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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Elizeu Capoeira: ”A próxima luta vai ser mais surpreendente”

Depois de derrotar o russo Omari Akhmedov, que estava entre os 50 melhores dos pesos-meio-médios, o lutador beltronense espera um confronto ainda mais difícil em julho ou agosto deste ano, quando deve ser o próximo evento do UFC com sua participação.

 

Elizeu Zaleski dos Santos, dia 20, na Redação do JdeB.

 

O lutador beltronense Elizeu Zaleski dos Santos, conhecido nos pesos-meio-médios do UFC como Elizeu Capoeira, passou a semana em Francisco Beltrão, visitou amigos, atendeu a imprensa e, com a mesma humildade de sempre, falou novamente com o JdeB, quarta-feira, dia 20.

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Depois de vencer o russo Omari Akjmedov, sábado, 16, na Flórida (EUA), Elizeu aposta que sua próxima luta, provavelmente em julho ou agosto deste ano, vai ser ainda mais surpreendente. Confira a entrevista:

 

JdeB – Você chega a perder quantos quilos para uma luta?

Elizeu Capoeira – Hoje eu perco pouco, tipo 10, 11 quilos, no máximo.

 

Mas quando você começou era mais?

Era bem mais, era 17, 18 quilos.

 

Na luta você tem que estar com 77?

Com 77 pra pesagem, que é um dia antes. Pra luta, já ganha uns oito quilos.

 

Mas seria em refeição esse aumento?

Na verdade, é uma reidratação. Primeiro a gente faz uma desidratação, que é tirar água do músculo, e depois faz essa reidratação, e daí é mais água. E faz também uma ingestão de carboidratos bem forte.

 

Muda muito do Jungle Fight pro UFC em relação a essas exigências?

Os eventos nacionais, eu digo que não têm a organização que tem o UFC, porque é impossível. O UFC é a maior organização do mundo na questão de cronograma de horário, de treinamento durante a semana, é tudo perfeito, não atrasa um minuto e não passa um minuto, é tudo certinho. Então, nos eventos nacionais, às vezes a gente pesava às sete horas da noite de um dia e ia lutar, por exemplo, onze horas (23h) do outro dia. Mas isso não difere nada, é a programação do evento em si, no UFC também pode acontecer isso: a pesagem lá (Flórida) foi 16h30 e a luta foi às 16h30, no horário de lá. Então a questão de reidratação também não tem, o que acontece é que no nacional eles não fazem uma pré-pesagem, não tem todo esse trâmite, simplesmente tem que bater o peso no dia da pesagem. O UFC tem toda uma regra, que não pode passar de cinco quilos durante a semana, se passar de sete quilos na pré-pesagem, você já está sob aviso, você pode ter alguma advertência. Então tem que cuidar pelo risco de desidratação, se você passar mal, vai receber uma advertência. Questão de doping, diurético, essas coisas, não pode. Tem que ser uma desidratação quase natural, ou seja, treinando, com sauna também, mas eu normalmente perco treinando mesmo. Tem todo um planejamento, você não pode fugir daquilo. Hoje o UFC tem a alçada, que é o sistema de antidopagem deles, então de substâncias que às vezes você acha no próprio suplemento. A proteína, se você usar, cai no doping, tem que ter muito cuidado. Desde um anti-inflamatório que você usa, cai no doping. Então é muita regra, tanto é que você vê tantos atletas que caem por qualquer substância que não tem nada ligado com questão hormonal, são estimulantes de alguma coisa. Eles usam muito um diurético que estimula o teu rim a expelir mais água, ele mascara certas substâncias, então é considerado doping também.

 

Da primeira luta, com Nicolas Dalby, para essa, com o Omari Akhmedov, você acha que são adversários de níveis diferentes ou você evoluiu da primeira pra segunda luta?

Eu acho que nem foi só a questão de evolução, acho que é questão mesmo de adversário pra adversário, não que um seja mais fraco do que o outro, pelo contrário, o Omari é um cara muito mais completo, muito mais forte, muito mais frio e muito mais calculista, porém o Dalby era mais estrategista, não tinha tanta questão de punch, não tinha tanta pegada, mas era um cara estrategista, e foi isso que fez a diferença num primeiro round, que eu acredito que tenho ganho a luta, tanto é que é contestada até hoje, todo mundo fala dessa luta, não só aqui, mas em todo o mundo. Então, o que mudou realmente foi o meu foco, foram os treinamentos, foi buscar um pouco mais a luta, acreditar um pouquinho mais, que é o normal quando você estreia num evento. Foi assim no Jungle, quando eu comecei, é o maior evento da América Latina, então não queria errar e, às vezes, você acaba se controlando e se privando de certas coisas que é acostumado a fazer, mas você se priva pra não correr risco.

 

Você se sentia mais confiante na segunda luta do que na primeira, por exemplo?

Te dá confiança. Uma coisa é você bater pênalti todo dia, no outro campeonato você vai estar confiante, mas não deixa de ser um compromisso, ou que te deixe nervoso, mas você está muito mais confiante.

 

E existe cobrança por resultado?

