa é a conduta de nove entre dez adolescentes, que em fase de ebulição hormonal mudam o corpo e começam a se sentir mais sensuais e atraentes. O caso passa a ficar preocupante quando as meninas acham quilos de gordura onde não existem. Quando passam a acreditar que, mesmo magérrimas, ainda estão gordas e precisam emagrecer. Aí a obsessão pela beleza vira doença.

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Para buscar o corpo que idealizam, as adolescentes fazem de tudo: comem muito pouco ou, se comem, expulsam depois o alimento do estômago. A medicina chama a doença de bulimia e, ao contrário da anorexia, o distúrbio não chama a atenção pela magreza excessiva. Neste caso, geralmente, as mulheres jovens têm corpo escultural e querem manter a todo custo sua forma. O que elas fazem então: induzem vômitos, usam laxativos e diuréticos, fazem jejum prolongado e prática exaustiva de atividade física.

À procura do corpo perfeito
Para o desespero dos pais, a doença não é restrita a modelos de capa de revista ou passarela, que praticamente são obrigadas a manterem um corpo com zero de gordura. Infelizmente, meninas entre 12 e 15 anos apresentam cada vez mais esses sintomas, como garante o professor de educação física e personal trainer Magnus de Souza. Segundo ele, em Francisco Beltrão, há um número grande de adolescentes procurando as academias para ficar com o corpo sarado. É uma prática comum. No entanto, quando a preocupação com a estética é exagerada, especialmente nessa fase da vida, pode acarretar problemas psicológicos e de saúde. “Alguns dos problemas enfrentados e encontrados facilmente em academia é a bulimia.”

Conforme Magnus, a bulimia nada mais é que um transtorno alimentar que acarreta um comportamento de compulsão alimentar seguido de autopunição. Ou seja, as meninas comem demais, exageram nas refeições, não se privando de nada, mas depois correm aos banheiros para vomitar, movidas por um grande sentimento de culpa. 

Meninas correm mais riscos
Elas vivem em grupo e naturalmente querem se sentir belas, ser o centro das atenções. Por isso, o perfil das pessoas que desenvolvem a bulimia é de adolescentes do sexo feminino, da raça branca e de alto nível socioeconômico. Contudo, Magnus comenta que os problemas têm se estendido a outros grupos, chegando a pacientes de níveis econômicos baixos, que sonham com o corpo da atriz da novela, da menina rica, por exemplo. 

Bulimia e exagero no exercício físico
Não há dúvidas que a atividade física faz bem à saúde. Mas, para pessoas com transtorno alimentar, o caminho pode ser inverso, alerta Magnus. “Essas meninas optam pela perda de peso muito rápida e se exercitam de forma compulsiva, ultrapassando seus limites físicos, sem fontes energéticas para suprir o que gastaram durante a atividade.”

O professor diz que nota na academia que existem adolescentes com este perfil, porém, fica apenas em meras desconfianças. “Já tivemos alunos com esse problema, mas descobrimos depois de estar muito grave e não estar mais fazendo atividade física porque a doença se agravou.” Felizmente, Magnus teve boas notícias desses alunos e todos estão recuperados.

Pais descobrem doença e procuram ajuda profissional para os filhos

Apesar de não muito comentado, o transtorno alimentar tem crescido consideravelmente entre os adolescentes. Nesta estatística negativa está Francisco Beltrão. Segundo o psicólogo Érico Peres Oliveira, quem procura os consultórios pedindo ajuda são os pais ou alguma pessoa próxima que conseguiu detectar os sintomas. É quase impossível que o próprio doente reconheça o problema e procure auxílio profissional.

Não estou doente, estou linda
É dessa forma que as meninas com diagnóstico de bulimia se autodefinem. A maioria não admite que esteja doente até que a situação realmente se agrave. Para elas, estão somente lindas e magras e pretendem se manter assim a todo custo. Conforme Érico, a pessoa que sofre com bulimia ou anorexia possui grande resistência em admitir a gravidade de seu sintoma. “Não aceitam a necessidade de iniciar um atendimento. Normalmente, iniciam obrigadas para então, com a evolução do tratamento, perceber que realmente estavam precisando de ajuda”, salienta. Diagnosticada a bulimia, o tratamento deve ser realizado com uma equipe multidisciplinar (psicólogo, psiquiatra, nutricionista e educador físico), sempre monitorado de perto pelos familiares e amigos.

 

Mãe diz que o vício da filha se compara ao uso de droga.

 

O desespero de uma mãe!
O desabafo em forma de pedido de ajuda é de uma mãe beltronense que enfrenta o problema dentro de casa, com sua filha adolescente. Apesar de toda a atenção dedicada à menina, a mãe se culpa por não ter percebido o que acontecia debaixo de seus olhos. A mensagem é o apelo de uma mãe preocupada com a saúde da filha e que espera vê-la livre desse vício, como ela mesma descreve. Confira. 

“A coisa mais triste que pode acontecer em uma família. Um vício que se pode comparar com a droga, porque se a pessoa não quer ser ajudada, de nada adianta. Ver sua filha emagrecendo, emagrecendo e emagrecendo e tendo todo cuidado de comer na sua frente pra você não notar. No início fazendo atividade física, tomando chás digestivos e depois, sem a gente se dar conta, está com bulimia e anorexia.

Não existe dor maior que ver sua filha nesse estado degradante e que automaticamente e inconscientemente ainda se acha gorda. A culpa está em mim, pois a filha é a eterna companheira da mãe, de não perceber. Me sinto a pessoa mais burra, mais cega, mais incompetente da face da terra, por não ter visto a pessoa que mais amo se definhando na minha frente.

E fazer o que agora? Onde procurar tratamento? Dopar? Tratar com antidepressivo? Achar a causa? Que causa? Amigas que se unem para “ajudar”? E quando querem fazer isso, fazem! Dão um jeito. Vomitam tomando banho, na pia do banheiro, no ralo do chuveiro, em qualquer lugar.
A situação é desesperadora!”

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