A evolução das máquinas pesadas
Na edição passada, Almir contou sua vida desde o nascimento em Paim Filho, depois Itapejara D`Oeste, Curitiba, Vilhena e Francisco Beltrão. Nesta segunda parte ele tem mais histórias, de sua vida profissional e pessoal.Aos 62 anos, metade dos quais dedicados a sua empresa em Francisco Beltrão, o empresário Almir Begnini Menin anunciou que vai vender a ABM Trator Peças e mudar para Florianópolis.
Operador de máquina, hoje, tem que conhecer de computador também?
Almir – O operador tem que conhecer, quem dá assistência muito mais ainda, porque máquina, por causa de um sensor, alguma coisa, fica parada às vezes 40, 50 dias.
Mudou também o perfil dos funcionários, nestes 29 anos.
Almir – Ah, tiveram que melhorar muito. Tiveram que melhorar muito.
Como é a capacitação? É por conta ou tem cursos?
Almir – É tudo por conta. Tem cursos também. Apesar de que hoje você consegue. Se o cara quiser, estiver bem interessado, estiver a fim, ele se forma só na internet, só nos meios de comunicação, não precisa nem sair pra fazer. Também tem cursos que são ministrados, em diversos setores, que o pessoal queria fazer. Quem procura acha, né? O problema maior nosso, hoje, de assistência técnica, está nas máquinas importadas. O tribunal não permite que se excluam estas máquinas das licitações. E o que acontece? Só tem uma ou duas agências no Brasil, às vezes, a agência entra e ganha da concorrência. Quebra a máquina, você tá sem assistência técnica. É uma dificuldade muito grande. Além de ser caríssimo porque tem que esperar vir a importação lá da China. Não é que a máquina seja ruim, absolutamente, é a dificuldade que a gente está tendo em função de que o mercado paralelo não se interessou em produzir, ainda, as peças para estes modelos de máquina, que são novos ou seminovos no mercado. Se a coisa andar bem neste país, se a economia se mantiver em bom ritmo e coisa, essas máquinas vão chegar em um momento que vai ter assistência técnica porque a iniciativa privada vai produzir peças de reposição para elas também. Enquanto a gente depender só da agência, vai ser difícil, porque a gente vai esbarrar na dificuldade de conseguir as peças e também no alto custo destas peças.
O movimento maior da ABM é o conserto de máquinas ou a venda de peças?
Almir – Na verdade o movimento maior da ABM, hoje, se baseia em cima da própria oficina. Seria a venda de peças, mas com aplicação destas peças. O balcão em si. Porque o proprietário da máquina não tem oficina própria. Algumas prefeituras que têm. Mas na iniciativa privada quase ninguém tem oficina própria. Depende dos nossos mecânicos. E pra facilitar e melhorar a qualidade de serviço a gente traz a máquina pra nossa oficina para fazer a assistência técnica. É melhor pra nós, pro grande desempenho que a gente tem aqui na oficina, e pro cliente, porque com os equipamentos, com a infraestrutura dando apoio pra oficina, a gente tem condições de fazer um trabalho de muito melhor qualidade do que lá no campo. Não é que a gente não faça assistência no campo. Faz também. Mas a assistência do campo sempre fica com maiores dificuldades em função da falta do apoio da loja e dos equipamentos, da infraestrutura toda da oficina.
E a abrangência do atendimento da ABM é a região de Beltrão?
Almir – Não, não. A ABM, hoje, nós temos clientes até no Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina. A gente, pelo tempo que está no ramo já há 30 anos. O que acontece: muitos clientes nossos investiram fora da região. A gente começou na microrregião de Beltrão, foi se expandindo, a gente visitou durante muitos anos e eventualmente ainda visita o Oeste de Santa Catarina inteiro, parte do Oeste do Paraná e todo o Sudoeste do Paraná. Mas muitos dos nossos clientes que estavam ou ainda estão nesta região investiram fora desta região, mas levaram com eles o conceito que eles tinham da gente, e isto faz com que eventualmente aconteça de vir uma máquina de Mato Grosso ou do Rio Grande do Sul pra arrumar aqui. A gente hoje está atendendo clientes da região de Guarapuava e coisa e tal, por quê? Porque são clientes que conhecem a gente, sabem que a gente faz um trabalho sério e é o que eles querem! É o que eles querem. Querem seriedade. Eu tenho um cliente, por exemplo, que desde quando eu abri a empresa, que mora lá no Covó em Mangueirinha, e duas, três vezes ele traz a máquina dele pra fazer a revisão aqui. Ele podia ir pra Palmas, pra Guarapuava, pra qualquer outro lugar, lá no Candói, lá no Foz do Jordão. Cliente por toda esta região aí.
