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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.217

03/06/2025

Há 50 anos vivendo e decidindo sobre a Comunidade Batista Betel

Muitos nomes se destacam na história da Comunidade Batista Betel de Francisco Beltrão, que neste fim de semana comemora seu 50º aniversário. Mas o mais presente, e influente, é do pastor, hoje apóstolo, Horacio Silveira. Ele assumiu sua direção poucos meses após a fundação, depois saiu durante o período que exerceu a promotoria de justiça, mas retornou e continua participante e decisivo, hoje atendendo também as demais igrejas evangélicas Betel do Sudoeste do Paraná e o Oeste de Santa Catarina.

Apóstolo Horacio e a esposa Neli Serafim Silveira, em uma de suas viagens internacionais.

Paranaense de Tibagi, nascido em 28 de setembro de 1942, é o último dos nove filhos de Davino e Almerinda (conhecida por Arminda) Cunha Silveira.

Ainda em sua infância, a família mudou para Ponta Grossa, onde Horacio conheceu a futura esposa, Neli Serafim Silveira, e, embora de família espírita, tornou-se pastor evangélico, por influência do futuro sogro, Pedro Serafim. Cursou Teologia em Minas Gerais e quando casou (com Neli Serafim, em 6-6-70) já residia em Francisco Beltrão. Aqui nasceram seus três filhos: Elisangela (esposa do pastor Ivo Santos Jr., atual presidente da Comunidade Batista Betel (CBB), Virgínia (casada com Laércio Lucca) e Haralan Judson, casado com Mariah), que já lhe deram oito netos.

A Primeira Igreja Batista de Francisco Beltrão, hoje Comunidade Batista Betel, foi criada pelo pastor Jacó Klava em 11 de maio de 1969. Horacio assumiu dia 31 de dezembro do mesmo ano. Ausentou-se de Beltrão a partir de 1973 para cursar Direito em Curitiba. Depois de formado, foi promotor de justiça, até se aposentar em 1991, ano em que reassumiu a Igreja, reunificando-a (havia se desdobrado em duas) com a construção do belo templo da Rua Romeu Werlang (inaugurado em 1998) e passou a se dedicar totalmente a ela.

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Horacio é autor de cinco livros: A Justiça do Justo, Santos Padres e Santos Podres, O Grito do Mundo, Jesus, quem realmente foi este homem e – está sendo lançado neste fim de semana – O que Deus tem feito nas vidas de Horacio e Neli na Comunidade Batista Betel.

Nesta entrevista ao Jornal de Beltrão, o apóstolo Horacio Silveira conta um pouco de sua vida, repleta de sonhos e realizações.

Como era a hoje Comunidade Batista Betel quando o senhor chegou em Beltrão, 50 anos atrás?
Horacio – Na verdade eu não queria vir pro Paraná, queria continuar em Minas Gerais terminando o curso de Teologia, mas vim pra Francisco Beltrão por sinais de Deus na minha vida. Vim, humanamente falando, de qualquer maneira, mas na direção tão segura de Deus que assumi no dia 31 de dezembro de 1969 uma igreja fundada pelo pastor Jacó Klava, que veio pra cá em 67. Assumi uma igreja novinha, pequenininha, com 17 membros, mas que frequentadores eram umas 30 pessoas, contando os familiares dos considerados membros. Assumi essa igreja com uma arrecadação que mal dava pra pagar o aluguel, em cima do Bar Azul, na Avenida (Júlio Assis Cavalheiro). Essa arrecadação dava pra pagar o aluguel e um programa de rádio que a gente tinha na Princesa. O pastor Jacó foi pra Maringá começar outra igreja, que inclusive existe lá, é Igreja Batista Sião. Assumi naquela dificuldade financeira incrível, na direção segura do espírito de Deus. Daquele começo posso contar alguns fatos bem interessantes quanto à dificuldade financeira, mas com a provisão de Deus. Quando a Elisângela nasceu, nossa primeira filha, fui vender um long play pro Agustinho Seleski e ele comprou, só que não sabia que era pra comprar leite pra minha filha (risos). Mas Deus é tão misericordioso que sempre nos deu a provisão que precisamos.

O senhor era um jovem cheio de ideais. Quando chegou aqui era solteiro ainda?
Cheguei solteiro, depois noivei e casei depois de seis meses, dia 6 de junho de 1970.

