Geral

Há alguns anos havia uma notícia sobre o Bairro Terra Nossa. Sugeri que um repórter fosse lá fazer uma foto. Ninguém se dispôs. Me disseram que era um lugar perigoso. E foi publicado foto aérea.
De fato, havia um portão. Para entrar lá, tinha que se apresentar às lideranças que comandavam a invasão da área de terra que pertencia à Prefeitura.
Já estive lá várias vezes e nunca me senti hostilizado. A última vez, sexta-feira dia 29, conversei com alguns moradores, sobre o projeto de asfaltamento da rua principal, a Otacílio Dias, que está, realmente, precisando trocar seus buracos e seu barro ou pós por asfalto.
Aproveitei para perguntar o que eles pensam sobre o bairro. Logo na entrada, à esquerda, tem o Minimercado JP Ramos. Os proprietários, Raquel e João Ramos, me dizem que, desde que se estabeleceram ali, há dois anos, não tiveram maiores problemas.
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O que falta, na visão deles, é pavimentar as ruas, para tirá-los do barro ou da poeira. Mesmo onde eles estão estabelecidos, com calçamento na rua, há barro e pó trazidos das demais ruas. Também sugerem a colocação de um quebra-molas, porque há motoristas que abusam da velocidade.
Mais adiante, na Mercearia Novo Horizonte, a proprietária, Marliza Souza, que está estabelecida ali há seis meses, me diz que não vê motivos para o bairro ser tratado com preconceito, como ela vê em alguns fornecedores, que limitam o atendimento por alegar insegurança. “Quando é uma medida pra todos, eu entendo, mas eles anotam pro Bairro Terra Nossa.”
Ela conta que já lhe aconteceu de esquecer objetos fora de casa durante a noite e ninguém roubou. “O bairro aqui é muito bom, fora o barro, não tem do que reclamar”, Marlisa conclui.Dona Maria Pastora de Araújo, que trabalha com ela, é conhecida como uma das pioneiras do bairro, tanto que sua casa é a número 13. Ela diz que não gosta quando a criticam porque defende o prefeito Cleber. Mas, justifica, tem que acreditar, tudo o que ele prometeu até agora, fez. “Agora o que nós precisamos é de asfalto e rede de esgoto.”
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Aterrar margens do Marrecas
Semana passada também ouvi moradores do Bairro São Miguel que residem às margens alagáveis do Rio Marrecas. Eles lembram daquela vez que a Prefeitura, através da Ação Social, fez um belo trabalho de construir outras casas para aqueles moradores e, nas áreas alagáveis, plantar árvores.
Seja porque outros moradores invadiram casas que seriam dessa população, seja porque mais gente veio para a cidade, o lugar voltou a ser ocupado e hoje está tomado por casas sujeitas a alagamento.
Por outro lado, está faltando lugar para colocar as pedras que serão retiradas do fundo do Marrecas, no projeto de contenção das cheias.Sempre defendi que áreas alagáveis fossem aterradas. Não fossem as casas que estão nessas áreas, teríamos a solução, juntando área que precisa de aterro com material que precisa de lugar para colocar.
Defendi também, na gestão do prefeito Cantelmo Neto, de aproveitar esses locais alagáveis para urbanizar de forma definitiva e segura. Falava-se em mil casas populares e havia dificuldade de terrenos. Por que não usar os mesmos terrenos, retirar os moradores provisoriamente, aterrar e reconstruir? Seria a solução definitiva.
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O desafio continua. Concordo com a visão do prefeito de dar atenção aos bairros mais necessitados, como forma de criar populações marginalizadas – moradores do Terra Nossa acreditam que seu bairro será um dos melhores da cidade, isso é bom –, e esses locais alagáveis, mesmo que o túnel garanta o fim das cheias, precisam de investimentos para tornarem-se mais humanizados.
Tirando o risco da enchente, aí poderão vir investimentos em pavimentos para as ruas de chão. Para que os moradores não digam, como ouvi deles na semana passada, que o único prefeito que lhe deu atenção foi o Cordasso (gestão 2003 a 2008).