E o trabalho da agricultura, uma vez se usava trator para destocar, e hoje até pra nivelar o terreno?
Almir – É. Exatamente. Hoje, pelo custo da terra e principalmente pelo retorno que a terra está dando pelo valor do grão, e principalmente para viabilizar o desempenho dos equipamentos agrícolas, às vezes tem lá um morro ou uma canhada, as máquinas vão lá e nivelam pra que as plantadeiras e as colheitadeiras possam trafegar normalmente sem precisar de muita manobra e principalmente sem interromper os objetos. Então ganha, além da área que é recuperada, ganha desempenho na área que está plantando e colhendo.
Nas prefeituras evoluiu? É melhor a frota de hoje do que 29 anos atrás?
Almir – É muito melhor porque se criou, não sei se foi por lobby das montadoras ou o que, mas se criou uma forma de facilitação muito grande para se comprar uma máquina nova para as prefeituras, hoje. E como os tribunais permitem que sejam leiloados equipamentos usados, e até eu tenho muito a reclamar disto porque nem sempre este equipamento é vendido pelo valor que deveria ser vendido… Mas o tribunal permite, portanto, é legal fazer este leilão.
A venda geralmente é acima ou abaixo do preço?
Almir – A maior parte absoluta dos equipamentos sai por um preço às vezes até irrisório. Porque existem diversas formas de se vender máquinas, mas o leilão cria certos vícios, e estes vícios são difíceis de serem superados. Alguns modelos de equipamentos até que atingem valores bons, por quê? Porque eles são raros no mercado para se comprar, e são equipamentos com prestígio muito grande pelo desempenho que têm e pela sua durabilidade. Agora, eu vejo a seguinte maneira: dever-se-ia estabelecer um valor para estes equipamentos que vão a leilão, um valor mínimo. Não de avaliação para se vender, mas sim baseado no que foi pago com a devida depreciação, que é normal de se dar no equipamento. Porque é fácil comprar equipamento novo, mas nós estamos tratando de dinheiro público. E dinheiro público não dá pra se jogar pela janela só porque estão te oferecendo um carro novo, e esse velho eu boto fogo, não são assim as coisas. O povo paga pelo equipamento mais velho e a maior parte absoluta desses equipamentos mais velhos é porque eles são equipamentos estritamente ou cem por cento mecânicos, isso não significa que eles não produzem. A administração pública muda de quatro em quatro anos normalmente e o pessoal que assume os departamentos de máquinas e coisa e tal, eles fazem uma análise seguinte: é tudo sucata. Por quê? Porque estão com problemas mecânicos, vamos comprar máquina nova. Quantas prioridades deixam de ser cumpridas, muitas vezes, pelo bem da comunidade, para se comprar uma máquina nova. E não precisaria, porque uma máquina que custa hoje 500 mil, com dez por cento desse valor, essa mesma máquina, com a maior parte absoluta, continuam produzindo praticamente igual uma nova. É só se dar o investimento nessa máquina que ela merece, porque se ela trabalhou dez mil horas, é natural, absolutamente natural, que ela precise de manutenção. A gente que sabe se cuidar, duas e três está no médico fazendo uma revisão! Imagine um equipamento que está, às vezes, na mão de um bandido, porque não sabe cuidar do equipamento, não quer cuidar, imagine esse equipamento. Eu tenho na minha vida muitas experiências de clientes particulares que têm máquinas com mais de trinta anos de uso, que eu dou assistência pra elas nesses trinta anos e que elas estão produzindo tanto quanto há trinta anos atrás.
As máquinas das prefeituras poderiam ser mais recuperadas?