Casou em Ponta Grossa?
Em Ponta Grossa. Na verdade minha juventude toda foi em Ponta Grossa, me converti ao Evangelho em Ponta Grossa e o pastor Pedro Serafim, que me ganhou pra Jesus, é meu pai na fé, e se tornou meu sogro. Essa grande mulher (esposa Neli) é uma bênção até hoje na minha vida. Depois que a gente continuou esse trabalho iniciado pelo pastor Jacó, tivemos muitas lutas, dificuldades financeiras incríveis, mas experiências gloriosas também da presença de Deus, com respostas gloriosas, verdadeiros milagres em nossas vidas. Quero contar um, bem ligeiro. Fui visitar um casal, uma família, em Aparecidinha, hoje Boa Vista da Aparecida, na beira do Iguaçu. Desci do ônibus já de noite, andei uns quatro ou cinco quilômetros a pé até chegar na casa do Orestes Barata. Quando cheguei lá, a mulher estava sozinha, o Orestes estava trabalhando fora há uns 15 dias e a mulher em trabalho de parto. Eu solteiro, diante de uma mulher em trabalho de parto, com contrações! Animei aquela mulher, disse pra ela ficar tranquila que tinha condições de atender o parto, que fiz um curso no seminário de socorro de urgência, inclusive com ensinamentos de como atender um parto e de fato fiz mesmo. Fui dormir num paiolzinho ao lado da casa e veio um temporal! Eu orando, pedindo a intervenção de Deus naquela situação. Pois Deus foi tão misericordioso que interferiu e acho que resolveu atrasar o parto da mulher. Pararam as contrações. Naquela noite mais orei do que dormi. Levantei, tomei um cafezão que ela tinha feito, ela estava tranquila, oramos a Deus, e fui embora. Subi aqueles quatro ou cinco quilômetros agradecendo pela provisão de Deus. Que milagre de Deus! Podia contar vários milagres de Deus em nossa vida. Mas em termos de igreja, ela foi crescendo, inclusive na região e no interior, e a igreja já estava com 53 membros quando pensei: “Sabe que já está na hora de ir embora!”.

Foi quando o senhor foi pra Curitiba estudar Direito?
Fui pra Curitiba. A igreja tava crescendo e na minha meninice eu pensei: “Não vou esperar problema pra daí ir embora”. Fui embora e o povo ficou chorando numa despedida realmente muito chorosa. Pastoreando em Curitiba eu fiz Direito. Terminando o curso, começamos orar a Deus numa sala grande e naquela sala só tinha um sofá, não era um jogo de sofá, era só aquele maior, com três lugares. Nos ajoelhávamos toda noite ao lado daquele sofá pedindo a direção de Deus na nossa vida. Qual foi a direção de Deus? Voltar pra Francisco Beltrão, de novo com sinais. Mas sabe por que Deus me deu sinais de voltar pra Beltrão? Porque indo embora de Beltrão – morava na Rua Palmas, num porão da casa do senhor Picolotto – e com a mudança em cima do caminhão chegou um homem de Barracão, José Alves de Oliveira, esse homem me chamou na frente do caminhão e disse: “Pastor Horacio, estou vindo de Barracão com a palavra de Deus pro senhor”. “Pode falar, irmão José.” “Deus mandou dizer pra você, que você está indo embora de Francisco Beltrão, mas está deixando aqui as armas”. Mostrei o caminhão pra ele e ainda larguei a responsabilidade em cima do irmão José. Falei: “Irmão José, olha o caminhão com a mudança. O que você quer que eu faça?”. Deus foi tão misericordioso que fui embora, fiz Direito pastoreando lá e começamos orar pedindo a direção na nossa vida. E qual foi a direção? Volta pra Francisco Beltrão e pega as armas que você deixou lá. Eu digo glória a Deus, por sua misericórdia. Assim como vim a primeira vez pelos sinais de Deus, eu voltei pra Francisco Beltrão com sinais de Deus.

