Com a instalação de reservatórios elas contribuem gastando menos a água tratada da Sanepar.

A população mundial já ultrapassou os 7 bilhões e cresce cada vez mais. Nessa realidade, um uso sustentável dos recursos naturais já não é mais apenas uma opção. Tornou-se obrigação. E, desses recursos, nenhum é tão essencial e fundamental para a vida na Terra quanto a água.
Em 2014 e 2015, o Estado de São Paulo registrou uma das maiores secas da história, e todo mundo está à mercê de passar por situações críticas como essa. Até o nosso Sudoeste do Paraná.
Para reverter o quadro, o esforço precisa ser coletivo, e escolas da região já estão fazendo a sua parte de um jeito simples e economicamente vantajoso, instalando cisternas – reservatórios que captam a água das chuvas.
Só a Escola Benjamin Constant, da Linha Pinheiro, em Capanema, desenvolveu durante 2014 três projetos voltados à economia no consumo, com o objetivo de conscientizar os alunos da necessidade de preservar a água potável.
Dentro dos projetos, a escola construiu uma cisterna com capacidade para 26 mil litros, que conserva a água da chuva e a aproveita para molhar verduras e lavar calçadas e o ginásio de esportes, além de utilizá-la nas descargas dos banheiros. Só essa iniciativa garantiu uma economia de cerca de 30 mil litros por mês, uma vez que o consumo caiu de 90 mil para 60 mil após a implantação do sistema.
Em Ampere, a Escola Estadual do Campo Padre Antonio Vieira também aplicou um projeto semelhante. “Temos uma cisterna grande, de 30 mil litros, para lavar as calçadas e a quadra coberta e regar a horta. Além disso, cedemos um pouco da água para o vizinho, em troca de serviços prestados na escola”, conta a diretora Marinez Silva Dambrós.
A Escola Estadual Telmo Octávio Müller, em Marmeleiro, segue o mesmo caminho. Com uma cisterna mais modesta – de 3 mil litros -, a escola consegue conservar água da chuva para regar a horta. Na opinião do diretor Ivanir Buratto, isso gera dois benefícios: “Economizamos água e podemos regar nossa horta com uma água que não tem cloro, então é melhor para os vegetais”.
E as três são apenas exemplos entre várias escolas estaduais e municipais que tomaram a iniciativa. Marcelo Fasolo, engenheiro do Núcleo Regional da Educação (NRE) de Francisco Beltrão, destaca que cerca de 35 das 94 escolas estaduais atendidas pelo núcleo possuem sistema de cisternas.
Sanepar apoia a iniciativa
A única parte da sociedade que pode acabar com algum tipo de prejuízo com a implantação do sistema de cisternas são as empresas fornecedoras de água. Afinal, se as escolas utilizam a água das chuvas – que é gratuita -, elas evitam gastar com água da rua. E geram menos faturamento para a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).
Mas o gerente regional da Sanepar, Celço Arisi, garante que isso não é problema algum. “A gente até incentiva a instalação de cisternas. A Sanepar vai faturar menos, mas apoiamos sempre a questão ambiental.”
Arisi comenta que, as cisternas possuem duas grandes vantagens: “Em primeiro lugar, o uso racional da água e, em segundo, a contribuição para evitar enxurradas. Por isso, é positivo. Com certeza é uma iniciativa louvável”, afirma.

UTFPR prova que a proposta é viável em residências
Na sexta-feira, Jéssica Filipe Briskievicz, acadêmica de Engenharia Ambiental do campus de Francisco Beltrão da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso. Para o TCC, Jéssica entrou na empreitada de implantar uma cisterna em sua residência, em Pato Branco.
De acordo com o professor orientador do trabalho, Davi Zacarias de Souza, a acadêmica provou que o sistema é viável. Mais do que isso, a implantação de uma cisterna de 5 mil litros na residência resultou em uma economia de 58% na conta de água da família.
“Segundo os cálculos do trabalho, em dois anos e meio a economia gerada vai pagar o investimento de instalação da cisterna. Então, é um sistema que dá um ganho econômico e um ganho ambiental, que essa água aproveitada pela cisterna não vai para a rua e não contribui para causar enchente”, comenta o professor.
Com esses dados, o orientador garante que o sistema pode ser muito bem aproveitado em escolas e outras empresas e entidades. E destaca: “Se deu certo em nível residencial, imagina como pode ser em proporções maiores”.
Colégio Glória reaproveita água de ar-condicionado
Outra iniciativa que promove uso racional de água começou a acontecer no final de junho, no Colégio Nossa Senhora da Glória, em Francisco Beltrão.
André Petkowicz, Ana Lígia Perin Fregonese, Luiz Maurício Prolo, Monalisa Tazinasso, Eduardo Carli e Maria Luiza Masiero, alunos do ensino fundamental do Glória, criaram o projeto Roda d’Água, uma iniciativa de sustentabilidade que coleta a água que seria desperdiçada por aparelhos de ar condicionado e aproveita em irrigação de horta e limpeza geral no colégio.
O Roda d’Água ainda está apenas iniciando e o projeto piloto foi lançado quinta-feira, 25, na ExpoGlória 2015, uma exposição do colégio que reuniu diversas propostas de sustentabilidade.
Nesse projeto piloto, o sistema de captação recebe água de quatro aparelhos de ar condicionado, mas a pretensão do grupo é expandi- lo até abranger todos os 44 aparelhos do colégio.
Segundo os alunos, cada ar desperdiçaria, em média, um litro de água por hora. Com esses quatro aparelhos funcionando três horas diárias, o montante de água conservado pelo sistema do Roda d’Água deve chegar a 240 litros por mês.
O projeto foi acompanhado pelas professoras Jordana Bonatto Berkenbrock, Claudia Cuzzi, Amelia Godarth e Esther Clara, e pela coordenadora do ensino fundamental, Bernadete Bussolaro, com parceria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A parte física do sistema foi projetada pelo estudante de engenharia Emanuel Olivo e executado pelos colaboradores Gilmar e Alzemiro.

Colégio Nossa Senhora da Glória, em Francisco Beltrão.