Mais de 250 pessoas são atendidas em pelo menos 50 núcleos familiares do município.

A administradora Eliane Adele Montemezzo e o analista comportamental Edson Carlos Minati estão à frente do projeto PC Kids, que teve início no mês de maio do ano passado, logo após o decreto do primeiro lockdown no Estado do Paraná, em função da pandemia do coronavírus. Os dois ainda faziam parte do Lions Club de Francisco Beltrão, quando, em meados do mês de março, chegou até o clube de serviços o pedido de uma cadeira de rodas para uma criança com dificuldades motoras. “Quando fomos fazer a entrega dessa cadeira, observamos que a irmã mais velha do beneficiado não estava podendo fazer as atividades da escola. Lembrei da minha adolescência e das dificuldades que passei, e naquela hora veio a ideia de doar um computador para ela”, diz Edson.
Da ideia para a ação
Na volta para casa, Edson comentou com Eliane que gostaria de doar computadores para crianças carentes, como forma de retribuir o apoio que recebeu de seus superiores, quando era menor aprendiz na Caixa Econômica Federal, no município de Dois Vizinhos. Eles patrocinaram integralmente seus primeiros cursos de informática, porém, havia uma condição para ele não ter que devolver o dinheiro investido: concluir os cursos e obter os certificados.“Eu sugeri, então, que transformássemos isso em um projeto com foco na reciclagem”, revela Eliane, que era assessora de serviços do Lions e havia desenvolvido um trabalho muito intenso no combate ao diabetes. O projeto estaria de acordo com as cinco áreas de atuação do Lions Internacional, que são Visão, Diabetes, Fome, Câncer Pediátrico e Meio Ambiente. “Praticamente montamos o esboço, formulários, parte jurídica e o material para mídia social num fim de semana, e partimos em busca do apoio do clube e para a captação de doações de lixo eletrônico”, lembra Eliane.
Um Ano de Projeto
Em maio deste ano, o projeto completou um ano. Já foram entregues 47 equipamentos, dentre eles, 41 computadores, três celulares, duas impressoras e um tablet. Cerca de 250 pessoas foram beneficiadas, o que representa em torno de 50 núcleos familiares. São alunos de 14 escolas do município de Francisco Beltrão e duas faculdades. O projeto foi além dos computadores e se tornou um projeto de inclusão social, porque hoje atende famílias necessitadas, crianças autistas, cadeirantes, uma família refugiada da Venezuela e um deficiente visual.
Resgate da dignidade
Eliane destaca que o papel do seu parceiro foi fundamental para que o projeto pudesse acontecer na prática. “O Minati foi essencial, porque ele tem toda a habilidade e o conhecimento na área de informática. Transformamos as doações de lixo eletrônico em equipamentos úteis para as famílias”, diz. Além dos computadores e dos equipamentos eletrônicos, hoje o projeto ajuda na realização de exames laboratoriais, reformas e pinturas de casas, doação de móveis, eletrodomésticos, vestuário, cestas básicas, álcool em gel, máscaras e produtos de higiene e limpeza. “Abraçamos esta causa como um todo. Queremos que todas as famílias tenham um mínimo de conforto e dignidade social”, pontua Edson.
Corrente do Bem
Trabalhar na elaboração e execução do projeto fez muito bem para a saúde mental dos dois organizadores e dos demais envolvidos nos trabalhos. Motivou também que muitas pessoas se colocassem à disposição para ajudar. “Num momento em que todos estavam apavorados, ver nossa empolgação e a disposição de ajudar o próximo criou uma bela corrente do bem entre empresas, profissionais liberais, autônomos, donas de casa e grupos de amigos. Até mesmo os detentos do presídio, por meio da prestação de mão de obra, ajudam nas reformas das casas”, revela Eliane.Praticamente tudo o que o projeto recebe de doações são coisas descartadas ou sucateadas, que iriam para o lixo. São vários profissionais consertando e arrumando tudo antes de realizar as entregas. “Esse foi um diferencial. Fez bem para quem consertou, fez bem para quem recebeu e fez o bem para o meio ambiente”, completa ela.