Quem ficou responsável pela igreja nos cinco anos que o senhor esteve em Curitiba?
Um outro pastor que veio de Minas Gerais, chamado Cesalpino Teodoro. Ele ficou pouco tempo aqui e veio outro pastor, não lembro o nome, que também ficou pouco tempo, aí o pastor Jacó voltou pra Francisco Beltrão. No tempo do pastor Jacó foi o tempo que eu terminei o curso de Direito. Tinha um convite pra voltar pra Beltrão e outro pra ir pra Goiânia, pastorear a 4ª Igreja Batista de Goiânia, mas orando a Deus ele me mostrou sinais de que era Francisco Beltrão e não Goiânia. Então voltamos no tempo que o pastor Jacó estava aqui pela segunda vez, eu também voltei pela segunda vez. Eu pra pastorear a sede em Francisco Beltrão e o pastor Jacó pra trabalhar a evangelização na região, que na verdade era o dom dele, o dom de evangelista. Ficamos aqui algum tempo, aí tem um capítulo triste nessa história da igreja. Começamos a nos desentender com o pastor Jacó, o ministério dele de evangelista, eu de pastor e nossa imaturidade, porque se tivéssemos visão de ministério plural, de corpo, como tem variedade de dons, e esse dons existem em variedade por quê? Pra nos completarmos. Nós não tínhamos essa visão e essa maturidade. Aí resolvemos entregar a igreja pra Ordem de Pastores Batistas do Paraná. Preferimos entregar a igreja pra ela não se dividir, porque de fato estava dividida num grupo com o pastor Jacó e outro comigo. Mas por culpa nossa mesmo, pois começamos a nos desentender e o povo pendeu pra um lado ou pro outro. Entregamos a igreja, aí fiz concurso pro Ministério Público e o pastor Jacó se transferiu pra uma igreja no Norte Velho. Eu fiz concurso, passei e assumi como substituto aqui, depois fui promovido pra Dois Vizinhos, requeri remoção pra Tibagi, minha terra natal, aí vim promovido pra Francisco Beltrão, que era intermediária naquele tempo, hoje é entrância final.

Foi promotor por quantos anos?
Por 10 anos e um tempinho. Eu tive contribuição particular por mais de 20 anos e, somando o tempo de atividade no Ministério Público, me aposentei.

Quando se aposentou voltou pra igreja?
Por que é que me aposentei? Pra pastorear. Se não fosse pra pastorear eu não teria me aposentado. Aí me aposentei, voltei pra Francisco Beltrão e na semana seguinte à minha aposentadoria eu já estava procurando um caminhão pra voltar pra Francisco Beltrão. Não tirei 15 dias de férias (risos).

Então o senhor tentou muitas vezes sair de Beltrão, mas não conseguiu?
Sempre vim de novo (risos).

E aquela vez que o senhor foi pra Minas Gerais, uma mulher teve um sonho, como foi?
Pois é. Eu não queria vir pro Paraná. Gostei muito de Minas Gerais. Fui lá fazer Teologia. Tive três convites, terminando o curso, pra pastorear, dois em Minas Gerais e um no Espírito Santo, mas naquele último ano de seminário eu vim fazer um trabalho de férias em Francisco Beltrão e meu coração se abriu de uma maneira extraordinária pra Francisco Beltrão. Esse foi o primeiro sinal de Deus pra minha vinda pro Paraná e pra Beltrão. Voltando pra terminar o curso passei por Ponta Grossa e falei com meu futuro sogro: “Pastor Pedro, já não digo que não venho pro Paraná. Se for pra Francisco Beltrão, eu venho”. Fui embora e tive um sonho, uma senhora que era da igreja que eu dirigia estava preocupadíssima com o sonho que ela teve, que aconteceu exatamente como ela sonhou. Ela queria conversar comigo pra eu explicar como aquele sonho se cumpriu de uma maneira tão literal. Tava o recado no seminário: quando eu chegasse, a irmã Gil queria falar comigo. Ela contou o sonho que não quero entrar em detalhes, mas é muito interessante. Ele se cumpriu à risca. Ela me contou o sonho no dia seguinte: “Eu tive um sonho assim com o irmão”. Aí eu pensei “meu Deus!, é pra eu saber que esse sonho que ela teve comigo vai se cumprir à risca”. Foi uma direção de Deus aquele meu entendimento. Perguntei, já muito preocupado: “O que é que você sonhou comigo, irmã Gil?” Ela disse: “Sonhei que você chegou do Paraná, me entregou um par de alianças, pediu pra eu guardar pra você e você me disse ‘irmã Gil, tenho uma igreja pra pastorear no Paraná e vou voltar ao Paraná no mês de setembro”. Eu tinha chegado no comecinho de agosto pra terminar o curso naquele segundo semestre, não pensava nunca em voltar ao Paraná no mês de setembro. Antes do final de agosto chegou uma carta do meu sogro dizendo: “Se você quer vir mesmo pro Paraná, pra Francisco Beltrão, então venha aqui em Ponta Grossa no dia 15 de setembro que vamos ter uma reunião da Ordem de Pastores do Paraná e vamos tratar desse assunto”. Em 15 de setembro eu estava de volta ao Paraná, participando dessa reunião, decidindo a minha vinda pra Francisco Beltrão. Esse foi outro sinal tão claro de Deus de que eu devia vir pra Beltrão. Hoje eu aceitei a consagração de apóstolo porque entendi o que significa isso na minha vida, inclusive o que significa esse termo. Antes eu dizia que apóstolo é vaidade, que não existiam apóstolos pro nosso tempo, mas como apóstolo é um dom ministerial, de lançamento de base, de fundamentos, vi que foi isso que aconteceu, que Deus fez comigo no Sudoeste do Paraná. Temos várias igrejas em todo o Sudoeste e até em Santa Catarina. Deus, por sua misericórdia, me trouxe pra Francisco Beltrão, naquele tempo pra participar desse mover-se dele na nossa região e nas nossas vidas com a Comunidade Batista Betel.

