
Conhecer belas cidades e paisagens, pessoas e culinária de outros países certamente são experiências que poucos recusariam. Agora imagine isso tudo num percurso de 3.500 quilômetros percorridos de motocicleta. Dois beltronenses e um duovizinhense decidiram encarar esta aventura e, durante nove dias, rodaram milhares de quilômetros passando pelo Rio Grande do Sul e visitando cidades do Uruguai, Argentina e Paraguai.
Os amigos e empresários Flávio Pagnoncelli, de Dois Vizinhos, João Henrique Lange e Ladimir Santos, o “Mano Guerra”, de Francisco Beltrão, sempre foram apaixonados por motociclismo e, no início deste ano, planejaram realizar a viagem. “A maior distância que eu já havia percorrido tinha sido 1.100 quilômetros, aqui no Brasil. Fora daqui nunca havia viajado de moto. O João Henrique já tinha ido para a Argentina, para também uma distância mais curta. Foi uma experiência nova para nós três”, conta Flávio.
O grupo traçou o roteiro de viagem, mas não reservou hotéis e nem planejou onde dormiriam ou que locais iriam visitar. “Nós definimos nossa rota e combinamos de ir viajando, passeando e fazendo paradas quando estivéssemos cansados, comer onde desse vontade e visitar os locais bacanas que fôssemos encontrando”, relata Flávio.
Com as motocicletas revisadas e a Carta Verde (seguro internacional para veículos) em dia, os três partiram na manhã do dia 9 de maio, uma sexta-feira. Flávio a bordo de sua Yamaha Midnigth Star 950 cc, acompanhado de João Henrique com sua Honda Shadow 750 cc e o Mano Guerra com um Suzuki Vestron 650 cc. “Todas excelentes motos. Tamanho de moto é muito relativo, vai do gosto de cada um. Encontramos num posto, na Argentina, um casal, ele do Nordeste brasileiro e ela do Panamá. Eles estão viajando pela América do Sul com uma Vespa 125 cc, há uns três meses. Isso sim é desafio, por isso digo que o tamanho e a potência da motocicleta parte do gosto de cada um”, comenta Flávio.
Uma viagem tranquila
Depois de rodar pelo Rio Grande do Sul, na chegada em Chuí, na fronteira, os motociclistas pararam parar retirar o ‘Permiso’, documento que autoriza a entrada no país por 90 dias como turista. Em cada fronteira era preciso retirar o documento na aduana. “Além disso, você só precisa levar o passaporte ou o documento de identidade, com no máximo cinco anos de emissão, a comprovação da vacina da febre amarela e a Carta Verde. Basicamente é isso”, destaca Flávio.
Já no Uruguai, a primeira parada turística foi na Fortaleza Santa Tereza, na cidade de Castillos. O local histórico, com mais de 250 anos, remete às lembranças da época da colonização espanhola e das guerras, com sangrentas batalhas entre espanhóis e portugueses. De lá, seguiram para Punta Del Este. Entre as várias cidades e vilarejo, que passaram, o foco turístico e gastronômico se deu nas cidades de Montevidéu, Sacramento e Buenos Aires. “Nós chegávamos ao hotel e logo pedíamos um mapa turístico e um ‘city tur’, logo pela manhã. Depois, a pé ou de moto, voltávamos onde era mais interessante. Em Punta Del Este, locais como o monumento Los Dedos e a Casa Pueblo, que pertenceu ao artista Carlos Páez Vilaró, são locais que não podem ficar de fora do roteiro”, comenta o aventureiro.
Seguindo viagem
A próxima parada foi em Colônia Del Sacramento. Chegaram lá no meio da tarde e no dia seguinte fizeram visitas. Na sequência, foi a vez de Buenos Aires. “Tínhamos duas opções para entrar em Buenos Aires: uma delas era dando uma volta de uns 400 quilômetros por terra, e a outra era pegar um barco, chamado Buck Bus, que faz roteiro de Sacramento para Buenos Aires e Montevidéu, e percorreria apenas 70 quilômetros em uma hora. Optamos pelo barco, claro, e pagamos algo em torno de US$ 90 para travessia sem as motos, já que em Buenos Aires vale mais a pena utilizar táxi, que é muito barato”, conta Flávio.
Na capital da Argentina, os famosos cafés merecem uma paradinha, inclusive o mais antigo de todos, o Gran Café Tortoni. Locais como Puerto Madera, bairro nobre e um dos mais modernos da cidade, e a Caminito, rua-museu e logradouro tradicional localizado no bairro de La Boca, são locais que também não podem ficar de fora.
Por fim, depois de passarem por Possadas, na Argentina, atravesaram a ponte internacional para uma rápida visita em Encarnacion, no Paraguai, e no dia seguinte retornaram, chegando no final da tarde do domingo, 18.
Quase um evento social
Para o grupo, uma viagem destas não se trata apenas de uma aventura, mas é um verdadeiro evento. Por onde passaram, além da receptividade das pessoas, despertavam muito a curiosidade, nos postos, hotéis e restaurantes, todos queriam conversar, saber de onde vinham e fotografar as motocicletas. “Quando você chega de moto num local, desperta curiosidade, pessoas se aproximam para conversar contigo, pedem da onde tá vindo, pra onde vai, os pais com crianças pequenas pedem pra fazer foto com a moto, frentistas pediam para tirar fotos das motos abastecendo, é quase um evento social.
Além do que, se você está na estrada com um automóvel e um pneu furar ou o carro quebrar, dificilmente alguém vai parar para lhe prestar um socorro. De moto, outros motociclistas param pra perguntar de onde você é, pra onde está indo, é uma relação de companheirismo impressionante, não só de outros motociclistas, mas dos motoristas em geral, inclusive carreteiros. Eu fiquei impressionado com o respeito e com a curiosidade que cerca o motociclismo”, pontua Flávio.