Hoje, 29 de abril, é lembrada a morte de um dos maiores ídolos da MPB da época. O acidente de carro ocorreu na PRC 280 entre Marmeleiro e Renascença.

Filho de um famoso cantor e compositor, Luiz Gonzaga Nascimento Filho, Gonzaguinha, nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro. A mãe, Odiléia, era uma cantora e dançarina que morreu de tuberculose, com 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos 2 anos de vida.
Diante da dificuldade de criá-lo, o pai, Luiz Gonzaga, entregou o filho aos padrinhos, seu Xavier e Dona Dina. Na infância, ele viveu no morro de São Carlos, onde conviveu com a miséria, a falta de infraestrutura e todas as adversidades que existem numa favela. Aos 16 anos, Gonzaguinha voltou a morar com o pai para dar continuidade aos estudos. Entretanto, as desavenças com a madrasta fizeram com que o adolescente fosse encaminhado para um colégio interno. Os estudos o levaram à Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.
Durante as aulas, na faculdade, encontrou outros músicos novatos. Nesse período, fez parte do Movimento Artístico Universitário (MAU) junto com Ivan Lins, Dominguinhos, Aldir Blanc e César Costa Filho.
Gonzaguinha participava de festivais e já começava a despontar pelas letras com forte teor social. Aliás, as letras provocativas eram uma marca da carreira do cantor e compositor, que frequentemente driblava a censura da época. Em algumas oportunidades, recebeu advertência da censura e muitas críticas pelo tom irônico e agressivo que usava nas músicas. Porém, graças às polêmicas, Gonzaguinha conseguiu iniciar uma carreira de sucesso.
No ano de 1976, mais calmo e com um perfil diferente nas letras escritas por ele, o cantor lançou o disco “Começaria Tudo Outra Vez”, conseguindo o sucesso entre as massas. A partir daí se consolidou como compositor, sendo gravado por cantoras como Elis Regina, Simone e Maria Bethânia.
O fim da carreira e da vida do artista aconteceu logo após uma apresentação feita em Pato Branco, quando passava entre os municípios de Renascença e Marmeleiro, num trágico acidente automobilístico em 29 de abril de 1991, portanto há 25 anos hoje.
Chegada no acidente
O último show de Gonzaguinha foi em Pato Branco, no Clube Pinheiros, um domingo, dia 28 de abril de 1991. Na manhã seguinte, logo cedo, Gonzaguinha, acompanhado do empresário Renato Manoel Duarte e Aristides Pereira da Silva, seguia de carro rumo a Foz do Iguaçu, onde pegaria o avião para Florianópolis. No trecho da PRC 280 entre Renascença e Marmeleiro, o Monza bordô, conduzido por Gonzaguinha, colidiu contra uma caminhonete Ford F4000. A ocorrência foi prontamente atendida pela Polícia Rodoviária Estadual. Na ocasião, o odontólogo Eduardo Scirea, atual vice-prefeito de Francisco Beltrão, seguia para o consultório que tinha em Renascença e viu o acidente, próximo à passarela da cidade. “O carro estava em alta velocidade, o Gonzaguinha estava com pressa, e a caminhonete entrou no asfalto naquele momento e acabou batendo”, recordou Scirea.
Como curioso, parou para ver o que estava acontecendo e não sabia que estava prestes a testemunhar o acidente que vitimou fatalmente um ídolo da música brasileira. Ontem, Scirea contou a história para o repórter Ademir Augusto, da Rádio Onda Sul FM. “Eu não vi o corpo do Gonzaguinha, ele recém tinha saído com uma Pampa marrom. Lembro muito bem que eu não consegui ver o corpo, mas eu vi a Pampa saindo e sei que o corpo estava dentro, já sem vida, se deslocando. Sei que passou pelo hospital de Marmeleiro, depois fiquei sabendo que tinham levado até a Policlínica. Foi por causa dos policiais rodoviários que pediram para ver a pochete do Gonzaguinha, aquelas de cintura, que eu acompanhei como uma testemunha, e aí vi a identidade dele. Eu me lembro também que contamos 19 notas, não sei se era cruzeiro ou real naquela época, de um real, e aí eu tive certeza, esse aqui, que estava morto, era o Gonzaguinha. No outro dia, inclusive, a foto do Jacir Walter estava estampada no JdeB. Após a confirmação, liguei imediatamente para a Rádio Educadora AM e Princesa AM para dar a notícia da morte do Gonzaguinha”, comentou Scirea.
Última entrevista de rádio em FB
Gonzaguinha fez uma turnê de shows pelo Oeste e Sudoeste do Paraná. A maratona de shows começou em Foz do Iguaçu, depois passou por Cascavel, Francisco Beltrão e Pato Branco. Na quinta-feira, antes do acidente, Gonzaguinha se apresentou no anfiteatro da Facibel, atual Unioeste, com capacidade máxima de público presente no local. Mais cedo, à tarde, ele, acompanhado do empresário, foi aos estúdios da Rádio Continental FM. Lá, Gonzaguinha foi entrevistado pelo comunicador Adair De Toni, hoje diretor da Rádio Onda Sul FM. De Toni disse que lembra pouco das perguntas que fez e das respostas do cantor. “Lamento não ter guardado um arquivo da entrevista, mas também nunca imaginei que pudesse ser algo histórico. Lamentei a morte do artista, mas guardo pra mim ter sido, possivelmente, o último radialista de Francisco Beltrão a entrevistá-lo”, finalizou.