
Faz parte de um memorial no hall do estabelecimento.
Por Erlindo Rosa
A colunista social Maristela divulgou em sua coluna na edição de 20 de abril de 1991, do Correio do Paraná, a seguinte nota:
Gonzaguinha faz seu show “Cavaleiro Solitário”, domingo, dia 28, no Clube Pinheiros, ele que tem aproveitado sua turnê por vários estados do país para buscar apoio dos governadores e criar o Dia Nacional do Sanfoneiro, 29 de abril, mesma data de nascimento de seu pai Luiz Gonzaga.
Ninguém poderia imaginar, evidentemente, que esse seria o último show do cantor e compositor Luiz Gonzaga Júnior. No dia seguinte ao seu show, no Clube Pinheiros de Pato Branco, poucos minutos após as 7 horas, estaria morrendo em trágico acidente automobilístico, próximo à cidade de Marmeleiro. Ele e sua equipe teriam deixado o hotel em Pato Branco por volta das 6 horas. Com destino a Foz do Iguaçu, onde o artista estaria embarcando num voo com destino a São Paulo.
Valmir Rodrigues Júnior, gerente do Hotel Província de Pato Branco, onde o artista com toda sua equipe esteve hospedado, guarda na memória muitos momentos vividos na companhia do cantor. O autógrafo que ele deixou antes de viajar é guardado como se fosse uma relíquia.
Antes de sair, também, ele havia deixado vários cartões endereçados à esposa e familiares outros, os quais o empresário estaria postando ainda no período da manhã na agência dos correios da Caramuru.
Valmir foi uma das primeiras pessoas a tomar conhecimento do acidente e do trágico passamento. Dessa forma, não postou os cartões, tendo-os entregue à esposa do músico, Luise Martins, no Aeroporto Juvenal Cardoso. Esta veio com uma aeronave do governo de Minas buscar o corpo. Por motivos de saúde, Gonzaguinha havia escolhido Belo Horizonte para morar. Na capital mineira, foi diretor da Rádio Inconfidência, quando o governador era Tancredo Neves.
A aeronave com o corpo de Gonzaguinha e sua esposa deixou Pato Branco por volta das 17 horas. Aproximadamente cem pessoas, entre fãs e curiosos, ocuparam parte da pista do aeroporto. Enquanto o esquife era colocado no avião, a professora Maria Mattos começou a cantar “Asa Branca”, uma das canções mais populares do pai de Gonzaguinha, o Luiz Gonzaga. Na sequência, demorados aplausos. Foram momentos em que a emoção deu de goleada.
Gonzaguinha fez seu show “Cavalheiro Solitário” no domingo, dia 28 de abril de 1991, no Clube Pinheiros, para um grande público. A promoção foi da Casa da Cultura de Pato Branco, presidida na oportunidade pelo odontólogo Carlos Mezzomo, com total apoio da Secretaria Municipal de Cultura, tendo como secretário o dinâmico Gilson Marcondes. O prefeito era Clóvis Santo Padoan. Casa da Cultura, uma entidade sem fins lucrativos, mantida por alguns abnegados sócios, pessoas apaixonadas por arte e cultura e que procuravam trazer para nossa cidade shows, peças teatrais, exposições, oficinas de teatro e coisas do gênero.
Nos últimos 17 anos de sua carreira, Gonzaguinha gravou de 16 elepês, tendo se consolidado como um dos artistas mais amados pelo público, especialmente o universitário. Havia fundado sua própria etiqueta com o nome de “Moleque Gonzaguinha”, que editava suas músicas e discos.
Como não havia médico legista em Francisco Beltrão, o corpo do cantor foi removido ao IML Pato Branco, cuja necropsia esteve aos cuidados do médico Ronaldo Sérgio da Silveira. O empresário do ramo funerário Hélio Domingos Picolo atuou como declarante e, juntamente com Gilson Marcondes, escolheu a urna. A família efetivou o pagamento. Valmir Rodrigues Júnior, do Hotel Província, foi quem comunicou a esposa, Luise Martins, do ocorrido.
Através do Projeto de Lei 89/2015, o vereador Claudemir Zanco apresentou proposição para criação do Museu “Gonzaguinha” da Imagem e do Som de Pato Branco, o qual seria vinculado à Secretaria de Educação e Cultura com o objetivo de constituir acervo de fotografias, filmes, vídeos, CD’s e materiais outros que registrem, em imagem e som, a história do município. A imprensa reagiu com a sugestão do nome, citando personalidades e cidadãos locais que deveriam receber tal homenagem; exemplo: Frei Policarpo, Eduardo Pasternak – popular Dudu do cinema – João de Paulo e outros…
Gonzaguinha ainda chegou a ser levado à Policlínica São Vicente de Paula em Francisco Beltrão, mas chegou sem vida. Segundo a Polícia Rodoviária, possivelmente o sol tenha atrapalhado a visão do motorista da caminhonete pertencente a um matadouro. O condutor cruzou a rodovia para acessar uma estrada de terra e chegar até a empresa. Na pista, ficou a marca da freada do Monza por quase 50 metros.
