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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Com exportações para a China, preço da carne bovina pode aumentar no Brasil

 

Perspectiva do preço da carne bovina é de se manter em alta. 

 

A perspectiva de retomada das exportações de carne bovina para a China e Arábia Saudita, em dezembro deste ano, deve provocar duas consequências internas. Mais produtores rurais vão se motivar e investir na atividade. No varejo, a perspectiva é de aumentos nos preços. Nos últimos 12 meses, o preço do quilo vivo do bovino subiu 28,5% e para o consumidor na faixa de 15%. De acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária, Neri Gheler, a reabertura destes mercados, garantidos em missões aos dois países realizadas na última semana, deve gerar receitas de US$ 700 milhões a US$ 1,2 bilhão já no próximo ano. Em 2012, no último ano antes do embargo, as exportações de carne bovina para a China alcançaram US$ 74,87 milhões e US$ 156 milhões com as vendas do produto para a Arábia Saudita. “A reabertura deste enorme mercado é mais uma vitória alcançada a partir da qualidade e da segurança do sistema de defesa sanitária animal e vegetal do Brasil. Somos um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, certificado pela Organização Mundial da Saúde Animal [OIE] com o status de risco insignificante para a Encefalopatia Espongiforme Bovina [EEB]”, declara Geller.

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Impactos internos
O ministro minimiza eventuais impactos do aumento das exportações de carne na inflação no momento em que preço da proteína animal tem pesado no bolso do consumidor brasileiro. “A questão de inflação pode aumentar um pouquinho, mas não vai pesar muito não”, aposta. “Não temos preocupação com relação a isso”, sublinhou. Entre outubro de 2013 e outubro de 2014 houve aumentos significativos na arroba do boi. A arroba – equivale a 15 quilos – saltou de R$ 118 para R$ 142. Cândido Scholl, diretor da Pampa Remates, diz que a oferta de animais para reposição – engorda – ainda é pequena. Um boi demora pelo menos 24 meses para ficar pronto para o abate. Entre 2011 e 2013, muitos pecuaristas se desfizeram de suas matrizes e os preços começaram a aumentar em outubro de 2013 por causa da baixa oferta de bovinos para abastecer os frigoríficos. “Para o setor ainda vai ser bom os anos de 2015 e 2016”, adianta Cândido. Ele prevê que haverá momentos, no próximo ano, que a cotação do boi gordo será ainda maior que a atual em alguns períodos.

Devido à queda na oferta de animais, não está mais ocorrendo os períodos de safra e entressafra porque os preços da arroba se mantêm estáveis e em alta. Em relação ao mercado internacional, Cândido observa que as perspectivas são muito positivas para o Brasil. “Hoje não tem nenhum continente ou país que embargue a carne brasileira, os países da União Europeia compram bem e os Estados Unidos também compram um pouco.” O empresário lembra que o governo argentino proibiu as exportações de carne bovina porque ela foi apontada como o principal produto que provocou a alta da inflação – teria chegado a 24% em 2014. A restrição força os frigoríficos a ofertar seus estoques no mercado interno e a consequência imediata é a redução nos preços ao consumidor. “Talvez nós tenhamos que abastecer, inclusive, este mercado que era atendido pela Argentina”, conjectura Cândido.

No varejo
Denilso Baldo, diretor da Rede Forte de mercados, acredita que a retomada das exportações de carne bovina do Brasil para a China e Arábia Saudita vai puxar os preços no mercado interno. Em relação a 2014, ele conta que mesmo com os preços em alta, o consumo vem se mantendo. “O governo já alertou pra que as pessoas troquem por alguns tipos de carne”, ressalta.

Para o presidente da seção regional da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Edi Dalberto, o aumento nas vendas externas tende a provocar alterações nos preços no mercado interno. “Não deve baixar os preços, eles devem permanecer em alta”, prevê. Neste ano, o preço da carne bovina no varejo subiu em média 12%. Mas Edi ressalta que o consumidor não deixou de comprar o produto. “O hábito de consumo da carne bovina se mantém”, diz. 

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