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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Estudo revela presença de agrotóxicos na água que abastece os municípios

Na região Sudoeste do Paraná, 29 municípios tiveram a presença na água dos 27 agrotóxicos confirmados pelos testes.

No total, 27 agrotóxicos foram detectados na água que abastece Francisco Beltrão entre 2014 e 2017. É um dos 1.396 municípios brasileiros em que as empresas de abastecimento detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa) como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Todavia, nenhum agrotóxico detectado em Francisco Beltrão está acima dos limites brasileiros no período analisado.

Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.

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Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos, pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do País.

Na região Sudoeste do Paraná, 29 municípios tiveram a presença na água dos 27 agrotóxicos confirmados pelos testes. Barracão não teve dados analisados, Coronel Vivida, Eneas Marques, Itapejara D’Oeste e Pato Branco tiveram apenas um agrotóxico detectado. Dois Vizinhos teve 26 registros, Manfrinópolis 3, Palmas 25 e Sulina 23.

Sudoeste consome mais de 9 mil toneladas de agrotóxicos por ano
Agricultores parananenses despejaram em 2018 cerca de 93 mil toneladas de agrotóxicos no solo através das lavouras cultivadas no Estado. Os dados são do relatório do Sistema de Controle do Comércio e Uso de Agrotóxicos no Estado do Paraná (Siagro), pelo qual as empresas comerciantes declaram as vendas destes insumos para os produtores paranaenses.

Na região Sudoeste do Paraná, no ano passado, o total de agrotóxicos comercializados foi de 9.345 toneladas de veneno. As culturas paraenses que mais demandaram agrotóxicos foram soja (57%), milho (17,33%) e trigo (9,10%). Os produtos químicos mais utilizados foram herbicida (62%), fungicida (15,5%) e inseticida (11%). Se considerar os ingredientes, temos: equivalente ácido de glifosato (14,7%), glifosato (7%), glifosato potássico (6,22%), paraquate (5,7%), atrazina (4,7%) e mancozebe (3,6%).

Como a região Sudoeste tem uma área agriculturável de aproximadamente 700 mil hectares, conforme estimativa da Seab (Secretaria de Agricultura do Paraná), a média é de 13,5 quilos por hectare (10 mil m²). Se considerar os últimos seis anos, o volume de agrotóxicos comercializados no Sudoeste e, muito provavelmente utilizados nas lavouras, foi de 55.500 toneladas. Suficiente para encher 1.387 carretas bitrens (média de 40 toneladas cada).

Segundo Sanepar, resultados abaixo do limite deveriam ser considerados como ausentes
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) divulgou uma nota na qual garante a qualidade da água que distribui à população do Paraná em 345 municípios e de Porto União (SC). Leia na íntegra a explicação divulgada pela empresa: “A Companhia segue rigorosamente a legislação brasileira que determina os parâmetros da potabilidade da água para abastecimento público.

A Sanepar informa que, no Paraná, não foi detectada presença de agrotóxicos em nenhuma análise realizada pela empresa, acima do Valor Máximo Permitido (VMP) pela Portaria de Consolidação 5, anexo XX, do Ministério da Saúde, conforme histórico disponibilizado a este Ministério.

Matérias veiculadas na mídia utilizaram informações do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), de forma incompleta.

No momento de registrar os resultados de suas análises, não há no cadastro do Sisagua a opção de registrar a não detecção do princípio ativo do composto. Resultados abaixo do limite deveriam ser considerados como ausentes na amostra de água recebida no laboratório. No entanto, o Sistema de Informação aceita apenas o registro como “no limite” em vez de “ausente”. Desta forma, fica registrada a presença de agrotóxico na água, mesmo que ele seja “ausente”.

Quatro laboratórios da Sanepar realizam semestralmente as análises de agrotóxicos em todas as localidades atendidas pela empresa, conforme determina a legislação do Ministério da Saúde. São analisados 27 tipos de agrotóxicos e, em todos os testes, os resultados ficaram abaixo dos limites permitidos, ou seja, não foi detectada a presença de agrotóxicos na água distribuída para a população.

A Sanepar, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, e a Associação das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) estão pedindo esclarecimentos ao Ministério da Saúde sobre os valores divulgados com relação à presença de agrotóxicos na água usada para consumo humano, para não ocorrer interpretação equivocada como ocorreu no material divulgado”.

*Com informações do site https://apublica.org).

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