Maria Lurdes Colling, 68 anos

Dona Lurdes, como é conhecida pelos vizinhos, amigos e familiares de Capanema, é avó de Patrícia Colling. A neta ama de paixão a avó e respeita muito a história dela. Dona Lurdes conta que, desde o nascimento, Patrícia morou com ela e o marido. Quando a neta completou 3 anos, foi morar com o pai e a mãe, mas aos 6 anos voltou para a casa dos avós, devido à separação dos pais.
Dona Lurdes lembra que no dia em que a neta voltou para casa, ela estava voltando do hospital, onde os médicos não identificavam a doença, porém, mais tarde, constataram que era osteoporose em estágio avançado. Mas, no dia do retorno, Patrícia a estava esperando com um desenho repleto de flores e uma frase que ela jamais esqueceu: “Vó, estou voltando a morar com você”.
A mensagem atingiu profundamente o coração da avó, que aos poucos foi se recuperando, graças ao amor desprendido da neta. Em 2006, quando o marido de dona Lurdes morreu, Patrícia foi o suporte na perda. “Aqui na cidade (Capanema) todos pensam que ela é minha família, exatamente pela proximidade que temos”, destaca dona Lurdes.
Quando Patrícia completou 17 anos, teve de mudar para Francisco Beltrão para estudar. No começo, dona Lurdes confessa que foi difícil, mas entendeu que seria melhor para a vida profissional da neta.
Hoje, se visitam sempre que podem e a avó termina dizendo que “a Pati é e sempre vai ser minha filha, minha companheira, literalmente um pedaço de mim”.
Patrícia Colling, 21 anos

Hoje mora em Francisco Beltrão, estuda e trabalha. Porém não esquece as origens e a importância que a avó, dona Lurdes, tem em toda a sua história. “Ela é peça chave na minha vida, me deu amor, carinho e me fez crescer”, destaca Patrícia. O exemplo de vida e dedicação de dona Lurdes ao enfrentar os problemas da vida são ensinamentos que a neta jamais vai esquecer. “Devido à distância, os dias juntas foram substituídos por horas e horas de ligações telefônicas”, diz Patrícia, que ainda tenta convencer a avó de morar em Beltrão. Para encerrar, Patrícia afirma: “Ela é a estrela que ilumina a minha vida”.
Inês Spiller Liston, 74 anos
Dona Inês é uma senhora lúcida, inteligente e muito ativa. Quando o netinho completou 3 anos de vida, ela ficou incumbida de cuidar do neto Rafael Augusto Liston da Luz, hoje com 12 anos. O fato aconteceu quando a filha Thaís Liston decidiu mudar-se para o Rio Grande do Sul em busca de novas possibilidades. Por isso, a avó resolveu adotar e não deixar o neto embarcar nessa aventura, em virtude de ter entrado para o colégio na mesma época e também para não criar uma confusão na cabeça da criança.
Diante da situação, Thais aceitou numa boa a condição do filho morar com a avó. Mesmo assim, a cada 15 dias a mãe voltava para ver o menino. Contudo, em menos de dois anos, Thaís resolveu voltar em definitivo para Francisco Beltrão. A volta para a cidade não significa que o filho voltou a morar com ela. Pelo contrário, Rafael continua na casa da avó e Thaís foi morar em outra casa, mas próximo dos dois. Dona Inês afirma: “Não quero roubar a função da Thaís, ela é mãe e eu sou avó, sei das minhas responsabilidades e ela sabe as dela”.
O amor entre avó e neto rompe a barreira da idade. “Rafael é meu companheiro e a presença dele faz bem para a minha saúde”. Os dois dormem na mesma cama e conversam sobre tudo, “inclusive sobre amigos, sexo, drogas e as namoradinhas”, revela a avó.

Opinião de Érico Peres Oliveira: Quando os avós passam a cuidar dos netos por algum motivo particular, ou até mesmo quando o vínculo se torna mais estreito, é preciso tomar cuidado com a tendência dos avós a realizarem todas as vontades dos netos. Essa é a única premissa no contato mais próximo entre os dois lados. Quando todas as necessidades das crianças ou adolescentes são supridas, corre-se o risco de eles não conseguirem lidar, na vida adulta, com o mundo lá fora. A princípio, quem apresenta as regras e as leis é o pai. Quando apenas os avós fazem a função de apresentar o mundo à criança, não se pode esquecer também de fazer essa parte. Ou seja, ensinar as responsabilidades. Porém, quando este contato se torna mais estreito, acontece uma bela troca. Os netos podem se apropriar das experiências e tudo que as pessoas que se encontram na terceira idade podem ensinar. Em contrapartida, o neto acaba trazendo uma vivacidade para seus avós. Estar próximo de pessoas jovens aprendendo coisas novas certamente interfere na longevidade do idoso. Precisa-se ir contra a premissa atual de que o idoso está sucateado. Obviamente que a idade acaba trazendo limitações e elas precisam ser respeitadas. Mas nada impede que eles continuem aprendendo. É justamente este ponto que trará mais vida para o idoso. Salvo o cuidado para não realizar todas as vontades dos netos, trata-se de um contato que só traz benefícios.