A minha cobrança não era por resultado, era por desenvolver o ensino, a luta, indiferente se ganhasse ou perdesse. Lógico que eu fui pra buscar a vitória, mas a questão era a cobrança de chegar lá e fazer o que a gente treinou, trabalhar em cima daquilo que a gente treinou. Porque o evento é irrelevante, se ele quiser te mandar embora hoje, ele te manda, não te prende. Se você faz uma luta boa, ganha o bônus da noite, ele pode te mandar embora mesmo assim, como aconteceu com vários atletas. Lógico que eu quero ficar por muito tempo ainda na instituição. A pressão era ganhar e mostrar o nosso trabalho, mostrar que eu tenho não só que me representar, mas representar a minha cidade, a minha equipe, a minha família, que é isso que me deixa mais na pressão de buscar treinar mais.

 

Ano passado, a luta foi em Goiás, este ano na Flórida. Muda muito a questão da organização de um país pra outro?

Na verdade, a organização basicamente é a mesma, o que muda é que o americano, em si, tem estrutura pra trazer um evento dessa magnitude, então eles têm estrutura pra suportar isso e no Brasil são poucos os lugares. Você vê hoje dentro do Brasil o quê que tem? No Rio de Janeiro, a HSBC Arena, ou em Curitiba, a Arena da Baixada. São dois lugares bons, e na Arena ainda é grande demais. Então, lá eles têm essa estrutura, qualquer cidade que você vai lá, os caras têm um centro de eventos que arca qualquer evento tranquilamente. Eu fiquei deslumbrado mesmo pela magnitude do evento, pela organização, não do UFC, mas do ginásio, era um ginásio de hóquei pra cerca de 20 mil pessoas, então você fica muito impressionado pelos telões, pela estrutura que eles têm.

 

Você tem o sonho de lutar em Curitiba?

É mais um sonho da minha família, das pessoas que querem me ver lutar, porque é um lugar perto, do que um sonho só meu, mas, lógico, eu tenho muita vontade.

 

Agora como fica a sua rotina?

Eu tenho essa semana pra dar uma descansada e semana que vem já volto nos treinos novamente, volto pra Curitiba já, visando lutar em julho ou agosto, provavelmente julho, que já vai ter uns eventos também. Não tá nada certo, é só uma previsão mesmo.

 

Como é a estrutura da CM System?

A nossa academia basicamente é estruturada de atletas, não é uma academia normal, que é aberta ao social. Tem, logicamente, os alunos pagantes, que a gente fala, os horários lá e tal, mas ela é uma academia mais focada nos atletas. Hoje a CM System deve estar tendo uma base de 35 a 40 atletas, todos basicamente lutam no mundo todo, em eventos grandes. Temos vários atletas que lutam no Pancrase no Japão, temos atletas que lutam nos Estados Unidos no RFA, não é só o UFC que tem.

 

Com essa vitória, como você deve ficar no ranking?

Se eu não estou enganado, são 160 atletas na minha categoria. É bastante, mas é até interessante essa questão, porque depende muito de com quem você luta e o ranqueamento de quem você luta. Então, se eu quero estar bem ranqueado, vai te jogando mais pra frente. Se você faz uma luta com um cara que não tem ranking nenhum, simplesmente você não se mexe muito. Mas nesse caso, ele (Omari) já era um cara que devia estar entre os 50 melhores.

 

Ou seja, foi uma vitória de expressão…

É, foi uma vitória muito expressiva mesmo.

Você continua com a sua meta de chegar no TOP 15 da categoria?

Espero estar figurando aí logo entre os 15, trabalho sério, trabalho consistente, sempre no objetivo, um degrau de cada vez, a gente vai chegar lá.

 

Com o que você sentiu mais emoção: a notícia de entrar no UFC ou essa vitória?

A gente sempre fala que o difícil não é entrar lá, é se manter. Logicamente que os dois são difíceis, mas por proporção, realmente, você se manter dentro de um evento desses não é fácil, é muito atleta brigando pra conquistar o espaço dentro do UFC, e se você não tem uma boa campanha lá dentro, é mandado embora, eles não estão nem aí. Querem cara que ganhe e ganhe, não adianta você ganhar e não convencer. Então, pra mim, essa vitória foi mais importante do que a minha entrada. Vamos dizer assim, aquela primeira impressão, mas ainda acho que vou me surpreender muito, a próxima luta ainda vai ser mais surpreendente do que essa, acho que vai estar superando todas as expectativas do que eu já tive até agora.

 

Conhecendo seu corpo e seu limite, você consegue lutar quanto tempo em alto nível?

Eu acho que um atleta é muito relativo, depende muito de como foi o histórico dele, de treinamento de cada um. Eu acredito que vá mais uns quatro, cinco anos, ou pode ir até mais. De evolução eu acho que chega até uns 34, que o amadurecimento muscular é agora, entre os 28 até os 30 e poucos anos. E eu estou começando a ter meu rendimento agora e dá pra lutar muito ainda e ter muitas vitórias. A gente evolui muito, o esporte evolui muito. Não é só você chegar lá e trocar soco com o cara. Tem que ter todo um estudo, uma estratégia pra você chegar lá, jogar com o cara e impor o teu melhor. De certa forma, você tem que fazer o seu jogo, manter o teu ritmo de jogo, então tem todo um trabalho técnico, físico pra isso, além de que você tem que trabalhar o que você sabe, aperfeiçoar sempre.

Elizeu acerta a sua canhota no russo Omari, sábado, 16, em Tampa, na Flórida (EUA).

 

 

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