Almir – Sem dúvida nenhuma, sem dúvida nenhuma. É claro que uma máquina nova vai dar menos problemas mecânicos do que uma velha. Mas, meu amigo, vamos considerar quanto é que vale uma máquina nova. Se uma similar, usada, custa 50, 60 mil pra revisão, com uma prestação que você pague da máquina nova você faz essa revisão todo ano. Claro, tem alguns modelos de máquinas que eu também não gosto, mas isso devia ser visto na hora de comprar a máquina nova. Se você não conhece, procura quem conhece pra te orientar, e aí que você faz o acerto. Aí você vai ter um parque de máquinas daqui dez, quinze anos, que não vai mais ser esse prefeito que vai estar na prefeitura, vai ser outro, mas ele vai ter um parque de máquinas de padrão bom, que vai continuar produzindo, enquanto que esse dinheiro para compra de máquina nova poderia ser investido em outras prioridades que são muitas e muitas. E não vai perder em produção! Não sou contra a venda de máquina nova, desde desde que não precise leiloar as máquinas velhas, que são muito úteis. Sorte de quem compra! Porque vai comprar uma máquina melhor, às vezes, do que as novas.
E nesses leilões quem é que compra, a prefeitura não?
Almir – Não, não, a prefeitura não participa. Eu mesmo já comprei máquina em leilão. Compro, faço uma revisão e vendo. A maior parte absoluta vai pra fora. Existem umas empresas muito grandes em São Paulo, Londrina e outros lugares que eu conheço, que elas participam. Eles têm emissários em todos os leilões, são funcionários que só fazem isso, só participam de leilões. Inclusive com alguns critérios um tanto duvidosos para se comprar essas máquinas. Mas é leilão, é legal, tem que participar!
Vinte e nove anos a ABM, muitos funcionários passaram por aqui. Funcionários bem sucedidos, como é o caso do nosso prefeito atual. Como é que foi a experiência que teve com o Cantelmo Neto o tempo que ele trabalhou na ABM?
Almir – Do Neto não tenho queixa nenhuma, sempre foi um funcionário exemplar. Não é porque ele é o prefeito hoje, mas é meu amigo, meu irmão, foi um grande companheiro que eu tive aqui dentro da empresa sempre. Além de se pagar o salário dele, ele deu lucro para a empresa e acho que é isso que tem que considerar. Que o funcionário, quando é contratado por uma empresa, ele tem que pensar que ele tem que pagar o salário dele e dar lucro pra empresa, se não ele é um mau funcionário. E o Neto eu não posso reclamar de nada, da honestidade, do desempenho, da amizade. Não tenho nada que reclamar dele, só tenho que elogiar. Tanto é que chegou a prefeito!
Muita gente passou por aqui nesses vinte e nove anos.
Almir – É, muita gente passou por aqui, inclusive tem gente que começou comigo e está aqui até hoje. Porque eu nunca fui de trocar muito de funcionário. O funcionário só saiu daqui porque quis. Teve dois casos de dispensa só aqui nesses trinta anos. O restante dos funcionários começou aqui, quem saiu, saiu porque se aposentou ou para ganhar um voo próprio, para criar empresa própria, porque se formou e foi cuidar de outra atividade, mas nunca por dispensa.
A empresa consolidada, você também com tantos amigos, tantos anos vivendo aqui em Beltrão, e por que essa decisão de sair?
Almir – Bom, eu acho que a minha parte eu já fiz, até porque já completei 62 anos de idade e anos atrás, quero crer que já seja vinte anos que eu vinha projetando para parar, diminuir o ritmo da minha vida em torno de 60 anos, não deu com 60, mas agora forçado por um outro problema, seja problema de saúde, forçou que eu tomasse esta decisão. Somado à ideia da minha filha de querer montar uma outra atividade, mas em outra localidade. Ela quer ir para Florianópolis, se eu não for ela vai sozinha, então eu acho que chegou o momento de tomar a decisão, aliviar um pouco a minha carga e assessorar ela no empreendimento que ela quer colocar lá.
Como fica ABM Tratorpeças?
Almir – ABM Tratorpeças vai continuar de pé, até porque é uma empresa que por mérito um pouco, mas principalmente por muito suor e muito trabalho, é uma empresa que está redondinha em todos os setores, não deve nada para ninguém, não tem nenhuma restrição em esfera nenhuma e quem assumir a empresa, com certeza vai se dar bem porque é só administrar, é só tocar. E hoje ele vai pegar a empresa em um dos melhores momentos, inclusive de mercado de trabalho do nosso ramo hoje, um pouco pela grande demanda de serviço de máquinas, e principalmente também porque é difícil formar profissionais no nosso ramo. Que a gente trabalha com a linha geral de máquinas, não é uma marca só. São todos os modelos e todas as marcas que a gente dá assistência. Então é uma dificuldade muito grande, hoje se você formar um mecânico mais ou menos demora-se 10 anos. Não é fácil abrir uma empresa nesse ramo e administrar. Administrar você pode administrar, mas desempenho e qualidade não se compram em pacotinho por aí na farmácia, né? Tem que adquirir.
