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Francisco Beltrão
terça-feira, 01 de julho de 2025

Edição 8.236

01/07/2025

Entrevista Bispo Dom Agostinho: A importância de bem administrar os bens da Igreja

Entrevista Bispo Dom Agostinho: A importância de bem administrar os bens da Igreja

Dia 29 deste mês, Dom Agostinho José Sartori, bispo emérito de Palmas e Francisco Beltrão, comemora seu 81º aniversário. E dia 14 de junho completam-se 41 anos que ele assumiu a Diocese.
Nesses 41 anos ele percorreu incontáveis vezes a região, mas atualmente sua rotina é mais caseira. Anda em cadeira de rodas, dois enfermeiros estão sempre cuidando dele, faz fisioterapia diariamente, mas continua recebendo visitas. Gente de Palmas e da região que não o esquece lhe faz visitas, pede bênção. É verdade que nem sempre ele consegue receber, quando a diabetes aperta e a medicação precisa ser aumentada ele fica sonolento. Mas quando está bem, chega a concelebrar missas na Catedral ou, pelo menos, na capela da Mitra.
Quem quer conhecer melhor o bispo pode adquirir o livro Voz Escrita de Dom Agostinho (Livraria Kyrius), um presente que lhe deram pelo 80º aniversário: contém cartas, artigos que ele escreveu, reportagens e fotos.
Dom Agostinho foi o primeiro entrevistado da revista Gente do Sul (Junho de 94) (aquelas entrevistas têm sequência hoje com esta página de Paraná Sudoeste). Aquela entrevista, em 8 de abril de 1994, durou duas horas. Com o título ?Os novos desafios da Igreja Católica?, dom Agostinho destacava a necessidade de ?melhor comunicação com seu povo, manutenção dos dogmas como proibir o sexo antes do casamento, o uso de contraceptivos e manter o sacerdócio como um privilégio dos homens?.
 Entre as visitas que Dom Agostinho recebeu há duas semanas, uma foi a reportagem do Jornal de Beltrão. Era pra ser meia hora, ele acabou concedendo 45 minutos. Quando tocou o interfone e a secretária Jakeline lhe disse que o tempo havia expirado e estava na hora de sua fisioterapia, ele disse: ?Estou concluindo uma entrevista com estes simpáticos jornalistas, a gente espera que o trabalho que eles fazem seja útil à Igreja e ao povo de Deus?.
Da conversa com o bispo, os jornalistas anotaram frases como estas: A pedofilia está difamando até o Papa, isso aí é uma trama internacional. A relação entre um homem e uma mulher, não é relação pedofílica. A pedofilia, é falta de formação humana e espiritual.
Também teve uma parte da entrevista gravada. É o que segue.

JdeB ? O que o senhor considera mais relevante nesse longo período em que o senhor esteve como bispo Diocesano de Palmas e Francisco Beltrão?
Dom Agostinho ? O bispo tem várias funções, entre as quais tem também a função de administrar os bens da Igreja. A atividade do bispo é diversificada. Há muita coisa que o bispo pode e deve fazer. E há muita coisa que o bispo deveria fazer e não consegue, por várias razões. Mas eu penso que o que mais trouxe alegria ao coração do bispo foi a Casa de Formação de Francisco Beltrão, pela ousadia da construção. Também o Seminário de Filosofia. Bom, tem várias coisas. Inclusive o Seminário de Filosofia veio resolver um problema muito sério, o espaço físico para os filósofos. Não tínhamos um espaço físico para os filósofos, eles sempre iam daqui pra lá e de lá prá cá, para poder concluir o seu curso. E eu que fiquei trinta e tantos anos como bispo, cansei desse vai-e-vem. Então resolvemos construir o seminário. Muita gente não acreditou que nós éramos capazes de construir o seminário para dar guarida aos estudantes filósofos. Estão bem instalados. O estudo de filosofia está crescendo, está aumentando. Então eu acho que foi também uma obra importante. A Casa de Formação e o estudantado de filosofia. O que mais? Bom, o Seminário Propedêutico, embora ainda não tenha uma instalação ideal. É um prédio ambíguo. É e não é destinado aos seminaristas. É e não é porque de fato o seminário Propedêutico está funcionando em uma casa que não é propriamente… É uma casa de formação, mas não é uma casa de formação de estudo superior. Ela é uma casa de formação destinada aos meninos que saem do seminário menor e vão para o ensino teológico filosófico médio, não é que eles não tenham feito o estudo fundamental, mas a casa ainda não é a definitiva. Precisará fazer uma casa de formação para o Propedêutico, para que assim o estudantado, os estudantes da diocese, tenham como estudar, como sobreviver e fazer o que lhes toca fazer como estudantes.

JdeB – Padre Theodoro Rusch conta que, quando o senhor assumiu a Diocese (14 de junho de 1970), a situação financeira não era boa.
Dom Agostinho – De fato, quando eu cheguei, a Diocese a situação financeira estava em frangalhos. Não que Dom Carlos administrasse mal, mas ele estava… doente?… E não que ele fosse velho, estava com 69 anos, era relativamente jovem, mas diversas circunstâncias fizeram com que a situação da Diocese ficasse precária. Devia para Roma, devia para a nunciatura apostólica, várias dívidas. Era uma soma não gigantesca, mas razoável. A Diocese tinha permitido de sua economia se degringolar. Então foi um trabalho muito sério, muita dor de cabeça, muito sofrimento, mas superamos e, inclusive, deixamos um patrimônio razoável para a Diocese.

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JdeB – Como um padre deve administrar as finanças de sua paróquia?
Dom Agostinho – O padre deve administrar e administrar bem o dinheiro da paróquia, venha ele de onde vier, desde que de forma honesta. Mas ele não pode se apegar ao dinheiro. Ele não pode fazer do dinheiro um ideal, porque isso acaba com todo brilho que um padre poderia ter, ao zelo que o padre deveria ter ao trabalho pastoral. Porque o padre que se apega ao dinheiro não é percebido pelo povo. Então ele tem que administrar bem, não pode jogar dinheiro fora, é um serviço de servo da igreja. Eu acho que há um segredo para o padre exercitar o seu ministério, deve ser este: o segredo de administrar bem os bens materiais e provar para o povo que o padre não é dinheirista. Muita gente diz que o padre é dinheirista, porque eu fiz a experiência de padre, fiz a experiência de bispo e sei de bispos e padres que são acusados injustamente de serem dinheiristas. Eu sinto, diante de Deus, que eu não sou dinheirista. Eu não joguei fora o dinheiro. Eu não me apodero do dinheiro para quaisquer outros interesses que não fosse o desejo do povo.

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