“Não dá pra tratar como modismo, porque a tatuagem é permanente, não sai da pele”, responde Bruna Freitas Pimentel.

A tatuagem não deve ser algo de impulso e, para evitar arrependimentos no futuro, o ideal é estar seguro do desenho e do profissional. É o caso de Guilherme Baggio, 22, de Ampere, que está insatisfeito com as artes que tem nas panturrilhas, porque agora ele percebe algumas falhas. Numa panturrilha tem o olho de Hórus, na outra, a estrela de Davi, que foram feitas juntas, quando ele tinha 16 anos. “Fui pesquisar e me identifiquei com esses símbolos, mas agora quero cobrir”, declara.
Bruna Freitas Pimentel, da Dago Tattoo, explica que não será possível cobrir, porque as tatuagens de Guilherme estão em alto-relevo, como se fosse uma cicatriz. A alternativa é estilizar, incluindo um desenho maior nessas tatuagens, por exemplo.
“Sofro de ‘sincericídio’. Sou sincera, sugiro outras possibilidades quando acho que não fica bom, mesmo que o desenho esteja em alta. O legal de complementar ou cobrir é passar a ideia de que foi feita numa só vez”, diz Bruna.
Ela acrescenta que é possível arrumar uma tatuagem malfeita, mas mal posicionada não tem como.

no estúdio Dago Tattoo. Guilherme cansou de suas tattoos.
A primeira tattoo
Fernando Ghiraldi, de Realeza, fez sua primeira tatuagem nesta semana. “Faz tempo que eu estava procurando um desenho. Como tenho descendência oriental, decidi por um samurai, que é um guerreiro e representa a força. Tem toda uma história por trás”, afirma. Dago Pimentel, tatuador, levou cerca de quatro horas para fazer esta tatuagem, que tem aproximadamente 25 cm de altura. “Se não der pra fazer em quatro horas, prefiro terminar em outra sessão, porque a pele vai engrossando e a dor vai aumentando”, comenta Dago. “A agulha passa no mesmo lugar várias vezes, mas é uma dor suportável, só que aí começa a arder”, completa Fernando. Bárbara Maccarini, esposa de Fernando, também fez a primeira tatuagem, há apenas três meses. “Fiz uma kokeshi, que é uma boneca japonesa. Deixei um ano guardada, até decidir que era a hora”, revela.
A mais difícil
“Cada tatuagem é uma tatuagem. A pele é diferente, a pessoa é diferente, muda tudo. Dificuldade sempre tem, mas quando o cara faz com vontade é bem mais fácil”, garante Dago, que tem 34 anos e começou a tatuar aos 13. Ele é do Rio do Grande do Sul, mas veio do litoral catarinense em 2004, participar da Expobel, representando um estúdio. Neste mesmo ano ele adotou Beltrão como sua cidade, graças à Bruna.
“A gente se conheceu na Expobel, daí ele voltou para fazer umas 40 tattoos que ficaram agendadas e acabou ficando. Em seguida, casamos”, lembra Bruna, 33 anos, que era professora e largou a profissão para assumir o estúdio.
Bruna tem quase o corpo todo tatuado e está satisfeita com suas escolhas, exceto por uma fadinha nas costas, que fez para cobrir uma tatuagem antiga. “Acho que não faz parte do meu estilo. Por eu ter me arrependido de uma é que eu aconselho tanto”, observa. “A tatuagem é um adereço que vai durar para o resto da vida. Estou atrás deste balcão há treze anos e enfatizo que o cliente tem que amar a tatuagem, porque não sai mais”, alerta.

No braço, a imagem de um samurai com cerca de 25 cm de altura.
Teste do desenho com carbono
As tatuagens são separadas por categorias, como frases, mandalas, maoris e desenhos que representam o amor por animais, por exemplo. Segundo Bruna, o que mais sai no estúdio é o traço fino, incluindo mensagens aos filhos. Destaque para as dotwork, que são feitas apenas com pontos. Nas coloridas, estão em alta as aquarelas ou watercolor.
Após decidir o desenho e conversar com o profissional, tendo em mente que não sai mais, é hora de tatuar. Se ainda houver insegurança, dá para fazer o teste de carbono, para conferir questões como tamanho e localização, como fez Ana Claudia Pivotti, de Realeza. O procedimento definitivo está agendado para segunda-feira, 6, e ela estava em dúvida de como ficaria na pele.

Fotos: Leandra Francischett/JdeB