Esta é a maior honraria que um cientista pode receber no Estado.

Várias conquistas num único prêmio. Carolina Panis ganhou o 34º Prêmio de Ciência de Tecnologia do Paraná, considerada a maior honraria que um cientista pode receber no Estado. Carolina é professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Beltrão, no curso de Medicina e no Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde. Atualmente, também é pesquisadora visitante no Departamento de Saúde Ambiental da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Ela é pós-doutora em Oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer do Rio de Janeiro, mestre e doutora em Patologia, pela Universidade Estadual de Londrina.
“Para mim foi uma surpresa, confesso que conheço várias pessoas que já receberam este prêmio e essas pessoas são referências para mim, inclusive ex-professores. Eu me considero muito grata e lisonjeada com a premiação, porque eu tenho 41 anos e sou considerada uma jovem cientista ainda, em termos de tempo de carreira.”
Ela acrescenta: “Temos a questão da representatividade da mulher, da maternidade, eu parei minha carreira por conta da maternidade duas vezes e uma terceira vez por conta do câncer de um filho meu. Este prêmio representa que a gente está no caminho certo, enquanto pesquisador, e fortalece minha instituição, que ainda é jovem no Paraná. O curso de Medicina em Francisco Beltrão é muito novo, nossas pesquisas têm apenas cinco anos”.

O trabalho premiado é uma parceria da Unioeste com o Ceonc, e conta com a participação de pesquisadores da UEL, Fiocruz de Curitiba e Universidade Federal do Rio de Janeiro. Consiste em investigar os mecanismos que estão associados à agressividade do câncer de mama em mulheres que estão ocupacionalmente expostas, ou seja, mulheres que trabalham na agricultura e estão expostas a agrotóxicos. “Quando eu cheguei pra fazer esta pesquisa, eu cheguei na Unioeste de Francisco Beltrão em 2014, a gente observou que essas mulheres tinham tumores de elevada agressividade, além disso, também observamos uma elevada taxa de casos de câncer de mama nesta região [Sudoeste], por isso começamos este estudo.”
Segundo Carolina, a partir desta pesquisa, identificou-se que, quando a mulher trabalha na agricultura e é ocupacionalmente exposta a agrotóxicos, ela apresenta falhas em alguns mecanismos que são importantes para defesa contra tumores. “Então ela vai ter uma série de proteínas que o nosso sistema produz para combater os tumores, que não vão funcionar e por conta disso a gente encontrou um mecanismo que nunca tinha sido falado antes, que é o porquê essas mulheres têm uma doença tão agressiva.”
Financiamentos
Segundo Carolina, o Estado vem apoiando este projeto através de financiamentos. “Recebemos fomento da Fundação Araucária e do PPSUS, que nos ajudou a avançar muito. A partir deste estudo, estabelecemos uma colaboração com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde fiquei entre 2019 e 2020, desenvolvendo parte da continuação deste estudo. Então estamos cada vez mais fortes.” Ela destaca ainda que esta premiação é importante, porque reconhece o empenho e dedicação dos pesquisadores do Estado e serve como combustível para seguir em frente, motivados.