O senhor esteve ausente da igreja no período que estudou em Curitiba e no período em que foi promotor. Em que ano o senhor retornou?
Em vim em 78 quando terminei o curso de Direito. Aí quando nos afastamos da igreja e fui fazer o concurso, fiquei na região, depois fui pra Tibagi e voltei pra cá, fui promovido pra entrância final em Curitiba e me aposentei em 91. Aí voltei pra cá e assumi definitivamente.

 

Como estava a igreja em 91 quando o senhor reassumiu?
Estava ainda numa situação difícil, porque a igreja se dividiu, tivemos duas igrejas aqui por um tempo: 1ª Igreja Batista e Batista Betel. Por causa daquelas dificuldades que tivemos com o pastor Jacob, entregamos a igreja pra não dividir, mas acabou dividindo. Quando voltei, tinha essas duas igrejas e, com a minha volta, pela graça de Deus, aconteceu a fusão, mas não fui eu que fiz a fusão. O pastor que estava pastoreando a 1ª Igreja Batista, o Pedro Roberto, era um baiano que veio pra cá pastorear. O meu sogro (Pedro Serafim) pastoreava a Batista Betel. Esse pastor que veio pra cá lutou, batalhou e viu que seria muito importante a fusão. E o Pedro Roberto foi o homem que Deus usou pra fazer essa fusão. Ele ligou pra mim e contou a história da 1ª Igreja Batista, as dificuldades dela, e disse: “Olha, pastor, a solução que eu vejo é a fusão”. Eu falei: “Pedro, pra nós da Batista Betel não tem dificuldade, a dificuldade está aí”. Ele trabalhou duro, conversando com um por um dos membros e a fusão aconteceu. Me lembro, nós tínhamos o salão de culto ao lado do Quartel (hoje 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado) e ali aconteceu a fusão numa noite memorável. Combinei com o pastor Pedro Roberto que a gente iniciava o culto e aí eles chegavam e a gente interrompia o culto pra recebê-los. A gente estava cantando, adorando, quando o povo da 1ª Igreja Batista, junto com o pastor Pedro Roberto, chegou. Nós paramos de cantar e abrimos um grande corredor pra aquele povo entrar… (Pausa: Horacio se emociona ao lembrar essa passagem).

