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Francisco Beltrão
quarta-feira, 04 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

De Manfrinopolis até à Áustria

Geral

Francisco Fankhauser, 58 anos, que vive na pequena cidade de Reuthe, no extremo oeste da Áustria. Francisco é filho de Michael e Mariana Fankhauser, ambos imigrantes austríacos que vieram ainda crianças para o Brasil e se fixaram no interior de Francisco Beltrão.

Por Antonio Batista
Francisco Fankhauser, 58 anos, que hoje vive na pequena cidade de Reuthe, no extremo oeste da Áustria. Francisco é filho de Michael e Mariana Fankhauser, ambos imigrantes austríacos que vieram ainda crianças para o Brasil. Michael Fankhauser, já falecido, é personagem muito conhecido e admirado aqui no Sudoeste do Paraná, com sua grande família, morando ali na região do Jacutinga e Rio Macaco, área rural de Francisco Beltrão. Agricultor bastante avançado para seu tempo, organizado, sistemático e um gigante no serviço, aquele que carregava um fogão de ferro nas costas por alguns quilômetros de sendas recém abertas na mata.

Seu Michael, o pai de Francisco escreveu um diário durante décadas, registrando o cotidiano da família, das lidas na lavoura e com a bicharada, o clima e o tempo e muitas coisas interessantes. Este diário foi, depois, publicado no Jornal de Beltrão, sob o título de Diário de um Agricultor. A propósito, o casal Michael e Mariana tiveram uma numerosa prole, além do Francisco, José, Maria, Jacó, Pedro, André, João, Lúcia, Estefano, Ana e Antonio.

Meu amigo Francisco Fankhauser mora com sua família no sítio em Linha Tancredo Benghi, Manfrinopolis, aqui entre Salgado Filho e Francisco Beltrão, com a esposa Roseli e o filho e as duas filhas. Afinal, Francisco mora em Manfrinopolis ou na Áustria? Nos dois lugares! Cultivam a terra, lidam com vacas de leite. No ano 2011, Francisco resolveu aventurar-se no exterior, em busca de um trabalho bem remunerado e para conhecer a terra dos seus ancestrais, foi morar logo ali na Áustria. Mais especificamente, foi para uma cidadezinha cercada por montanhas geladas, Reuthe, onde tinha conhecidos e parentes distantes. Trabalha numa indústria de madeira para construção civil já há dez anos, mora num apartamento da própria empresa, pagando aluguel, com um bom desconto. A família segue morando aqui, no sítio, tocando a propriedade, e ele trabalha lá no coração da Europa, poupa o salário e investe em sua lavoura no Brasil.

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A vida na Áustria
Em animadas conversas por aplicativos, eu em Salgado Filho, Francisco em Reuthe, contou-me um pouco da vida na Europa. Logo, foi dizendo que sente muita falta da esposa, da família, da alegria e do calor humano do povo brasileiro. Porque, segundo ele, esses dez anos na Áustria foi só trabalhar e trabalhar. Não há muita opção de lazer e confraternização, que os austríacos são mais sisudos e frios que nós brasileiros. Sobre o idioma, nos contou que desde criança aprendeu em casa a falar um dialeto ainda usado em determinada região da Áustria e que aos poucos foi aprendendo a língua alemã na prática cotidiana. Por outro lado, há mais imigrantes trabalhando na mesma empresa, turcos, romenos, búlgaros, dentre outros. Daí, as vezes, fica difícil o povo se entender.

Sobre o clima, Francisco disse que o verão é bem agradável naquela região, apesar do gelo que enxergam todos os dias sobre as montanhas ao redor da cidade. Mas o inverno é tenebroso. Muito frio e muita neve em janeiro e fevereiro, que já enfrentou dias com 26 graus negativos. Ainda bem que todas as casas e empresas têm aquecimento e as pessoas não ficam em ambiente aberto nos dias frios. A construção civil, por exemplo, entra em férias no inverno. 

Sobre a alimentação, meu amigo Francisco assegurou que o que mais o povo come no dia a dia, lá na Áustria, é o Lebakäs, um sanduiche de pão com mortadela, a qualquer hora! Também comem muita batata frita. Ele imagina que tem pessoas por lá que jamais comeram comida de panela como a gente come aqui no Brasil. Bebem pouca água, bastante suco de maçã, cerveja e refrigerante! Francisco não se rendeu ao sanduíche austríaco, cozinha o seu próprio alimento com tempero bem brasileiro. 

O trabalho
Francisco Fankhauser trabalha numa indústria de madeiras para a construção civil, considera bom o trabalho que faz e a remuneração recebida. Salienta que a madeira é muito importante para a construção de casas, porque é mais resistente aos tremores de terra comuns por lá. Por outro lado, são comuns os incêndios e que acabam por consumir totalmente as edificações.

A família e o futuro
A esposa Roseli, juntamente com as filhas Natália e Fernanda, e o filho Félix, seguem a vida por aqui, tocando a propriedade, fazendo lavouras e cuidando do gado leiteiro. Ela já esteve na Áustria e chegou a trabalhar lá por alguns meses, mas voltou para ficar com os filhos e administrar a propriedade. Francisco trabalha dez meses na indústria em Reuthe e fica dois meses de férias aqui no Brasil com a família, quando trabalha no que é seu, planta, colhe, constrói, arruma, reforma as instalações no sítio em Manfrinopolis. Todos concordam que não é fácil para uma família viver assim, separados e tão distantes geograficamente, por tanto tempo, mas parece ser algo provisório. Se quisessem, poderiam ir todos, o casal e os três filhos, viver lá na Áustria. Ele já possui dupla cidadania, o que facilita tudo. Mas Francisco disse que prefere voltar definitivamente para o Brasil, ficar mais tempo com a família e fazer o que mais gosta e sabe fazer, que é plantar e cuidar das criações.

A filha famosa
Roseli Fankhauser conta um pouco sobre a experiência que a filha Natalia Fankhauser está vivendo nos concursos de beleza. A jovem, agora com 19 anos, é Miss Planet Brazil 2021, Miss Elegância Paraná e Miss Manfrinópolis! Em breve ela vai representar o Brasil no Miss Internacional, na Europa, ainda 2021.

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Sobre o futuro
Francisco e Roseli nos disseram de sua admiração por tantas coisas boas e positivas lá da Áustria, como a beleza das paisagens, limpeza e organização das cidades, educação do povo, respeito, bons empregos e tantas coisas mais! De nossa parte, desejamos muito sucesso a esta bela família, em todas as suas iniciativas e empreendimentos, no Brasil ou na Áustria! E que a Natalia participe do Miss Internacional e arrase por lá! Nas imagens, a família Fankhauser e um pouco das paisagens de Reuthe, no inverno e no verão.

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