Até quinta-feira, 17 cães estavam disponíveis para adoção

O Centro de Apoio ao Controle de Zoonoses e Bem-estar Animal de Francisco Beltrão começou em janeiro uma nova campanha para adoção de animais. Na quinta-feira, 17 cães ainda estavam disponíveis no canil do Centro: todos castrados e vermifugados. Segundo o veterinário Everton Leonardi, a campanha é anual, uma vez que é preciso que os animais sejam adotados para que o centro dê continuidade ao trabalho de resgate.
Todos os animais do centro vêm de situação de rua ou de maus-tratos e precisaram ser reabilitados pela equipe. Há ainda, segundo Everton, alguns animais que são tirados dos tutores devido à violência. “Temos um animal aqui que era abusado sexualmente e precisamos tratar”, conta Everton.
Entre essas histórias está a de Cinquentão, um cão de grande porte e pelagem curta que seria trocado por R$ 50 de droga, resgatado após denúncias de que o animal era mantido em espaço sem abrigo de chuva ou sol. No Centro, ele é um dos brincalhões, que reage aproximando-se da grade de um dos canis quando alguém aparece.
Além dele, há casos de animais resgatados em situação de desnutrição, fraturados e que são encontrados em situações degradantes. “Tudo isso nos choca, mas trabalhamos para cuidar do animal e permitir que ele tenha uma nova chance através das adoções”, reforça Everton.

Adote
Todos os animais do Centro seguem para adoção. Interessados em adotar, podem conhecer mais sobre história dos animais disponíveis numa postagem nas redes sociais da Prefeitura de Francisco Beltrão.
Também é preciso telefonar ao Centro de Zoonoses e solicitar uma visita. Nela, o interessado é submetido a um questionário. É preciso que o interessado tenha condições de manter uma posse responsável que inclua alimentação e água limpa, espaço para locomoção e outros cuidados.
Também podem adotar os animais, pessoas interessadas em oferecer lares temporários. Isso ajuda a desafogar o canil do Centro e ainda garantir que o animal esteja em um espaço seguro enquanto aguarda uma adoção responsável.

Em um ano e meio, Centro de Zoonoses atendeu 600 denúncias
Desde sua inauguração, em 7 de junho de 2019 até o início de 2021, foram realizados cerca de dois mil atendimentos clínicos, 700 castrações e 600 atendimentos a denúncias de maus-tratos.
Os animais resgatados, após serem devidamente tratados vacinados, castrados, vermifugados e identificados por meio da aplicação de microchip, são disponibilizados par adoção responsável mediante entrevista do interessado com a equipe.
Segundo Everton, das 600 denúncias, 40% delas não eram sobre maus-tratos, e estavam relacionadas a brigas entre vizinhos devido ao latido do animal ou mau-cheiro. Já as outras 60%, metade era por falta de informação dos tutores e a outra por violência de fato.
“Existe um problema grave em Francisco Beltrão de maus-tratos”, defendeu Everton. “Mas há também problemas de falta de informação”.
Apesar de parecerem noções básicas de cuidado de animais, Everton diz que há um imaginário comum de que animais não são sencientes, ou seja, que não são capazes de sentir, e que por isso podem permanecer em espaços de chuva ou atados a curtas correntes. Em alguns casos, a orientação dada pelos profissionais do Centro é suficiente para mudar este cenário e garantir uma posse responsável.
O Centro de Zoonozes está localizado na Pedreira Mãe Natureza, na Travessa Professora Guislene Pedron, Bairro Vila Petrópolis. Denúncias de maus-tratos podem ser feitas pelo 190, com a Polícia Militar, ou na ouvidoria municipal pelo 3524-0269. Já interessados em adoção devem ligar no 3524-4033 e agendar uma visita.
Também são parceiros do Centro a Ong Arca de Noé, Associação de Proteção aos animais Bem-estar e Polícia Militar Ambiental.
Maltratar animais é crime
Em setembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a lei que endurece a punição para quem maltratar animais.
Com a nova lei, os acusados serão enquadrados no Art. 32 da Lei 9.605/98. Antes da modificação, os autores tinham que cumprir pena de detenção, de três meses a um ano, além de multa.
A partir de agora, o criminoso será investigado e não mais liberado após a assinatura de um termo circunstanciado, como ocorria antes.
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