Mas o ano será de aperto e redução de negócios, acreditam empresários.
O consumidor brasileiro está esperando menos inflação para os próximos 12 meses. O Indicador de Expectativas Inflacionárias dos Consumidores de janeiro, divulgado ontem, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta para inflação de 7,2% daqui até janeiro de 2015, ante 7,4% em dezembro. Foi o segundo mês seguido de recuo no Indicador de Expectativas Inflacionárias dos Consumidores.
Para o economista Pedro Costa Ferreira, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, os dados sugerem que as famílias estão acreditando mais no controle da inflação. “Parece que o consumidor está olhando mais para o futuro”, disse.
É possível afirmar isso, segundo o economista, porque, enquanto a expectativa de inflação recuou por dois meses seguidos, as notícias não foram boas em termos de reajustes de preços. No acumulado de 2014, a inflação foi elevada e janeiro é um mês tradicional para reajustes anuais de preços.
Ferreira reconhece que a pesquisa da FGV não permite isolar quais fatores influenciam mais a expectativa do consumidor, mas pondera que, se o consumidor estivesse baseando suas expectativas no desempenho passado da inflação e no comportamento atual dos preços, a tendência para o indicador de expectativas seria de alta.
“Se ele estivesse só olhando para trás ou para o presente, a expectativa estaria em alta”, disse o economista.
A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Francisco Beltrão (CDL), Rejane Chiapetti Bravo,

igual à registrada em 2014.
espera que a taxa de inflação se mantenha estável em 2015. Em 2014, o setor do comércio foi muito prejudicado pela realização da Copa do Mundo, manifestações populares no Brasil e a campanha eleitoral. Apesar do nível menor dos negócios, o setor de varejo fechou com um crescimento de 3%. Para Rejane, se o crescimento nas vendas atingir o patamar entre 3% e 5% “já está bom”.
Para empresários, um ano de recessão
Os empresários Névio Úrio e Edgar Behne, diretores de indústrias em Marmeleiro e Francisco Beltrão, respectivamente, afirmam que o ano será de recessão econômica. Névio acredita que a retração pode durar de um a dois anos devido à necessidade do ministro Joaquim Levy, da Fazenda, ajustar as contas do governo federal. “Primeiro vai ter que estabilizar a economia”, observa Névio.

redução de negócios,
acreditam empresários.
O empresário diz não ver outra forma de segurar a taxa de inflação se não for com a recessão. Mas ressalta que “alimento não vai faltar, apenas os produtos importados vão aumentar” – a cotação do dólar, no momento é desfavorávevl para quem importa mercadorias para revender no Brasil. Névio adianta que haverá aumento de preços devido à elevação do litro do diesel, que tem efeito dominó sobre vários preços e serviços internos.
Edgar Behne lamenta que a situação tenha que ser amarga para o Brasil, mas não vê outra alternativa. “Na verdade, se não houver uma recessãozinha, ela [a taxa de inflação] vai ficar acima da meta em 2015”. Para ele, “tá tudo se encaminhando pra isso”. Outro reflexo para os brasileiros será o aumento na taxa básica de juros – a Selic. Edgar acredita que já na próxima reunião do

com juros altos no país.
Comitê de Política Econômica (Copom), do Banco Central, a taxa básica deve ser elevada para 12,75% ao ano (nesta semana foi anunciado o percentual de 12,25%)
Para o empresário, estas medidas governamentais vão frear o consumo interno. “É um paliativo”, afirma Edgar, ao falar sobre os juros altos.
Quem vai pagar a conta?
Os dois empresários são unânimes em apontar que a classe trabalhadora, as famílias da classe média e o setor produtivo é que vão pagar “a conta” dos ajustes que o governo federal está tomando neste começo de ano. Entre as medidas, o aumento de alíquotas de impostos, contribuições e serviços e o corte de despesas de investimentos. “Sobra sempre pros mesmos, estas mudanças na carga tributária já vão dar um impacto”, prevê Edgar. Névio se saiu com uma crítica em relação aos integrantes do Executivo, Judiciário e Legislativo. “Os três poderes se salvaram, o deles já tá garantido. Vai sobrar pra quem? Pra classe média”, analisa.