Juliano e Michele e os filhos Augusto e Flavia passaram sete meses na “estrada”.
Foram 15 países e 20 mil km percorridos de carro em 200 dias, entre julho de 2019 e janeiro deste ano. A beltronense Michele Krauspenhar Bernert, arquiteta, e o marido Juliano Bernert, advogado, ambos de 41 anos, levaram os filhos gêmeos Augusto e Flavia, de 10 anos, pra conhecer o continente africano “estrada” afora. A família é de Curitiba.
A ideia partiu de Juliano, que em 2017 já havia viajado de moto da África do Sul, pelo leste, até o Egito, e quis passar esta experiência pra família. Até então, a viagem mais longa com os quatro juntos tinha sido de 50 dias. “A gente quis passar um período com as crianças, pra se curtir, mostrar como é o mundo, que a discriminação é falta de conhecimento e mostrar que é possível viver com muito pouco”, destaca Michele. Eles partiram da Alemanha e foram até a África do Sul, pelo Oeste africano. De Marrocos até a Costa do Marfim, fala-se francês; eles seguiram por Gana, cujo idioma é o inglês. Em Gana, enviaram o carro de navio pra Namíbia e foram de avião até a Ilha de São Thomé e Príncipe, onde se fala português, rendendo muitas descobertas.
Da Namíbia foram até a África do Sul, finalizando a viagem, que levou sete meses. Os diferentes idiomas foram uma das atrações para as crianças, que gostaram de ver lugares diferentes e de conversar com pessoas de outras línguas. Elas aprenderam um pouco de francês e árabe e até se divertiram com as “negociações” no comércio. O fato de Juliano falar francês facilitou bastante a comunicação, principalmente porque ele facilmente se fazia entender.
Foram momentos divertidos e interessantes, mas também tiveram algumas dificuldades, como a adaptação à nova rotina e ao fato de estarem os quatro juntos 24 horas por dia. Neste período, Juliano trabalhou normalmente e garante que conseguiu cumprir os prazos graças à diferença de fuso horário.
Eles tinham a programação dos países que passariam, mas cada dia era uma novidade, já que cada fronteira tinha suas exigências. O carro foi adaptado pra viagem, com uma geladeira e também barraca. Em alguns lugares alugaram apartamento e em outros ficaram em hotéis, mas, onde havia boa estrutura de camping, acampavam. Foi levado pouca roupa, até por ser verão. “É interessante entender que pra fazer uma viagem assim você precisa de pouco. Cada um identifica o que precisa, mas se perceber que precisa de pouco é menos coisa pra se preocupar”, destaca Michele. A viagem foi dinâmica, em poucos lugares ficaram mais de uma semana.
Quanto à escola das crianças, Michele conta que a própria instituição de ensino orientou para que a viagem fosse feita enquanto os gêmeos estivessem no 4º ano. Quando retornaram, início do ano, tiveram que fazer as provas pra completar o ano letivo. Pra isso, tiveram três semanas de aula particular. “Foi corrido, mas deu tudo certo”, diz Michele.
Blog “Juntos na África” e livro pra setembro
A experiência será contada em livro, que rendeu 300 páginas e deve ser lançado em setembro. O texto é de Juliano e as fotos de Michele, que registrou mais de 20 mil cenas. Tem inclusive texto das crianças. A pré-venda do livro intitulado “Juntos na África – 20 mil km em família pela África Ocidental” está sendo por meio do site Catarse. Outra opção pra acompanhar essa história é através do link juntosnaafrica.blogspot.com.
