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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Crer num ser superior pode evitar o suicídio

Qual a visão das religiões sobre este assunto?

Hoje, dia 30, encerra o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Especialistas garantem que a crença num ser superior pode evitar o autoextermínio. Há quem diga que “ninguém voltou para contar”. Não é o que consideram os espíritas, como escreve André Trigueiro, no livro “Viver é a melhor opção – A prevenção do suicídio no Brasil e no mundo”, de 2016. Pela doutrina espírita, ao tentar resolver um problema, ganha-se três: a morte não existe, pois o espírito permanece vivo; o problema que queria eliminar não some e o suicida torna-se responsável pelas consequências de seus atos.

Qual a visão das demais religiões sobre este assunto? O JdeB entrevistou o pastor Eduardo Galvão Trindade, da 3ª Igreja do Evangelho Quadrangular, e o padre Vagner José Raitz, coordenador Diocesano da Ação Evangelizadora, para entender mais sobre as relações entre religião e suicídio.

Peadre Vagner José Raitz, coordenador Diocesano da Ação Evangelizadora.

“A ‘vontade de sentido’, nas palavras de Viktor Frankl, é a motivação primária na vida de um ser humano, ou seja, a busca de um sentido em sua vida. Sentido que é descoberto e, portanto, diferente para cada pessoa e em cada momento e situação. A ‘vontade de sentido’, em alguns casos, pode ser frustrada e a isso Frankl chamou de ‘frustração existencial’. No período em que esteve nos campos de concentração (Auschwitz), Frankl observou que aquelas pessoas que dispunham de um sentido em suas vidas apresentavam maiores chances de sobreviver e por isso ele evidenciou que ‘se pode privar a pessoa de tudo, menos da liberdade última de assumir uma atitude alternativa frente às condições dadas’.

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Diante da impossibilidade de encontrar um sentido em seu sofrer, para muitos, o suicídio se apresenta como a possiblidade de pôr um fim no sofrimento, tornando a morte a alternativa capaz de conferir um sentido. O que pensar de uma pessoa que tira a própria vida? Não nos cabe realizar nenhum juízo. Cabe a Deus realizar o juízo particular de cada homem que teve sua vida como ‘tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo’ (Catecismo da Igreja Católica, 1021). O suicídio é um pecado grave? O suicídio é grave e é uma decisão que a pessoa faz num momento determinado. Para uma avaliação de ordem moral precisa-se ter presente outras duas questões: Foi um ato livre? Foi um ato consciente? O suicídio pode não ser um ato tão voluntário quanto parece.

Quem atenta contra a própria vida está condenado? Diante dessa realidade não nos cabe dizer que alguém específico esteja condenado e, como diz o Catecismo da Igreja Católica, nº 2283: ‘Não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida’. Resgatar a dimensão do ‘ser’, a ‘integralidade do ser humano’, a transcendência que o envolve, dimensões obscurecidas e subtraídas em muitos ambientes que têm a missão de formar o ser humano, é um caminho capaz de conferir sentido à existência e prevenir o suicídio nos dias atuais.” Padre Vagner José Raitz, coordenador Diocesano da Ação Evangelizadora.

Pastor Eduardo Galvão Trindade, 3ª Igreja do Evangelho Quadrangular.

“Entendemos que a questão do suicídio é anômala à natureza humana, querer acabar com a sua própria vida. Embora a Bíblia não fale de maneira direta sobre isso, entendemos pela palavra de Deus que quem pode determinar em última instância o fim da vida humana é Deus. Quando acontece o suicídio, significa que algo aconteceu fora da vontade de Deus, embora Deus permita, pois nos criou seres livres. A Igreja do Evangelho Quadrangular tem a preocupação de ser preventiva, de procurar estender a mão e manter a porta aberta, e os pastores estão disponíveis para ouvi-los, sem julgamento. Usar os versículos da palavra de Deus como prevenção dos momentos em que a pessoa se vê sem saída. Temos consciência de que a igreja trabalha em parceria com outras áreas e algumas vezes orientamos o acompanhamento profissional, de psiquiatra e psicólogo, porque sabemos que os problemas emocionais acabam sendo consequências de outros problemas de saúde, como pessoas ansiosas.

Entendemos que há forças espirituais malignas que têm por objetivo destruir a criatura do homem e da mulher para destruir sua vida. O inimigo vem para roubar, matar e destruir e uma das maneiras que às vezes se encontra é a depressão. Às vezes, a pessoa faz o tratamento, se reconcilia com todo mundo, mas faltava a questão espiritual, para tratar de sua alma também. Nosso trabalho é preventivo, como parte de um todo. Estaremos sempre de braços abertos para ajudar para que a pessoa possa redescobrir a própria vida e mais tarde possa vir a ajudar outras pessoas.” Pastor Eduardo Galvão Trindade, 3ª Igreja do Evangelho Quadrangular.

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