O cara não chegou… até hoje, e o meu dinheiro se foi
Como é essa história de calote? Tem prefeitura devendo até hoje?
Almir – Sim, tem prefeituras que devem até hoje, inclusive com ordem judicial para pagar e não cumprem as ordens e não pagam! Assim como tem gente que vem aqui na frente da gente, prepara o golpe e a gente cai. São pessoas que, eu acho, são especialistas na arte de dar o golpe. Porque aconteceram alguns fatos na nossa história que parece assim mesmo. Até vou contar um fato destes. Isto faz uns 15 anos aproximadamente. Ligou uma pessoa se dizendo um cliente nosso que tinha fazenda no Mato Grosso, usou o nome de uma outra pessoa e pá, pá, pá… E a gente acreditou. Ele estava mandando duas máquinas em cima de uma carreta para se fazer revisão destas máquinas, que ele tinha fazenda em Santa Catarina também, na passagem ele iria fazer estas revisões, e que daí iria para a fazenda. Que ele estava indo pra São Paulo tratar de negócios e que o caminhoneiro iria trazer as máquinas aqui, que era para reservar hotel, que ele viria, chegaria de noite aqui. Tá, o Almir foi lá e reservou hotel. Não apareceu, no dia seguinte cedo, não tava o cara no hotel. Ué? Vai daí que toca o telefone, vou atender ao telefone e era o… “Aqui eu sou o motorista do fulano-de-tal e pá… Quebrei o caminhão aqui, no passar a balsa em Guaíra quebrou o caminhão. Estourou o diferencial. E o chefe tá lá na fazenda, e lá não pega o celular, lá não tem telefone, lá não sei o que, e não sei o que. E eu não sei o que fazer”. “Tá bom! Como é que o senhor quer fazer?” “O senhor não podia me arranjar dinheiro para eu comprar este diferencial? Daí eu levo as máquinas aí, e depois o patrão aparece e nós acertamos!”. Tudo certinho! O cara tinha o meu telefone, tinha o endereço da empresa, tinha… Mandei o cara vir aqui! “Então venha aqui que eu vou te dar o dinheiro para você arrumar o caminhão!” O cara no dia seguinte tava aqui. E eu fui ao banco, retirei o dinheiro, segundo ele me passou valia tanto o diferencial do caminhão, mais não sei o que, mais não sei o que… Entreguei o dinheiro na mão dele e ele foi embora. No dia seguinte, ele me ligou de volta dizendo que o caminhão tava ficando pronto, que deu tudo certo, que era para eu reservar hotel que de noite ele iria chegar, não sei que horas da noite, mas ele chegaria. Tá bom! Reservei o hotel de novo e o cara não chegou, e não chegou e não chegou até hoje e o meu dinheiro se foi (risos).
Um golpe bem aplicado.
Almir – Tenho que tirar o chapéu para esses caras. Realmente… E assim tem outros. Muito cheque rasgado e jogado fora, muitas duplicatas rasgadas e jogadas fora, mas faz parte do comércio. Quem trabalha com crédito, com comércio, sabe que é muito difícil este tipo de coisa. E outras pessoas não pagaram porque realmente foram mal. Mas também tivemos boas fases. Mas esta aí foi de matar a pau! Eu até hoje, pra te falar bem a verdade, até hoje eu não fiquei com raiva do cara. O cara chegou aqui no meu escritório, ficou sentado e eu, quando ele chegou, nem estava aqui. Me ligaram e eu estava no banco e eu vim aqui. O cara me recebeu, o cara culto, bem educado, bem vestido, e coisa e tal… E daí eu pedi pro cara: “Espera aí que eu vou buscar o dinheiro!”
Nos valores de hoje, quanto daria?
