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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Estrutura da antiga Escola João 23 será utilizada para construir restaurante

Utilização da madeira de demolição evita o descarte, cria ambientes rústicos e com memória afetiva.

As paredes internas já foram desmanchadas na escola que ficava no centro da cidade.

Um espaço que fez parte da história de Marmeleiro está sendo desmanchado, mas terá um recomeço. É que a madeira da antiga Escola João 23 será reaproveitada e dará vida a um restaurante em Pato Branco. A retirada das tábuas e caibros é feita de forma cuidadosa e por uma equipe especializada, contratada pelo casal Elaine Stalbaum e Magno Kruger, que trabalha com madeira de demolição.

“Nosso cliente irá construir um restaurante totalmente com madeira reaproveitada e aí surgiu a oportunidade de comprarmos essa estrutura da escola. Além de ser uma tendência, esse tipo de trabalho tem um caráter ecológico – pois em vez de queimar ou jogar fora vamos reconstruir algo – e também de respeito à história dos locais e espaços”, explica Elaine. 

A estrutura que abrigava a escola tem cerca de 60 anos. Algumas peças estão danificadas, mas a grande maioria será reaproveitada. A equipe está retirando o assoalho, forro, vigas e caibros e levando as cargas até Pato Branco; o trabalho precisa ser cuidadoso para não lascar a madeira – em alguns casos, as tábuas são molhadas antes de serem desmontadas. 

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Madeira de demolição
O reaproveitamento de madeiras começou como um hobby há alguns anos e o casal Elaine e Magno o transformou em negócio. Hoje eles compram madeira de demolição e confeccionam móveis, estruturas, objetos de decoração e até joias. 

Estrutura em desuso
A escola começou a funcionar em 1962, quando foi fundado o Instituto Nossa Senhora da Consolação, pelas irmãs da Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração, que viviam no local – ainda no mesmo prédio.

As irmãs deixaram o município em 1997, mas a comunidade assumiu a gestão da escola, que fechou em 2016 por falta de alunos. Há algum tempo, o local serviu como alojamento do Azuriz, mas depois ficou sem uso e chegou a ser alvo de vândalos. Agora, o terreno, que fica em área central, deve ser disponibilizado para comercialização.  

“Era tudo muito simples, mas tinha aconchego”, diz ex-aluno
Milhares de crianças passaram pelos bancos da João 23. Entre os profissionais que a escola ajudou a formar está o palestrante Renato Casagrande, que hoje é especializado em formação de professores e gestores, escritor e colunista em rádios e jornais importantes do Brasil.

 Renato Casagrande passou pela Escola João 23, na década de 70.

Ele estudou ali nos anos 70 e lembra bem do local e das pessoas: “Era uma escola com poucos recursos físicos, tudo muito centralizado na figura do professor, uma organização impecável, as salas modestas… enfim, era tudo muito simples, mas tinha aconchego”, recorda ele, que é do tempo em que a contação de histórias era feita através de lâminas e um gravador de voz.

As irmãs geriram a escola por 35 anos, mas quando foram embora a história da João 23 continuou, só que com ainda mais apoio da comunidade. Uma comissão de pais, da qual Rosalino Flores fez parte, foi conversar com o bispo e propuseram tocar a escola.

Rosalino Flores, pai de aluno: “escola moldou uma geração”.

“Tinha os dois filhos que estudavam lá e a educação era ótima. Então nos organizamos para manter a escola e hoje, sabendo que ela está sendo desmanchada, veio o pensamento de como foi importante para toda uma geração de pessoas que hoje se destacam em suas áreas de atuação e como cidadãos”, comenta Flores. Dos dois filhos que estudavam lá, um se tornou dentista, o outro, médico.

A comunidade manteve a escola até cinco anos atrás, quando a baixa no número de alunos obrigou o fechamento. Não compensava mais manter a estrutura com uma mensalidade tão baixa como a que era cobrada. 

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