Moradores precisariam fazer um investimento alto em lâmpadas de LED e, mesmo assim, a economia só iria aparecer em longo prazo.

A tarifa de energia elétrica aumentou e o brasileiro já sentiu o peso na conta de luz. Para quem mora em condomínio residencial, não adianta cuidar apenas do próprio apartamento, os desperdícios em áreas comuns também podem trazer surpresas desagradáveis no fim do mês. Mas contornar o aumento tarifário é possível. Com reformas estruturais e mudanças no consumo dos moradores, alguns síndicos da capital paulista já conseguiram economizar e até mesmo reduzir os gastos com energia.
A nova tarifa aumentou em 33% a conta de luz de clientes residenciais. Além disso, a indicação de bandeira vermelha também tornou cada quilowatt R$ 0,05 mais caro. “É uma determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas a tarifa aumentou e se o consumidor mantiver o mesmo padrão de uso, a conta vai sair mais cara”, explica o analista da AES Eletropaulo, Rubens Leme. Ele prevê que a tarifa da distribuidora paulista também aumente até julho deste ano. Por essa razão, muitos síndicos já adotaram medidas para não estourar o orçamento.
Reformas
A substituição das lâmpadas comuns por modelos de LED foi a medida escolhida por Carlos Theodoro, 39 anos, síndico em um prédio na Mooca. Ele trocou gradualmente as 72 lâmpadas das áreas comuns e reduziu os gastos praticamente à metade. A conta que antes era de R$ 3.700 chegou a R$ 1.800. O investimento nos produtos e mão de obra foi de R$ 11 mil. “Terminamos o serviço em março e já conseguimos 70% dos gastos de volta.”
Mesmo com os bons resultados, o síndico Theodoro já planeja novas reformas: “A próxima medida é a arrecadação para fazer a modernização da central do elevador”.
O elevador é outro vilão do consumo de energia. Mas ele pode ter um uso mais econômico, de acordo com Omar Anauate, diretor de condomínios da Associação das Administradoras de Bens Imóveis (Aabic). “Os elevadores mais novos são mais econômicos porque consomem menos energia e têm um sistema eletrônico inteligente, que manda para o andar o elevador que estiver mais perto.”
Outras modificações para economizar energia podem ser feitas nos motores das bombas de água e nos sistemas de aquecimento de piscinas. Antes de optar pela reforma, porém, o ideal é consultar um profissional especializado.
“Quando você tem um furo no cano, você vê a água escorrer pela parede. Mas no caso da energia, o desperdício não é visível”, diz o especialista em eficiência energética, Aparecido Carvalho.
Serviços mais simples, como a troca das lâmpadas, podem custar em torno de R$ 5 mil e trazem uma economia média de 20%. “Quando as modificações são maiores, a economia pode chagar a 50%”, afirma.
Adaptações
Silvia Carreira, do Grupo Light, lembra que os geradores de energia, podem ser usados para ligar os elevadores, por exemplo.
“Todo condomínio tem gerador, mas ele só é usado se faltar energia. Então indicamos usar o gerador para abastecer o elevador”, recomenda. Ela também relembra que a tarifa de energia é mais cara entre 17h e 21h, por essa razão é mais produtivo que os elevadores sejam ligados no gerador no período da noite.
Mais baratas e efetivas que reformas estruturais ou adaptações, são a revisão e manutenção. “Não existe melhor prevenção do que fazer uma revisão periódica nas instalações”, diz o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Hubert Gebara.
O especialista em eficiência energética Aparecido Carvalho relembra que as instalações elétricas têm vida útil. “Cabos velhos podem exigir mais energia do que o necessário. Uma simples manutenção nos cabos e quadros de energia já resulta em economia”, enfatiza.
Francisco Beltrão
O condomínio Residencial Vila Park, no bairro Vila Nova, possui câmeras de segurança e iluminação externa. São 48 apartamentos, divididos em três blocos de prédio. A síndica, Miriam Bonissoni Cella, afirma que em tempos de economia de luz, o condomínio tem tomado todas as medidas para diminuir a conta, mesmo assim, o valor aumentou de março até agora R$ 121,44. “Reduzimos a quantidade de lâmpadas na garagem, instituímos o acendimento automático das lâmpadas dos corredores, na tentativa de economizar, mas no entorno dos prédios continuam as lâmpadas acesas durante a noite, que se desligam conforme o dia vai amanhecendo. Gastamos R$ 363,98 em março e R$ 485,42 em maio”, destaca.
Miriam diz que fica receosa em fazer o investimento em lâmpadas de LED porque “não temos o dinheiro em caixa, pois o valor do condomínio é fixo, por isso, precisaríamos fazer uma ‘chamada capital’, e contaríamos com o risco de sermos roubados e o investimento ter sido em vão. Precisamos contar com a colaboração de todos para economizar energia”, declara.