Almir – Ah! Acredito que dá uns quatro ou cinco mil (reais). Porque era um caminhão grande, diferencial, mais um monte de coisa que precisava. E eu inclusive entreguei o dinheiro pra ele, botei no meu carro. Vou saber que um… Hoje que eu fico pensando, com quem que eu tava lidando. Coloquei ele no meu carro, levei lá na rodoviária pra ele pegar o ônibus. Pois ele voltou, sei lá pra onde que ele foi, mas no dia seguinte – veja a cara de pau -, no dia seguinte ele me ligou me agradecendo: “Ó, seu Almir, amanhã eu estou aí, eu quero lhe dizer que o caminhão está ficando pronto, eu devo sair daqui por volta de tal hora” – Que eu não lembro agora a hora que ele falou que ia sair – “O senhor reserve o hotel aí do lado da sua empresa que amanhã cedo eu estou aí!” (risos) Até hoje…
E no futebol, qual foi o teu melhor jogo?
Almir – Ah! Houve muitos jogos bons. Houve muitos. Nós tivemos bons jogos pela Taça Paraná em Guarapuava contra o Entre Rios. Fizemos bons jogos contra o Trieste de Santa Felicidade. Mas os jogos que mais marcaram sempre foram os clássicos contra o Palmeiras e o Internacional (ambos de Pato Branco). Eu adorava jogar contra eles. E a gente perdia muito poucos pra eles, que a gana era muito grande. Jogar contra o Internacional de Pato Branco e o Palmeiras, que depois se uniram e formaram o Pato Branco Era muito gostoso.
E o Almir era um lateral que apoiava também?
Almir – Uh! Muito! Muito bom de preparo físico.
Marcava gols também?
Almir – Às vezes marcava. Muito pouco. O meu forte mesmo era o preparo físico e ia e voltava quantas vezes precisasse. A gente na nossa época era baile, futebol e o resto era trabalhar (risos).
Futebol é uma das coisas boas da sua vida.
Almir – Ah, sim! Mas hoje só saudade, só saudade…
Mais de trinta anos que você vive em Beltrão, quais foram os acontecimentos que mais lhe trazem boas lembranças, tanto na vida pessoal como na vida profissional e comunitária.
Almir – Eu acredito que o que mais me deixa feliz é que eu cheguei aqui sem nada, eu criei a minha família aqui, eu acho que tenho um bom conceito na sociedade, como eu tenho um bom conceito da nossa sociedade, eu tenho muitos amigos que eu sei, e eu sou muito amigo de muita gente. Que isto me dá muita alegria, muita satisfação. O fato de eu sentir que eu sou o teu amigo, que chega outro que eu sei que sou amigo dele, porque eu é que sei se sou amigo ou não. Isto conta muito. Aonde eu chego, eu sei que sou bem visto e bem recebido porque eu gosto da maior parte das pessoas que estão lá, ou quase todas, se não todas. E eu acho que estas pessoas também gostam de mim.
E sua família, como é que começou? Como conheceu a esposa?
Almir – Eu conheci a esposa, eu morava em Curitiba. Eu vim ser padrinho de casamento de um colega meu que estudava comigo em Curitiba. Ele casou em Pérola D`Oeste, me convidou para padrinho de casamento, e a minha esposa, a Sandra, era convidada do casamento e foi lá que conheci ela. Daí, coincidentemente, eu vim morar para Francisco Beltrão, e insisti na parada! (risos) E não há de ver que deu certo? São 30 anos juntos! Ela me aguentando e aguentando… (risos) Que eu não sou fácil mesmo! (risos) Mas graças a Deus formei uma linda família, muito bom de viver junto, muito agradável, eu acho que este lado é uma das minhas grandes realizações, sem dúvida nenhuma. Eu não tenho nada a reclamar. Defeitos todo mundo tem, principalmente eu! Mas, enfim, tenho uma bela família, assim, bom de viver junto. Tanto é que, para mim, o melhor lugar do mundo é na minha casa com a minha família.
JdeB – E o Almir é dos gremistas que sentem mais alegria quando o Grêmio ganha ou quando o Inter perde?
Almir – Eu na verdade tem jogos até que eu torço pro Inter, sabe? Quando joga contra o Flamengo, que é o protegido da Globo, né? Quando joga contra o Corinthians, que é o protegido da arbitragem. Azar dos flamenguistas e dos corinthianos, mas não deixa de ser verdade. Entendeu? Nos outros jogos, internacionais principalmente, eu sou bastante bairrista. Eu sou gaúcho de “faca na bota”, como diz o outro. E depois outra: se o Inter for mal nós vamos tirar sarro de quem? Nós vamos bater em quem? (risos) Temos que ter um adversário à altura. Senão não tem graça (risos).