São muitas as dúvidas de algumas futuras mamães.
Quais aspectos deveriam, em tese, ser resolvidos para que se tenha mais chances de acertar na hora de tomar a decisão de começar a tentar engravidar? Uma leitora do JdeB enviou várias perguntas sobre a hora de optar pela maternidade e a reportagem procurou esclarecer com a psicóloga Maria Augusta Lage Gregório. Confira a entrevista.
JdeB – O que devo avaliar em minha vida quando resolvo que quero decidir engravidar?
Maria Augusta Lage Gregório: Em primeiro lugar, tentar engravidar envolve aspectos físicos, psicológicos e, muitas vezes, os dois podem andar juntos. Tentar engravidar e apresentar dificuldades na concepção devem ser pensados nesses três aspectos também. Muitas vezes, a tentante e o parceiro apresentam aspectos físicos determinantes do desencontro, a fecundação, que a Medicina pode nos explicar facilmente, mas, como todo corpo apresenta uma mente e emoção, há de se investigar e, por vezes, tratar certos aspectos emocionais inconscientes que se apresentam e interditam o tentante de fazer a concepção.
Em que condições a mulher deve estar inserida para escolher entre começar a tentar ou esperar?
Há casos em que, mesmo com a inseminação artificial, tudo certinho, o emocional com suas defesas acaba barrando a possibilidade da vida se fazer presente. É nessa luta do consciente – desejo de ter o bebê – e do inconsciente – medos, receios, traumas – os tentantes podem acabar desenvolvendo a própria recusa pelo medo de não conseguir. Claro que a recusa é inconsciente e não se tem intenção. Esses aspectos podem gerar uma crise séria no casamento, porque a intimidade acaba sendo distanciada, gerando brigas.

Ao meu ver, a decisão de engravidar sofreu uma transformação grande ao longo dos tempos; hoje, se engravida com desejo materno, os casais buscam fazer parte da vida dos filhos, orientar, educar, encaminhar; antes, se engravidava por que assim tinha que ser, quem cuidava eram irmãos, avós, professoras e a própria vida, o desejo era de uma outra ordem.
Quando devo começar e quando devo esperar? Como entender que é melhor esperar mais um pouco para fazer essa escolha?
Então, quando devo engravidar? Diria que quando percebo que tenho algo bom parar dar sem querer nada em troca, quando quero crescer junto a alguém. A tentante precisa saber o seu desejo, precisa observar suas condições mínimas de uma rede de apoio e também sua condição mínima de subsistência.
Claro, sabemos que isso seria o ideal, não o que temos na realidade, mas o que fazer quando o desejo se mistura à dúvida? Eu diria que ter dúvida não quer dizer, necessariamente, que não se quer engravidar; a dúvida é só uma das maneiras que temos para nos fazer parar por conta da ansiedade, para reavaliar algo que estamos questionando.
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Mas, primeiro, lembre-se: tudo o que temos a fazer e o que vai mudar no curso da nossa vida, teremos dúvida e medo sempre, então, se acalme; segundo: pais perfeitos não existem e é aí que está a coisa mais linda da vida, pais e filhos aprendendo juntos sobre as adversidades de cada dia.