Quem conta essa história é Alcir Dominiack, morador da comunidade Linha Ligação. Quem conta essa história é Alcir Dominiack, morador da comunidade Linha Ligação.

Há quase 36 anos, o casal Alvis Dominiack, 66 anos, e Isalina Lídia Dominiack, 70, reside na comunidade Linha Ligação, divisa com Ampere. O filho Alcir Dominiack, 32 anos, mora em Ampere, com a esposa Mônica, e a filha, Flávia, mas trabalha no sítio dos pais todos os dias, inclusive feriados e finais de semana. Flávia tem 8 anos e gosta de tudo na fazenda, mas principalmente dos animais.
A família produz alimentos para merenda escolar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); 70% do serviço é manual. “Usamos bois na carroça e temos uma trilhadeira antiga pra debulhar milho e feijão”, comenta Alcir. Entre os produtos produzidos estão batata doce, mandioca, milho verde, chuchu, além de frutas. Também criam galinha caipira, porcos e produzem mel.
“O que não mecanizamos são as frutas, o feijão e o arroz, que usamos a plantadeira de tração animal. Compramos um trator pequeno pra trabalhar numa área de um alqueire, mas não tem plantadeira, tem uma plataforma e subsolador pra frouxar a terra pra plantar batata doce, que entregamos no PNAE”, conta Alcir, que tem uma propriedade na divisa com os pais e trabalha com a ajuda do irmão Adelar Luiz Dominiack.
“O que melhorou é que quanto mais modernidade melhor. Há 20 anos não se tinha nem energia elétrica, a água da fonte era puxada no balde, era bem sofrido, era só no arado na terra, depois veio energia elétrica, daí já colocamos uma bomba pra puxar água, a marrequinha, e a propriedade foi crescendo”, diz Alcir.
Ele acrescenta que as ferramentas são manuais, embora mais modernas, como a máquina pica-pau, usada pra plantar arroz. “Daí já veio a plantadeira de boi, de tração animal, que rende mais, daí conseguimos comprar trator. Há dois anos colocamos internet. Hoje é bem mais fácil de trabalhar, o corpo não cansa tanto. Ainda temos muitos projetos pra ampliar”, comemora.

Açudes secaram
O que mais preocupa Alcir e seus pais é a estiagem. “A gente perdeu a entrega das frutas, porque começou a dar problema no inverno do ano passado. Na questão do chuchu não conseguimos entregar nada, porque não tinha irrigação, então acabou morrendo tudo. Mandioca e batata doce se salvaram bem, mas a batata doce deu bastante problema de fungo e caruncho, deu uma perda de 40%. A mandioca é mais resistente”, afirma.
Há 30 dias, a família precisou mexer nas fontes de água “pra dar uma limpada, afundar um pouco mais, porque estava no limite da água”. Os açudes secaram, então precisaram congelar peixes pra diminuir a perda. “Foi e está sendo bem preocupante, agora começou a melhorar um pouco com as chuvas, fracas, mas está resolvendo um pouco. Para gente da agricultura, a estiagem é complicada, poderia entrar um dinheiro extra e acabamos ficando no prejuízo; não vem auxílio de fora.”
[relacionadas]
A covid também interfere nas vendas, “quando dá o lockdown, a gente fica na expectativa se vai fechar ou não”. Os Dominiack tiveram uma perda significativa este ano, mas ressaltam que sítio é assim: “Se fosse todo ano 100% plantar e colher e não ter prejuízo nenhum, a gente não seria tão fraco, não teria colono pobre; nossa maior preocupação é o clima. Às vezes, pega geada do cedo, que acaba atrapalhando a produtividade, às vezes não chove na época de plantar ou na fase do crescimento, então os imprevistos da natureza são assim, estamos praticamente acostumados”, destaca Alcir.
