Ele começou na profissão aos 18 anos. Conduzia um caminhão porcadeiro. Depois puxou cachaça e madeira.

Seu Itamar Nazário, 69 anos, está aposentado. Trabalhou na boleia de 1970 a até 2019. Eventualmente, ainda faz algumas viagens “free lancer” para empresários que possuem frotas de caminhão. Agora, ele se dedica à casa, a curtir os netos e às pescarias. Seu Itamar está construindo novas garagens em frente de sua casa, no Bairro Luther King, em Francisco Beltrão. Casado com Terezinha, tiveram os filhos Geanderlei, Giovana e Poliana.
Ele começou como motorista de caminhão porcadeiro para a empresa de seu Nelson Parizotto, de Ampere. As cargas de suínos eram levadas de Ampere para compradores de São Paulo. Foram três anos puxando cargas de suínos para empresas atravessadoras e frigoríficos. Itamar começou a trabalhar de motorista porque gostava. “Não tinha outra coisa”, diz, bem-humorado.
O início na profissão foi aos 18 anos. Fez a carteira de habilitação em Erechim (RS) porque era mais rápido que no Paraná. O primeiro caminhão a dirigir era um Ford F-350 e depois passou a dirigir um Mercedes Benz 1111. Viajavam em dois: Itamar Nazário e Alcir Fistarol, que anos depois se tornaria empresário em Ampere.
As estradas eram ruins e o caminhão tinha pouca potência. “Era difícil, o caminhão era fraquinho, sem ar condicionado, queixo duro, sem volante hidráulico. Os suínos eram resistentes, mesmo com a longa viagem. As cargas eram entregues, normalmente, em Itapecerica da Serra. Dali vinham caminhões para transportar os animais para São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Seu Itamar conta que eram suínos criados no sistema de safra. “Era um porco mais resistente”, diz. No final da viagem, os motoristas misturavam três a quatro sacas de quirera com água e davam de alimentação para os suínos.
Veio pra Beltrão
Em 1974, Itamar se mudou de Ampere para Francisco Beltrão. Passou a trabalhar para a distribuidora de bebidas J. Catarino Pires, que comercializava os produtos Brahma para a região. Itamar, no entanto, puxava cargas de cachaça para a empresa. Eram duas cargas por semana. O motorista ia buscar cachaça em Ourinhos e Piracicaba (SP). “O pessoal gostava de cachaça”, conta.
Ao trocar de empresa, Itamar pegou um caminhão maior e mais potente, um Scania 110. “Deu diferença grande, era um caminhão mais potente, era carreta de três eixos”, diz o motorista. Nesta empresa Itamar ficou 12 anos – até 1986.
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Paciência no trânsito
Seu Itamar nunca se envolveu em acidente de trânsito. “Só tenho a agradecer. Sempre que peguei caminhão foi pra trabalhar, não pra competir. É trabalho. Tem que ter paciência no trânsito”, diz.
Em 1986, ele foi trabalhar para a Transportadora Solasol e já passou a dirigir um Scania 112. Viajava para o Brasil inteiro. Carregava tora, lâmina e madeira serrada. Trazia toras de Aripuanã, Juína, Comodoro, Sorriso, Vera, Nova Ubiratã. O serviço era prestado para a empresa Ângelo Camilotti, de Francisco Beltrão.
No Mato Grosso, Itamar pegava 800 quilômetros de estradas de chão de Cuiabá a Aripuanã. Em época de seca era uma semana de viagem. No período de chuva não dava pra viajar para o interior do Mato Grosso por falta de asfalto e as estradas de chão tinham muito barro.
Do Mato Grosso ele trazia para Beltrão toras de mogno e cerejeira para fazer compensados. Devido às dificuldades e necessidades, seu Itamar também tinha que ser borracheiro e mecânico do caminhão. As viagens de Beltrão a Aripuanã duravam de 17 a 18 dias.
A Solasol contava, na época, com mais de 30 caminhões, basicamente carretas. Em Cuiabá, a família Camilotti tinha laminadora e seu Itamar também carregava produtos de lá para outras cidades. Foram mais 28 anos na Solasol, até 2014. Durante este tempo ele dirigiu caminhões Scania, Iveco, Volvo. “A Solasol tinha sempre renovação da frota”, lembra. Ele passou a trabalhar nesta empresa a convite do gerente Álbio Stüpp.