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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Escutar e compreender caminhos

Primeira clínica psicanalítica de Francisco Beltrão, idealizada por Maria de Fátima Péres Oliveira, completa 10 anos, hoje conduzida pelos filhos Érico e Bruno.

Os irmãos Bruno e Érico Péres Oliveira escolheram a mesma profissão da mãe, Maria de Fátima.

Foto: Patrícia Soransso

Foi em julho de 2009 que a ideia de Maria de Fátima Péres Oliveira, que desde 1995 atuava como psicóloga clínica em Francisco Beltrão, saiu do papel. Para abrir a primeira clínica psicanalítica da cidade, ela contou com a parceria do filho Érico Péres Oliveira, que retornava a Beltrão naquele ano como psicólogo e psicanalista. Em 2013, foi a vez de Bruno, também psicólogo e psicanalista, voltar para cá e integrar a clínica.

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A época ainda era de resistência aos atendimentos em saúde mental. “Ficamos um pouco preocupados, visto que a própria psicologia ainda sofria muita resistência e preconceito. Porém, o movimento de trazer a psicanálise para a cidade proporcionou uma aceitação que, honestamente, não esperávamos”, revela Érico.

“A minha vinda para Francisco Beltrão aconteceu alguns anos depois que os trabalhos já haviam começado. A aceitação e a busca foram muito boas. Aos poucos, o lugar da clínica foi se tornando sólido. Porém, ainda se percebe uma certa resistência em relação à psicanálise devido à diferença entre outras abordagens terapêuticas. A questão é que a psicanálise não promete resultados imediatos e também não se fixa somente no sintoma. Uma análise requer tempo, porém, permite uma compreensão profunda acerca daquilo que causa sofrimento”, acrescenta Bruno.

De acordo com Érico, a psicanálise se propõe a escutar o paciente para facilitar a compreensão dos caminhos que se pretende seguir, sem respostas prontas: “A psicanálise faz o resgate de uma abandonada individualidade e facilita para que o paciente entenda o seu protagonismo naquilo que escreve. Você não ouvirá de um psicanalista qual decisão deve tomar ou para qual direção deve ir. Você será escutado e, nesse processo, conseguirá entender para onde quer ir. Acontecerá uma construção, fazendo uso apenas das palavras, daquilo que são os passos que você espera concretizar. Em tempos em que há respostas mágicas para tudo, a psicanálise ainda se dispõe a fazer o indivíduo falar de si e, assim, compreender na sua singularidade o porquê de seu sofrimento”.

Uma homenagem
Há cinco anos, a Clínica Psicanalítica passou a se chamar Clínica Psicanalítica Maria de Fátima. “Quando perdemos nossa mãe, em 2014, vítima de câncer, mudamos o nome. Foi a forma que encontramos para homenagear nossa mãe e todo o trabalho que ela desenvolveu em Francisco Beltrão, seja atuando na clínica ou nas outras instituições na qual ela fez parte do quadro de profissionais. Ela sempre foi exemplo como mãe e como profissional, principalmente por sua ética. Mudar o nome foi uma forma de manter vivo o seu legado”, destaca Bruno.

Maria de Fátima foi fundadora do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) de Francisco Beltrão e hoje um Centro Municipal de Apoio Educacional Multidisciplinar (Cemaem) também leva seu nome, como homenagem ao seu trabalho realizado na Prefeitura de Francisco Beltrão.

Érico é membro da Escola de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (EEP) e da Escuta Psicanalítica de Francisco Beltrão (EPFB). Bruno também é membro da EPFB. Ambos realizam atendimento clínico para todas as idades. “Estar concluindo dez anos de trabalho é um ótimo reflexo de como a antiga iniciativa de nossa mãe estava precisa e de como nossa sociedade ainda necessita da psicanálise para abrir clareiras no vale daquilo que ainda não sabemos sobre nós mesmos”, completa Érico.

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