A abertura de novas empresas em Francisco Beltrão no primeiro semestre de 2014 caiu 18,9% (de 380 para 308), se comparado com o mesmo período do ano passado. No Paraná, a queda foi de 15,92% (de 26.019 para 21.878). As informações são do relatório da Junta Comercial do Paraná. Se voltar no tempo até 2010, a diminuição no nascimento de novos negócios até o mês de junho foi de 59%, e o desempenho do Paraná foi ainda pior (-90%). Ainda assim, o Estado figura na lista dos que mais abrem novas empresas no país. No levantamento não estão considerados os Microempreendedores Individuais (MEIs).
O contabilista Antônio Pedron, do Escritório Muralha de Contabilidade, acredita que o país chegou a um momento de saturação de novas empresas. Além disso, há o fator econômico, que nos últimos anos registrou baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e aumento das taxas de juros. “A economia é muito dinâmica e esse indicador reflete certo temor dos investidores.” O profissional salienta que a atividade econômica retraiu no país, com isso, o excesso de otimismo para abertura de novas empresas arrefeceu. Pedron observa que a falta de investimento em infraestrutura também desmotiva novos empreendimentos.
Mortalidade
Um fator positivo é que também está caindo o índice de mortalidade das empresas. No primeiro semestre o percentual negativo foi de 15,6%. Se considerar desde o ano 2010, retração de 44,7%. Para o contabilista Ademir Jorge Arisi, esse número revela que as empresas estão mais sólidas. “Talvez os empresários estejam conseguindo se manter mais tempo no mercado e deixando aquele movimento cíclico de abrir e fechar novos CNPJs”, observa.
Por outro lado, ele afirma que muitos microempreendedores individuais estão conseguindo elevar seu faturamento e sair da modalidade de MEI. “No meu escritório, tive só dois que fizeram o movimento inverso, ou seja, deixaram de serem microempresas para tornarem-se MEIs.”
O relator da Agência da Junta Comercial de Francisco Beltrão, Victor Galvão, diz é difícil encontrar um fator específico para justificar a redução das novas empresas. Ele explica que nos últimos anos mais agências foram abertas na região. “Na nossa região foram abertas cinco novas agências e no Paraná a quantidade aumentou de 50 para 62. Então, acabou dividindo mais os processos de abertura de empresas.” Galvão frisa que também estão ocorrendo mais alterações nas empresas. Em Beltrão, no primeiro semestre, foram alteradas 1.063 empresas, contra 1.171 do primeiro semestre de 2013 (-9,22%).
Empresômetro
Segundo o site Empresômetro, o município beltronense é o 22º do Paraná em número de empresas com 8.693 estabelecimentos (0,75% do total do Estado). O município vizinho de Pato Branco é o 18º com 9.705 empresas (0,84%). O Empresômetro, uma ferramenta do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), apresenta dados estatísticos em tempo real.
Em todo o Brasil, no primeiro quadrimestre de 2014 foram abertas 157.561 empresas, o que representa uma queda de 12,5% em comparação a igual período de 2013, quando foram abertos 179.400 novos empreendimentos.
No país, o último período em que houve crescimento no número de novas empresas foi o de 2011, em comparação com 2010, representando naquele período um acréscimo de 3%. Posteriormente, todos os períodos tiveram perda na geração de novos negócios: 2012, em relação a 2011, queda de 7,9%, 2013, em relação a 2012, queda de 8,1%.
Redesim vai reduzir burocracia para abrir empresas
O relator da Junta Comercial de Francisco Beltrão (Jucepar), Victor Galvão, participou entre os dias 4 e 8 de agosto de evento na Receita Federal em Curitiba, com a finalidade de implantação do convênio entre a Receita Federal e a Junta Comercial, pelo qual haverá a emissão do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) diretamente pela Junta Comercial.
O convênio entrará em vigor no dia 25 de agosto de 2014, de forma facultativa. Trata-se de mais um passo para a implantação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). Esse sistema fará a integração de todos os processos dos órgãos e entidades responsáveis pelo registro, inscrição, alteração e baixa das empresas, por meio de uma única entrada de dados e de documentos, acessada via internet.
No dia 20, representantes da Jucepar e contadores vão se reunir às 9 horas, para discutir a funcionalidade do convênio e para orientações gerais dos serviços da Jucepar. O contabilista Antônio Pedron destaca que é mais um passo para agilizar o processo de criação de empresas, contudo, é na esfera municipal (vistorias) que os processos atrasam um pouco mais.