Nesta época é normal a queda na captação da matéria-prima. Mas neste ano a estiagem também foi prejudicial.

Nos meses de abril e maio, a produção de leite cai devido à secagem das vacas prenhes. Os animais cessam a lactação e só voltam a produzir após o parto. Por isso, esse período que dura cerca de 60 dias é conhecido como entressafra para a atividade leiteira: a produção é menor e os preços sobem.
Quem trabalha diretamente com a atividade já está acostumado a, nesta época, ter que contar com menos leite disponível no mercado. É o caso da Latco, que adequa sua produção a menor oferta do produto, mas que neste ano se deparou com um cenário atípico. “Em janeiro e fevereiro a demanda de consumo caiu e sobrou muita mercadoria, o que nos permite passar por este período melhor abastecidos”, comenta o diretor do laticínio, Waldomiro Leite. Ele observa que a redução da captação dos produtores está dentro da média de anos anteriores.
Já o empresário Lino Zeni, do Laticínio Alto Alegre, observou uma queda mais acentuada na produção, consequência da valorização da carne, da soja e milho, o que leva muitos produtores a abandonar o leite em busca de atividades mais rentáveis. A captação caiu cerca de 20% no laticínio. As oscilações do mercado tendem a aumentar o preço nos próximos meses.
“Até o fim do ano, o consumo estava aquecido, mas agora retraiu. Acredito que quando houver um aumento da demanda pelos produtos lácteos, o preço pago ao produtor tende a subir, principalmente porque vai levar tempo para recompor a produção que tínhamos”, comenta.
Mari Lúcia Trombetta, sócia-administradora do Laticínio Queijos NatoBom, de São Jorge D’Oeste, avalia que a seca dos meses de fevereiro, março e abril contribuiu para a queda na captação de leite. “Prejudicou um pouco”, reconhece.
Mari disse, ainda que a falta chuvas “vai prejudicar a pastagem de inverno”. Informou, também, que muitos produtores ainda nem plantaram as pastagens de inverno por falta de chuvas.