Parque Iguaçu
Durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República garantiu a continuidade pela busca dos corpos das vítimas da chacina ocorrida no Parque Nacional do Iguaçu, durante o regime militar. A audiência, convocada pelo presidente da CDHM, deputado Assis do Couto, aconteceu ontem, em Brasília. A retomada das buscas está programada para o segundo semestre deste ano.
Participaram do debate, Assis do Couto, o professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Dr. Antonio Marcos Myskiw, o pesquisador Aluizio Palmar, Lilian Clotilde Ruggia, familiar de uma das vítimas, Rosa Cardoso, representante da Comissão Nacional da Verdade, Ricardo Vizentin, presidente do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Rafael Schincariol, coordenador-geral da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da SDH, e a jornalista Juliana Dal Piva.
Antônio deu início às exposições, contando um pouco das histórias de luta que marcaram a região de fronteira com a Argentina. Na sequência, Aluízio Palmar falou sobre seu livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, e pontuou um dos objetivos da audiência pública. “Precisamos buscar estes nossos companheiros desaparecidos. Que bom que este debate chegou em Brasília. Antes, Brasília ia até nós, pois realizamos audiências públicas em Foz do Iguaçu, onde esclarecemos muitas questões, mas tivemos poucos avanços”, comentou.
Aluízio foi o primeiro a convocar o governo argentino a participar do processo de buscas, pelo fato de um cidadão daquele País ter sido vítima da chacina, além de outros cinco brasileiros. A irmã do argentino Enrique Ruggia, Lilian Ruggia, estava presente e deu um depoimento emocionante após a fala de Aluízio. “A história que não conhecemos, se repete. Se não tornarmos público o que passamos, nosso sofrimento será em vão e poderá se repetir”, afirmou Lilian. E completou: “Poderão sofrer nossos netos, nossos filhos. E não importa se são nossos ou dos outros. Por isso, eu estou aqui com muita ansiedade que podemos impulsionar a investigação deste caso, a busca pelos corpos”.
Assis do Couto avaliou positivamente o encontro. Ele sugeriu a elaboração de um protocolo de cooperação entre o governo, a Comissão de Direitos Humanos, a Comissão da Verdade, e a Secretaria de Direitos Humanos, como encaminhamento da audiência pública.