Por causa das medidas, professores estaduais devem manter a greve.

O Governo do Paraná anunciou ontem o envio de projeto de lei à Assembleia Legislativa para o reajuste de 5% nos salários do funcionalismo público. O índice será pago em duas parcelas, conforme a capacidade orçamentária e financeira do Estado. O governo afirma que nos últimos quatro anos concedeu aumentos nos salários acima da inflação para quase todas as categorias do funcionalismo público. “De 2011 a 2014, a média de reajuste do salário base do funcionalismo foi de 63,6%. A inflação acumulada para o período foi de 26,7%”, diz a nota.
O Governo também anunciou o encerramento das negociações com os sindicatos que representam servidores públicos. A última reunião foi terça-feira, 12. As paralisações de servidores da educação e das universidades estaduais foram consideradas abusivas pela Justiça.
Com base nisso, o Governo do Estado anunciou também o registro de faltas dos grevistas para o correspondente desconto nos salários e a abertura de novo Processo Seletivo Simplificado (PSS), para a contratação de professores temporários.
O governo ainda autorizou a Secretaria da Educação a abrir processos para apurar casos de insubordinação de diretores que, durante a greve, mantiveram as escolas fechadas ou dificultaram o acesso de estudantes e professores. Os processos podem levar à definição de penalidades aos diretores que comprovadamente se omitiram ou atuaram contra o interesse da comunidade.
Além da definição sobre o índice de correção salarial, o Estado confirmou a atualização de benefícios que estão em atraso ou programados para este ano. Serão gastos R$ 260 milhões até o final do ano para regularizar todas as pendências com o funcionalismo, como a implantação de promoções e progressões de carreira. Uma parcela de R$ 16 milhões já está prevista para ser quitada neste mês de maio.
O presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, por outro lado, afirma que isso é uma afronta do governo: “Além de nos receber com bombas e violência no dia 29, agora lança outro ataque: aos nosso direitos”. O presidente regional da APP, Miguel Forlin, não tem muitas esperanças para o fim da greve. “Com essa proposta e o governo dizendo que não vai mais sentar para negociar, eu acho difícil que os professores voltem” ao trabalho.
Professores estaduais querem propostas do governo
Nesse cenário conturbado, a APP-Sindicato já anunciou que a greve continua e o comando estadual de greve vai fazer avaliações sobre a situação no dia de hoje, 15. E os educadores do Sudoeste também vão participar dessa reunião.
Para isso, o núcleo da APP-Sindicato de Beltrão, que representa 27 municípios da região, esteve reunida ontem, em conselho. Mas a reunião não aponta para o término da paralisação. “Nós queremos voltar para as aulas, mas para isso, precisamos que o governo faça propostas. O sindicato cobra negociação, mas o governo diz que não vai mais sentar e negociar. Aí vai acabar sendo uma queda de braço, uma coisa que nós não queríamos”, garante o professor Miguel Forlin, da APP. Nessa queda de braço, o governo estadual não senta mais para negociar e os professores pedem propostas para poder tomar uma posição. De outro lado, os mais de um milhão de alunos das 2,5 mil escolas estaduais continuam sem aulas.

Pais e estudantes pedem o fim da greve dos educadores?
Em meio ao embate de governo e professores, alunos encontram-se sem aula e temem perder o ano letivo. Parte desses estudantes e seus pais protestam, mas de modo dividido.
Em Pato Branco, ontem, por exemplo, pais e alunos estiveram junto dos professores, em passeata pelo centro da cidade, em apoio ao movimento grevista.
Já em Beltrão, um grupo de pais vai se reunir amanhã, às 9 horas, no Calçadão, para marchar em um movimento que, de acordo com Jucimara Thomé, mãe de aluno, “não vai ser contra professores, nem contra o governo, será só um pedido de volta às aulas”.
De outro lado, segundo a Agência Estadual de Notícias, pais de alunos protocolaram requerimento contra a greve, reclamando e afirmando que os professores são massa de manobra do sindicato, e que, nas palavras da mãe Ana Paula Machuca Marcon, “nenhuma reivindicação dos professores é em prol da melhoria da qualidade da educação”.
O professor Miguel Forlin, da APP de Beltrão, contesta, dizendo que as reivindicações são sim em prol da educação e que o assunto dos salários dos professores só entrou em pauta agora, em maio, que é a data-base da categoria. “Será que esses pais que estão exigindo a volta estão satisfeitos vendo seus filhos estudando em uma sala que comporta 30 alunos, entulhada com 50? Ou satisfeitos em escolas sucateadas, ou que não têm merenda, ou que não possuem recursos para dar condições dignas para o aluno que está estudando ali?”.