Quem responde é o médico veterinário José Carlos Zanella, da Planeta Bicho.

Idiane Dall’Alba Bomfim e José Carlos Zanella, da Planeta Bicho, refrescam Dunga e Gaspar, com cubos de gelo e alimentos dentro.
É uma dica para o verão.
“Isso é um questionamento muito importante. Eles sofrem, e muito, principalmente porque os cães estão vivendo num ambiente em que muitas vezes são adaptados a eles e aí, não têm a liberdade de ter o instinto natural, que é a proteção, instinto de procurar uma sombra, um ambiente fresco pra deitar, cavar, de entrar em um banhado, um rio, um açude, procurar água pra se molhar, que seria o que naturalmente os animais fariam no período de calor”, destaca José Carlos Zanella, da Planeta Bicho.
Outro aspecto importante, citado por Zanella, é que, diferente dos humanos, os cães têm poucas glândulas sudoríparas, então não perdem calor pela transpiração, mas sim pela respiração, pela condução, principalmente, pelo contato do corpo em superfícies frias, pela ingestão de alimentos e produtos mais frios, fazendo uma troca e eliminando a urina que é mais quente, então são esses os mecanismos de troca.
“Quando eles têm essas necessidades e nós não atendemos, eles sofrem, e isso pode trazer consequências severas, como dificuldade respiratória, problemas circulatórios e o paciente, por hipertermia, vem a óbito”, explica. De acordo com Zanella, os animais que mais sofrem são os obesos, porque acumulam mais calor e têm mais dificuldade respiratória, porque a gordura comprime o tórax e eles não conseguem respirar; são animais que ficam mais sedentários.
Associados às raças braquicefálicas, os narizes curtos, como bulldods, pugs, boxers e shih tzus, que têm dificuldade de troca respiratória, por isso sofrerão mais. “Vão ficar respirando e respirando cada vez mais rápido e, muitas vezes, entram num quadro que chamamos de alcalose, que tem uma alteração metabólica, a hipertermia, podendo produzir hemólise, que é um tipo de hemorragia interna, e isso pode levar o animal à morte por dificuldade respiratória.”
Gelo para amenizar o calor
Zanella orienta que, primeiramente, o tutor controle o peso do animal, para que ele não fique obeso, pra isso há nutricionistas, que auxiliam no controle alimentar. A segunda dica é, neste período, oferecer alimentos menos calóricos e mais refrescantes. “Se for ração, ela pode ser umedecida, assim estará ingerindo água junto; ela pode e deve ser fornecida no final da tarde ou pela manhã bem cedo. Então, você foge dos momentos mais quentes do dia, porque quando você come também produz calor.”
Outra orientação do médico veterinário é fornecer alimentos úmidos e congelados, por exemplo, produzir blocos de gelos e, na hora de congelar, colocar dentro pedaços de carnes, de rações ou frutas, como melancia, mamão, manga e deixar durante o dia, para que o animal fique lambendo e se refrescando.
Cubos de gelo nos bebedouros
Zanella sugere ainda colocar cubos de gelos dentro dos bebedouros e evitar água parada, que é uma água que aquece. Dar banhos também é uma forma de refrescar. “No caso de animais de pelagem longa, densa e aqueles de pelagem preta é bom reduzir esse pelo, mas não raspar, porque pode causar queimadura na pele. Quando sair passear, proteger com luvas, agora tem umas luvas invisíveis que a gente passa para não machucar os pezinhos deles.”
Além disso, fugir dos horários quentes para passear, sair pela manhã e pela noite. Dentro de casa, ligar ar condicionado, ventilador, e permitir que eles fiquem deitados em pisos e em ambientes que sejam mais gelados, uma vez que o controle térmico do animal é fundamental para o bem-estar do bichinho.
Dificuldades respiratórias
Zanella destaca que o animal dá sinais de que está em dificuldade respiratória, quando começa a respirar muito rápido e a fazer barulhos estranhos, como ruídos na respiração, a língua começa a ficar cianótica e azulada, começa a trocar de um lugar para o outro em agonia, ele senta e fica com os membros inferiores abertos, isso é um sinal de exaustão. “Se isso tudo acontecer, temos que rapidamente colocar ele em um ambiente gelado, molhar bem ele com água fria e correr para seu veterinário para que não ocorra o pior, porque é muito frequente a perda de animais por causa disso”, alerta.

Idiane Dall’Alba Bomfim e José Carlos Zanella, médicos veterinários da Planeta Bicho, refrescam Dunga e Gaspar, com cubos de gelo, que têm alimentos dentro.
Os cães estão sob a tutoria de Simone Mezzomo.
Fotos: Arquivo pessoal