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Silvana Stipp com nina e os dois gatinhos. |
Os gatinhos tinham apenas três semanas quando se perderam da mãe. A gata que deu à luz quatro gatinhos no telhado da casa de Silvana Stipp acabou indo embora com os outros quando percebeu que os dois haviam sumido. Os pequenos foram encontrados no forro pela mãe de Silvana, Maria Ivone, que os colocou em uma caixa na garagem.
A cadela chamada Nina “ficou louca” quando viu os filhotes. Durante a noite não dormiu e latiu o tempo todo. Na manhã seguinte, Silvana resolveu soltar Nina e deixá-la cheirar os gatinhos. “Ela lambe os gatinhos, cuida deles, leva eles para a casinha. Por dois dias eles tentaram mamar nela, até que começou a sair leite”, conta a dona, com surpresa.
A situação inusitada surpreendeu a todos da família. Cláudia, irmã de Silvana, foi uma das primeiras a perceber que Nina estava amamentando os gatinhos. “Ninguém acreditava. Final de ano, todo mundo vinha ver os gatinhos que estavam sendo criados por uma cadela. Como eu nunca tinha visto isso, eu publiquei no Facebook e fiz um vídeo”, comenta Silvana.
Nina é muito carinhosa, quando chega alguém, ela recepciona o convidado com muita atenção. Mesmo quando tem gente de fora, se um gatinho mia, Nina corre para verificar o que aconteceu. Os filhotes também retribuem a atenção da mãe adotiva, com carícias e brincadeiras.
Silvana decidiu que ficará com os gatinhos. “Gostamos muito de animais e eles se deram muito bem. Agora, na minha casa terminamos o muro e eles poderão ficar à vontade para brincar.”
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O filhote retribui com carinho a proteção da mãe adotiva. |
Instinto materno
Dentro das espécies existe o instinto materno e esse fator genético pode chegar ao extremo, como a adoção de outra espécie. O médico veterinário Ronivan Gobbi, da Clinicão, esclarece que, assim como existem mães que não querem cuidar de seus próprios filhotes, há aquelas com aptidão materna muito aflorada.
“A habilidade materna é tão desenvolvida que ela chega até produzir leite. O valor nutritivo do leite da cadela e da gata é parecido, o que não acarreta perdas para os filhotes. O instinto materno é mais presente nos mamíferos, pois, além da amamentação que cria laços, ela também tem o instinto de cuidar da prole”, informa dr. Ronivan.
Realmente, um caso como este de Nina e seus gatinhos não é muito comum, mas esses laços acontecem. “Às vezes, uma fêmea de uma ninhada tenta roubar o filhote de outra ninhada próxima, pois seu instinto materno está aflorado. É uma situação inusitada, porque a gente tenta fazer com que uma fêmea adote filhotes que perderam a mãe da mesma espécie e é comum haver rejeições”, destaca o veterinário.
Ronivan acredita que os laços entre Nina e seus filhotes gatinhos vão continuar. “Como dizemos, pai e mãe são aqueles que criam. Vale o mesmo para os animais”, conclui.