Farinha boa é com seu Zanini, há 22 anos dono de moinho

Boa parte da produção é fornecida para a Prefeitura que utiliza na merenda escolar.

Antônio Valdir Alves Zanini, 73 anos, reside há seis décadas na comunidade de Dois Irmãos, interior de São João. Ele produz uma farinha de milho muito apreciada, mas também difícil de encontrar. É o fubá com milho colonial (crioulo), grão produzido sem agrotóxicos, tão raro que seu Antônio guarda a farinha só para amigos e clientes muito próximos. Ele conta que nem sempre encontra este milho, pois são poucos os colonos que ainda cultivam. “Tem alguns produtores que eu já deixo certo e até pago um pouco mais por causa da qualidade.”

Natural de Marau (RS), veio com 12 anos para o Sudoeste junto com pai, mãe e mais oito irmãos. O caminhão que trouxe a família e seus pertences levou oito dias para fazer o trajeto. “Era tudo picada, tinha que vir cortando árvores e galhos pra passar.”

Moleiro há 22 anos, seu Zanini já foi criador de porco (raças Landrace e Duroc), teve chiqueirão grande, com cerca de 120 leitões, mas a peste suína africana “quebrou” muitos produtores da região nos anos 1970. “Não tinha mais comércio, a gente ficou com os animais, mas não tinha saída, passaram do peso e o preço caiu. Então muita gente desistiu de criar porco.”

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Depois da quebradeira geral dos suinocultores, Zanini investiu na produção de leite. Ficou na atividade por alguns anos, mas desistiu para colocar o moinho. “Tinha moinho em São João, mas um incêndio destruiu e a comunidade ficou sem. Então achei que produzir alimentos seria bom, tendo qualidade.”

Erva-mate deu muito dinheiro no início
Além dos cereais tradicionais, Zanini recorda que no início também ganhou muito dinheiro com erva-mate. Hoje o socador está abandonado, não existe mais procura, cogita-se torná-lo peça de museu. A área de terras da família tem três alqueires, mas como reside no local apenas o casal de aposentados, está arrendada. Os filhos não ficaram na propriedade, a filha é professora e o filho empresário do setor de transportes.

A produção do moinho gira em torno de dois mil quilos mensais de fubá. Com o retorno das aulas, ele espera aumentar a produção, já que irá fornecer para a Prefeitura. Valdir também produz quirera, cangica e descasca arroz para terceiros. Depois de tantos anos trabalhando, o aposentado pensa em parar com a atividade. “Moinho dá lucro, mas tô meio cansado, querendo vender e descansar.” Na propriedade ele tem açude com peixes e ainda mantém alguns leitões que engorda aproveitando as sobras de milho do moinho.