Para ele, quarentena rígida leva à recuperação econômica mais veloz.

Henrique Meirelles: “Experiências históricas mostram isso: em pandemias anteriores, cidades, regiões ou países que adotaram a quarentena com mais vigor foram os que se recuperaram mais rapidamente”.
Foto: Antôni Cruz/ABr
O secretário estadual da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, afirmou que a economia tem sido afetada pela própria pandemia do novo coronavírus, e não pela manutenção da quarentena. “Existe um equívoco, que está permeando diversos setores de opinião e de poder do Brasil, de que o isolamento social ou a quarentena é que está causando a crise econômica. Não é. É o contrário. A crise é causada pela pandemia”, disse Meirelles. “O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater a pandemia”, acrescentou.
Para o ex-ministro da Fazenda, em pandemias anteriores, as regiões que adotaram a quarentena com mais rigor foram as que tiveram melhor e mais rápida recuperação econômica. “A quarentena tem, por finalidade, combater mais eficazmente a contaminação e, consequentemente, isso beneficia a economia”, destacou.
“Experiências históricas mostram isso: em pandemias anteriores, cidades, regiões ou países que adotaram a quarentena com mais vigor foram os que se recuperaram mais rapidamente do ponto de vista econômico. Por isso temos de estender a quarentena da forma mais rigorosa possível”, afirmou o secretário. “É uma questão objetiva e econômica. Quanto mais rápido for controlada a evolução dos casos, mais rápido sairemos da crise e mais rápido vamos recuperar os empregos e a renda”, destacou.
De acordo com Meirelles, o setor mais afetado pela crise no Estado, por exemplo, foi o de serviços domésticos que não contava com restrições para funcionar durante a qarentena. “Esse setor não foi objeto de nenhuma restrição. E, no entanto, foi o mais afetado pela crise. Por que? Pela preocupação das pessoas”, disse Meirelles.
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Setores afetados; quarentena estendida até dia 31
Na lista de setores mais afetados estão as academias e salões de beleza, os setores ligados à economia criativa, comércio, construção civil, atividades relacionadas ao turismo, hotelaria, alugueis não imobiliários, alimentação [bares e restaurantes], atividades imobiliárias, transporte terrestre, transporte aéreo, educação e produção audiovisual.
“A atividade econômica começa a retornar depois que se passa o pico e a pandemia começa a dar sinais de que está controlada”, disse o secretário de SP Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a quarentena no Estado paulista será estendida até o dia 31 de maio. Esta é a terceira vez que o governador estende a quarentena, que teve início no dia 24 de março. Durante a quarentena, somente serviços considerados essenciais – como logística, imprensa, segurança, abastecimento e saúde – podem funcionar.
Segundo Doria, a medida precisou ser tomada novamente porque os casos de coronavírus estão crescendo muito, principalmente no interior. Também tem aumentado a ocupação de leitos, principalmente, de unidades de terapia intensiva (UTI) nos hospitais. Além disso, nos últimos 15 dias, a taxa de isolamento no Estado paulista caiu, ficando abaixo dos 50%, valor considerado o mínimo necessário para desacelerar a propagação do coronavírus. “O pior cenário é o que alia mortes e recessão”, disse o governador.