Todas as empresas de todos os setores estão sofrendo.
O empresário e contador Valdir Abatti, da Consisa Contabilidade e Sistemas, observa que uma das principais dificuldades que os pequenos empresários enfrentam ao solicitar empréstimo bancário é a comprovação do faturamento e as questões cadastrais. As empresas estão tendo bastante dificuldade para conseguir linhas de crédito devido às exigências de faturamento, de garantia do pagamento e aprovação dos dados cadastrais.
Valdir conta que há empresários enfrentando dificuldade para pagar a folha de pagamento dos funcionários e para capital de giro. “Tem empresário que nem consegue pagar as folhas de pagamento”, conta. Pesquisa realizada recentemente pelo Sebrae, em nível nacional, apontou que, para 87% das MPEs, o impacto da Covid-19 continua sendo a diminuição do faturamento.
Laudi Adanski, vice-presidente para assuntos de micro e pequena empresa da Acefb, também confirma que as empresas deste segmento enfrentam dificuldade para acessar as linhas de crédito. “Tá um pouco mais complicado do que deveria”, argumenta.
Um dos problemas que ele cita é o Cadastro de Inadimplentes (Cadin), do Banco Central do Brasil. “Normalmente se um sócio da empresa tem algum problema, o nome fica no Cadin por dois anos. Agora se o sócio teve em 2019 um período com o CPF no Serasa ou problema com cartão de crédito, eles [os bancos] fazem um pente fino. Literalmente passaram um pente fino nas MPEs”, diz.
Laudi diz que a pandemia afetou empresas de praticamente todos os segmentos. Restaurantes, hotéis, agências de turismo, transporte de passageiros, promotores de evento e artísticas e do segmento de áudio/som. “Todas as empresas de todos os setores estão sofrendo. Baixou consumo, baixou o faturamento”.
O vice-presidente da Acefb para as MPEs avalia que “se o governo federal não tiver um mecanismo pra forçar a concessão dos empréstimos, acho que vai ser muito difícil de operacionalizar [as linhas de crédito] em grande escala”.
Familiares do engenheiro Cezar Rubert, proprietários de construtora em Dois Vizinhos, conseguiram acessar linha de crédito pra usar como capital de giro. “Depende do relacionamento com os bancos, se o relacionamento é bom, é fácil”, ressalta Cezar, que é presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Sudoeste do Paraná (Sudenge).
Pesquisa recente do Sebrae aponta que de 6,7 milhões de pequenos empreendedores que tentaram acessar linhas de crédito, apenas um milhão conseguiu obter os recursos desde o início das medidas de isolamento social, em março.
*Com informações da Agência Sebrae de Notícias.