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terça-feira, 03 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

Generci, o laboratorista que virou o ‘Corintiano’, caminhoneiro

Há 30 anos o motorista ganhou o apelido do avô. Fã, mas ?não a ponto de largar o trabalho? pelo futebol, ele queria alguém com ideias novas

“Manda esse corintiano mesmo…” Foi assim, numa ordem em tom de brincadeira, que o finado avô de Generci Presetes da Silva, em meio à discussão sobre quem levaria o Scannia “jacaré” a Porto Alegre, abriu as portas das cabinas de caminhão ao então jovem de 28 anos e criou o apelido que pegaria tão facilmente quanto o gosto do neto pela estrada.

Generci substituiria o motorista da carreta, seu primo “Ico”, que havia se tornado pai recentemente e não poderia fazer o serviço. “Eu tinha uma camiseta do Corinthians que só tirava pra lavar e vestia de novo. E quando o meu primo voltou e não quis mais, aí eu fui embora. Os próprios funcionários do armazém [onde a família guardava as cargas de grãos trazidas da região com os Fenemês], minha família, todo mundo, quando eu voltei, já me chamavam de corintiano”, recorda.

Embora apegado ao time, o motorista não se diz fanático a ponto de esquentar a cabeça nas derrotas e afirma o óbvio: “Gosto de ganhar do Palmeiras, mas quando não dá, tudo bem”, diz, aos risos. “Também não paro de trabalhar pra assistir jogo e jamais vou falar alguma coisa de ruim pra alguém por causa de futebol”, complementa.

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De laboratorista a caminhoneiro
Natural de Vitorino, o primeiro trabalho de Corintiano não foi como motorista. Aos 20 anos de idade, ele deixou o município paranaense e foi morar com parentes em Espumoso (RS) e depois mudou-se para Cambará do Sul, onde fez um curso técnico para trabalhar como laboratorista e arrumou emprego em uma fábrica de papel.
Criado entre caminhoneiros, Generci começou puxando grãos da capital gaúcha ao Sudeste brasileiro e voltava para o Sul carregado com farinha de trigo. Pouco tempo depois, com a morte do pai, João, ele mudou-se pela segunda vez, vindo morar em São Lourenço do Oeste (SC) com a mãe, Jupyra.

“Continuei trabalhando de motorista para uma empresa de Pato Branco. Ia pra Mato Grosso e, por quase um ano, puxei madeira de Alta Floresta, no Amazonas, até Paranaguá. Fazia mais ou menos oito mil quilômetros por viagem, e isso com uma dificuldade enorme, porque naquele trajeto de chão lá, na época das chuvas, não adiantava fazer uma previsão de quantos dias dava pra ir ou pra voltar”, lembra.

Há uma década, cansado do trabalho no Mato Grosso, Corintiano resolveu voltar ao Sudoeste paranaense. Fixou residência em Francisco Beltrão e passou a transportar cargas congeladas daqui para o Rio de Janeiro. 

Divorciado e pai de três filhos – Aline, 30; Douglas, 27; e Gederson, 23), o corintiano não deve ter gostado muito da escolha de Dunga para substituir Felipão na seleção brasileira. “Vai ter que ser um técnico com uma cabeça nova, com uma visão nova, porque o fiasco é grande, né”, disse ele, antes do anúncio do novo técnico.

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