Choque de realidade
Para que se pudesse chegar nesta grande corrente, foi necessário um choque de realidade e o computador passou a ser apenas mais um dos objetos entregues às famílias. Depois de terem tido a ideia de fazer o projeto e das primeiras doações recebidas, faltava o principal: as crianças que seriam contempladas com os equipamentos. “Partimos então para iniciar o piloto do nosso projeto, inicialmente envolvendo os estudantes do Colégio Estadual Professor Léo Flach, no Bairro Padre Ulrico e do Colégio Estadual Industrial, no Bairro Industrial”, lembra Eliane. A partir dessa ideia, foi lançado um desafio aos professores, para que respondessem a um questionário de avaliação. “Houve um choque de realidade, porque os professores não tinham ideia das condições em que aquelas famílias viviam. Isso nos chamou ainda mais atenção. Como aquela criança consegue ir bem na escola com todas essas dificuldades para estudar? Isso fez nascer em nós um sentimento ainda maior de querer ajudar aquelas famílias”, constata Eliane.
Bem atendidos
No começo deste ano, uma empresa disponibilizou uma sala para armazenar as doações recebidas e uma das dificuldades é o transporte para levar às famílias o que cada uma delas vai receber. Mas Eliane afirma que todas estão em uma situação bem mais confortável. “Não conseguimos fazer mais por causa da falta de espaço físico nas casas das pessoas e também por causa da pandemia, porque ainda temos que manter todos os cuidados. Agora temos uma fila de cinco crianças esperando computador”, revela.
Além do grande número de famílias interessadas em receber as doações, Eliane fala que algumas crianças não demonstraram interesse em permanecer no projeto, mesmo com toda a disponibilidade. “Focamos nossa ajuda nas famílias que realmente demonstram interesse e a partir do retorno positivo que os professores nos dão. As pessoas têm que aprender a valorizar as oportunidades”, orienta.
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Pessoas determinadas
A diretora do Colégio Estadual Professor Léo Flach, do Bairro Pe. Ulrico, Edna Menegatti Mocelin, diz que só tem a agradecer ao projeto PC Kids. “Esse projeto teve a sorte de ter à frente duas pessoas determinadas. Eles se abriram às causas sociais e foram atender as pessoas que mais precisavam durante a pandemia.” Ela diz também que, além dos computadores e da tecnologia, os responsáveis pelo projeto sempre estiveram preocupados com o bem-estar e com a saúde dos integrantes de cada uma das famílias. “Eles cuidaram da habitação, se estavam com frio ou com fome. A Eliane e o Minatti abraçaram a causa com todas as suas forças. Só temos a agradecer.”
Um projeto importante
Cláudia Mattei, diretora da Escola Municipal Epitácio Pessoa, da Seção Jacaré, diz que dois dos alunos da escola foram contemplados com os computadores do Projeto PC Kids e agradece a todos pela oportunidade. “O projeto é muito importante, porque as famílias podem acompanhar as atividades remotas, principalmente nas pesquisas realizadas por esses alunos”, diz a professora.
Tecnologia
A professora Maria de Fátima Niclote, diretora da Escola Municipal Recanto Feliz, do Bairro Pinheirinho, agradece pela disponibilidade do voluntariado em prol dos alunos e de toda a comunidade. “Nossos alunos estão tendo contato com a tecnologia e com a informatização, principalmente no novo modelo do ensino híbrido. Precisamos sempre de pessoas que nos ajudem”, conclui.
Contatos para doações
As pessoas que tiverem interesse em fazer doações para o Projeto PC Kids podem entrar em contato no WhatsApp pelos números (46) 98807-1225, com Edson, e (41) 99918-1400, com Eliane. Os contatos também podem ser feitos pelo Facebook (facebook.com/projetopckids) ou pelo Instagram (@projetopckids). Nas páginas das redes sociais, podem ser encontradas fotos das diversas doações já realizadas por meio do projeto.
