Geral
Rosane Calgaro
Vivemos no mundo das organizações, somos membros e participamos direta ou indiretamente de vários tipos organizacionais ao mesmo tempo. Além das pessoas, as organizações precisam da gestão. No entanto, é fundamental compreender qual o papel da gestão em cada tipo de organização.
As organizações são classificadas de duas formas: de acordo com a natureza da produção e de acordo com a natureza social. Do ponto de vista da produção podem ser de produção primária (cultivo e extração de matéria prima), secundária (transformação da matéria prima em produto acabado), terciária (prestação de serviços).
Pela natureza social as organizações se dividem em primeiro setor (de origem pública), segundo setor (de origem privada), terceiro setor (de origem social). Sendo a administração uma ciência social aplicada, é este ponto de vista que determina a razão de ser da gestão.
Cada setor abrange grande número de organizações com diferentes formatos. O primeiro setor inclui todas as organizações e órgãos públicos nas esferas federal, estadual e municipal. No segundo setor estão contempladas as organizações criadas pela iniciativa privada (entre elas as empresas). O terceiro setor inclui todos os tipos organizações com finalidade social, ou seja, voltadas ao bem comum (OSCs, ONGs, fundações e associações).
Dito isto, a gestão está vinculada à natureza e finalidade de cada tipo organizacional, ou seja, as práticas administrativas têm o papel de contribuir no direcionamento dos diferentes recursos para concretizar o resultado pretendido guiadas pela natureza e finalidade de cada organização.
Embora os princípios (planejar/organizar/dirigir/controlar) sejam semelhantes, a forma de praticá-los é diferente pode ser conduzida por diferentes formas de gestão.
Tem sido comum o uso de modelos de gestão que predominam nas organizações do segundo setor, voltadas ao mercado, em organizações de outra natureza (públicas e de fins sociais). O fato de uma gestão por resultados, estruturada com base nas práticas de mercado, ser positivo em empresas de capital, cuja razão de ser é lucratividade, não indica ser adequado em organizações públicas e/ou de fins sociais.
É fundamental entender que a empresa é um tipo de organização e as práticas de gestão aí adotadas não são universais. A interpretação vigente na empresa, voltada ao mercado, sobre o funcionário/empregado que vende a força de trabalho é incompatível com o papel do servidor público na organização pública.
Na mesma direção o trabalhador voluntário na ONG não está na condição de vendedor do seu trabalho.
Em relação ao público-alvo, a visão predominante na empresa do cliente/consumidor, não se aplica à interpretação do sujeito/cidadão no caso da organização pública. Também não é adequada para o usuário/beneficiário do serviço prestado pela organização de fins sociais.
Rosane Calgaro
Docente do curso de Administração da Unioeste, campus Francisco Beltrão