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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Esse “trem” deixou saudade em Minas

“Jorge buscava alimentar a grandeza da amizade, demonstrando alegria e carinho por mim, me incluindo nos seus causos.”

Prof. Dr. Gabriel Cassemiro Mariano e Mário Lúcio Pinto falando de Jorge Baleeiro de Lacerda, num reencontro de amigos em Minas Gerais.

Prof. Dr. Gabriel Cassemiro Mariano* 
Nascido em Belém do Pará, Jorge Baleeiro de Lacerda se mudou para Minas Gerais e viveu parte da infância na cidade de Lagoa Santa. Por lá deixou saudades, lembranças e amizades sinceras como a do senhor Mário Lúcio Pinto.

Foi numa manhã ensolarada na casa de minha madrinha Marlene Rodrigues Mariano onde nos encontramos. Estávamos em um legítimo café mineiro quando o senhor Mário, amigo fiel de Jorge Baleeiro, vizinho de portão da madrinha, entrou pelo alpendre aconchegante da casa. Sabendo de minha morada em Francisco Beltrão, Mário pegou-me a contar causos de sua infância, sempre na companhia de seu grande amigo Jorge.Foi na Paróquia de Nossa Senhora de Saúde onde Padre Januário Baleeiro de Jesus e Silva, tio de Jorge, orientava Mário a participar da congregação para se formar como padre. Ao iniciar sua participação na congregação, Mário conheceu o que seria seu melhor amigo de infância, Jorge Baleeiro de Lacerda.

Descrito pelo amigo como arteiro, curioso e de notável inteligência, se tornaram grandes amigos e de forma carinhosa foi colocado como personagem em diversos causos de Jorge. O primeiro causo comentado foi “Macaúbas, primeiro colégio de meninas do Brasil”. Mário conta que naquela época todos eram curiosos para saber o que se passava por trás dos muros do colégio das meninas, então com uma nova máquina fotográfica Mário e Jorge resolveram investigar tal situação.

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Chegando lá, Mário foi eleito para subir na árvore, por lá eles ficaram horas esperando aparecer algum movimento para registro fotográfico. Em tom de farra, ele relembrou que lá debaixo Jorge gritava: – E aí, tirou a foto, viu alguma coisa, aqui embaixo já vem o guarda. Com isso, Mário ficava cada vez mais aflito, pois não sabia mexer na máquina fotográfica, tinha que vigiar movimentação de dentro do colégio e sabia que estaria em apuros se um guarda por ali passasse. Outra lembrança é o conto “A casa da Beira da Lagoa Santa”, onde veemente Jorge brincava com o amigo pela mania de alimentar os peixes da Lagoa Santa. 

Nas lembranças de Mário também estava o causo “Mineiranças”, no qual Jorge representa lembranças do amigo por uma foto da praça Matriz que foi estampada no conto. Mário conta que antes da publicação Jorge comunicou por carta comentando a raridade da imagem fotográfica.Foram muitos causos de suas andanças, com sorriso ele relembra a precisão do planejamento de umas das viagens feitas com o amigo. Por carta Jorge sugere fazer um cálculo da quantidade de pneus que seria gasto no trajeto que envolveria Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

Falando do pseudônimo Jotta Nullus, Mário relembra do Bilhete para Nando, “O Bigode e o Cafeteira” onde Jorge recomenda que Nando vá ao “ALBERGUE” empreendimento de seu fraterno amigo. Foram as boas lembranças do Jorge amigo e brincalhão que alimentou nossa prosa. Era de brilhar os olhos, tantos sorrisos e entusiasmo ao falar do amigo, certamente ele comentava de seus tempos dourados. Senhor Mário comentou, “Jorge buscava alimentar a grandeza da amizade, demonstrando alegria e carinho por mim, me incluindo nos seus causos.” Saudades, esse é o sentimento de todas as pessoas próximas e todas outras que ficaram na expectativa de ler o próximo causo do sr. Jorge Baleeiro de Lacerda.

* Gabriel Cassemiro Mariano é professor da UTFPR em Francisco Beltrão.

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