Com esta decisão, o governo pretende forçar a queda nos preços no varejo.

e percebeu aumentos nos preços do pacote do feijão. Foto: Niomar Pereira/JdeB.
O Palácio do Planalto anunciou ontem, 22, que o governo vai liberar a importação de feijão com o objetivo de reduzir o preço do produto nos supermercados. A medida valerá para o feijão com origem na Argentina, no Paraguai e na Bolívia. O presidente em exercício Michel Temer (PMDB) respondeu aos apelos dos internautas, já que o assunto pautou muitas discussões no twiter.
Temer anunciou, pela sua conta na rede social Twitter, que o governo liberou a importação de feijão dos três países, que são vizinhos e integrantes do Mercosul. De acordo com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, está em estudo a possibilidade de importar o produto também do México e da China, segundo informações divulgadas pelo Portal do Planalto.
De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o produto acumula uma alta de quase 40% no preço em 2016, até maio, e os valores continuam subindo.
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, mostrou uma alta de 16,38% no feijão-carioca na passagem de maio para junho. Na semana passada, a saca de 60 quilos negociada na Bolsinha de Feijão, em São Paulo, chegou a R$ 550. No Paraná, a saca está na faixa de R$ 390 a R$ 460, dependendo da região. Por aqui, os aumentos começaram ainda em abril.
Conforme o Instituto Brasileiro do Feijão, o aumento se deve à seca em grande parte dos Estados que produzem o grão. Com isso, houve queda na oferta e, com o aumento da demanda, os preços acabaram subindo. O preço do feijão carioca chegou a R$ 10 em supermercados de vários Estados brasileiros. Em Beltrão, os preços praticados pelos mercados seguem os valores dos demais Estados.
No mercado
Maggi disse ainda que pretende propor às grandes redes de supermercado que busquem comprar o produto nas regiões onde a oferta é maior. “Pessoalmente tenho me envolvido nas negociações com os cerealistas, com os grandes supermercados, para que eles possam fugir do tradicional que se faz no Brasil, e ir diretamente à fonte onde tem esse produto e trazer. E, à medida que o produto vai chegando ao Brasil, nós temos certeza de que o preço cederá na medida em que o mercado for abastecido”, disse o ministro por meio do portal.
Gerentes de mercados dizem que queda do preço deve demorar
JdeB – A decisão do Governo Federal de importar o produto é positiva na opinião de Gilvani Menezes, gerente de loja central do Ítalo Supermercados de Francisco Beltrão. Porém, ele observa duas questões importantes. Os preços do feijão preto e carioca devem continuar altos até a chegada das primeiras remessas de produtos importados.
Gilvani ressalta, ainda, que a cotação do dólar pode influenciar no preço do produto. “Outro fator que vai balizar [a redução ou não] é o dólar, já que a cotação está alta”, diz.
Nos mercados locais, o preço do feijão carioca está na faixa de R$ 9,90 a R$ 10. “Mas na nossa região as pessoas consomem mais o feijão preto, cujos valores estão na faixa de R$ 5,99 a R$ 6 o pacote de um quilo; estes valores no varejo também estão altos, já que normal é na faixa de R$ 2,50 a R$ 2,90.”
O gerente de loja do Super Vipi em Beltrão, Hermes Moos, também não acredita que os preços do pacote de feijão vão baixar em pouco tempo. “A curto prazo o preço não vai baixar”, sentencia.
Entenda o porquê do reajuste do feijão
Jakeline Barbosa – Bolsinha de Feijão de São Paulo – Os preços do feijão sofreram forte reajuste principalmente por causa da pouca oferta de feijão no mercado. Ocorre que os problemas climáticos que os produtores vêm enfrentando desde o início da safra 2015/16 ocasionaram perdas nas lavouras. Isso fez com que a oferta de feijão fosse menor nesta temporada.
Algumas informações erradas estão sendo compartilhadas nas redes sociais a respeito da oferta de feijão, alegando que o alto preço se deve ao fato de o Governo Federal ter doado feijão a países da África. Entretanto, vale esclarecer que o feijão doado era um feijão que foi adquirido pelo Governo Federal quando a saca atingiu valor menor que o preço mínimo.
Ocorre que, em meados de 2014, o valor da saca estava abaixo do preço mínimo – que é o preço de custo estimado para a produção de uma saca de feijão – e, por isso, o governo comprou feijão dos produtores. Esse feijão ficou estocado nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) durante muito tempo, o que gera um custo para a Conab para manter esses estoques.
De lá para cá, a Conab abriu chamadas públicas para priorizar a doação do feijão para municípios brasileiros e, dessa forma, a prefeitura que tivesse interesse em receber esse feijão, deveria se inscrever nessa chamada pública.
Mesmo com a doação do feijão estocado na Conab para as prefeituras, ainda havia estoque do grão na Conab que, posteriormente, foi doado para países da África, além do Haiti e Cuba. Vale ressaltar que o feijão, quanto mais tempo estocado, mais velho fica, chegando a um ponto de ficar inapropriado para o consumo.