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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Carta de David Carneiro para Baleeiro

Geral

Baleeiro e o Padre Alfonso Casanovas, estudioso da língua Nheengatu, com 32 anos de atuação missionária no Alto Rio Negro (Amazonas), na Casa dos Missionários Salesianos, em São Gabriel da Cachoeira – AM – em abril de 1999.

Curitiba, 15 de maio de 1985.

Prezado amigo Jorge Baleeiro de Lacerda

Muito obrigado pela sua boa carta de 13 de maio que hoje recebi.

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Realmente conheço a vida do nosso grande Mártir, e gostaria de  apoiar a sua negativa, mas, embora não  haja nos autos da Devassa a frase expressa nos termos em que com razão contestou, toda a ação de Tiradentes indo ao Rio e tentando dobrar os “Americanos cariocas” como ele os chamava”, foi porque estaria convencido de que se todos os brasileiros quisessem, poderiam fazer do Brasil todo, uma grande nação, mostrava esses propósitos  de estabelecer a convergência de esforços, o que não conseguiu.

O dr. Tancredo Neves era um grande conhecedor, também, da vida de Tiradentes. Quando juntos recebemos em 21 de abril de 1957, a Comenda da Inconfidência, ele fez,  em agradecimento, e em nome de  todos quantos recebíamos a honraria, um maravilhoso discurso, infelizmente perdido.Também o Tiradentes disse: “A nação é riquíssima e fertilíssima, mas o caso é que lhe tiram tudo, até que o povo, um dia se revolte”… 

Mas a verdade é sempre a dita  em seu artigo de contestação: é a ação dele que sugere essa verdade. Quiséssemos  e faríamos deste país uma grande nação. A convergência falhou antes. Oxalá não falhe mais, e tudo venha a realizar-se mediante a subjetiva inspiração de Joaquim José da Silva Xavier, bem como do sr. Tancredo Neves. Um abraço do velho amigo.

David Carneiro
David Antonio da Silva Carneiro (Curitiba, 29 de março de 1904 – Curitiba, 3 de agosto de 1990) foi engenheiro, historiador, escritor, poeta e positivista brasileiro. Lecionou História e Economia em universidades dos Estados Unidos e, a partir da década de 1950, foi professor da Universidade Federal do Paraná.

Escreveu mais de 70 livros, a grande maioria sobre a história do Paraná, como o livro O Cerco da Lapa e Seus Heróis, e colecionou objetos, documentos, pinturas. Sua coleção, iniciada em 1928, transformou-se num museu particular, inaugurado em 1940 num prédio que construiu, em estilo barroco, no centro de Curitiba.

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