Foi um dos momentos mais marcantes desses 50 anos?
Foi esse. Dali pra cá a igreja só cresceu.
Cada igreja tinha sua sede até então?
Sim, a 1ª Igreja Batista estava onde hoje temos o templo e a Igreja Batista Betel estava ao lado do Quartel. Aí vendemos lá em cima e construímos o templo.
Se não acontecesse a união, talvez houvesse dificuldades pra construir o templo?
Ah, com certeza! A 1ª Igreja Batista tinha começado a construir um templo pequeno e a construção parou por falta de recursos. Quando houve a fusão, nós demolimos aquele templozinho que estava parado, pra construir o templo que temos hoje.
Depois estabilizou ou teve mais crises?
Aí, pela graça de Deus, só cresceu. Se esparramou pela região e temos igrejas em Palma Sola, São Lourenço do Oeste, Pato Branco, Renascença, Marmeleiro, Chopinzinho, Dois Vizinhos, Cruzeiro do Iguaçu, Boa Esperança do Iguaçu, Coronel Vivida e estamos aí vendo a obra crescer.
Nessa comemoração dos 50 anos, o que o senhor acha que mais deve ser lembrado na Comunidade Batista Betel?
Acho que tudo. Sobretudo a graça de Deus, a direção, a provisão de Deus. Desde aqueles começos difíceis até hoje a provisão do Senhor é a mesma. Em meio a tantas lutas, só tenho gratidão em meu coração. É muito interessante ver Deus usando a gente, dirigindo a gente de maneiras diferentes, conforme vamos caminhando. Hoje vejo como Deus nesses últimos anos está me conduzindo pra situações diferentes, pra ministérios diferentes. Eu tive um sonho em Dois Vizinhos, há uns 15 ou 20 dias, numa noite de sábado pra domingo, que me fez sofrer muito porque eu tinha uma palavra de Deus pra uma pessoa aqui de Francisco Beltrão. Uma pessoa importante, influente em toda a região. Acordei de manhã com aquela certeza e aquele impulso de que eu precisava transmitir pra aquela pessoa essa palavra. Entramos em contato e eu vim de Dois Vizinhos pra cá, naquele domingo à tarde, só pra transmitir àquela pessoa a palavra que eu tinha certeza que era de Deus. Uma pessoa que eu conheço há tempo, mas que eu não convivo, não fico lembrando sempre dessa pessoa, mas naquela noite tive aquele sonho, inclusive com sofrimento pra chegar àquela pessoa. Tive que romper barreiras pra chegar nela, tal era o significado da palavra de Deus pra ela. Com certeza ela tava precisando muito daquela palavra. Isso não é costumeiro, Deus me usar dessas maneiras, mas ultimamente vejo como é interessante isso, como Deus me conduz pra tipos diferentes de palavras, tipos diferentes do exercício do ministério. Estou na região, fui pra Dois Vizinhos pra ajudar meu genro e minha filha que são pastores lá, pastor Laércio e pastora Virgínia. Eu já tinha dito pra minha esposa: “Penso de ficar aqui até o final de ano”. Mas isso é o que eu penso, porque Deus pode agir diferente. Acredita que, agora numa última reunião de pastores que tivemos aqui em Francisco Beltrão, abordamos algumas necessidades da região e uma bem específica é da igreja de Pato Branco. Sabe quem sobrou pra ir pra Pato Branco? Eu!

Então o senhor está se preparando pra mudar pra Pato Branco?
No final de junho vou me mudar pra uma temporada em Pato Branco.

Mas um dia acaba voltando.

Penso em ficar um tempo lá ajudando a igreja até que tenhamos um pastor com condições de assumir. Aí eu venho pra Beltrão. Isso é o que eu penso (risos).

Nesses 50 anos muita coisa mudou em todos os sentidos. O que o senhor vê na fé do povo? Quais os motivos que levavam as pessoas a procurar a igreja 50 anos atrás e quais motivos levam a procurar hoje?
Interessante que a necessidade do ser humano é a mesma. Espiritualmente falando o mundo melhorou em tantas áreas, tem até o pensamento de que sempre vai melhorando, mas profeticamente, biblicamente não é assim. Avançou em tantas áreas, evoluiu, a tecnologia, etc, mas a natureza humana, a necessidade espiritual das pessoas é a mesma. Sem Cristo estamos perdidos. O salário do pecado é a morte, isso está escrito, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. Todo mundo tem esse vazio. Nada pode preencher esse vazio. O solteiro pensa: “Ah, eu preciso casar”. Ele casa, mas o vazio continua. “Preciso ter um carro, uma casa”. A pessoa tem tudo isso, mas o vazio continua. Só a experiência com Cristo Jesus na revelação do Espírito Santo de Deus. Não é só ter uma religião. Pra muita gente ter uma religião é como ter um time. Mas a experiência com Cristo Jesus é inefável, não posso comparar com nada porque quem chega nessa experiência de salvação pelo poder do sangue precioso de Jesus preenche totalmente o vazio. E não só preenche, alcança uma realização plena e perfeita na vida. Então a necessidade das pessoas é a mesma, sempre. Agora, em termos de profundidade na fé as coisas mudaram bastante. Com a pós-modernidade, com esse subjetivismo, cada um vê as coisas como quer, entende como quer entender. Esse relativismo infelizmente está na cultura geral de todos os povos. Até certos pregadores ficam explorando a crendice do povo só pra atrair gente. É complicado o que estou dizendo, mas tem pregadores que não tenho coragem de chamar de pastores, de ministros de Deus, porque estão explorando a crendice, a credulidade, até a superstição do povo. Hoje a igreja vive um nível mais superficial. O povo de Deus precisa da profundidade do alicerce bendito da palavra de Deus e de sua experiência profunda de salvação pelo poder do sangue precioso de Jesus que realmente nos purifica de todo o pecado. Essa é uma dificuldade hoje, a própria cultura, as pessoas vão pra igreja e muitas ficam naquela superficialidade. Jesus falou nesse assunto na parábola do semeador e preguei isso há poucos dias. O semeador saiu pra semear e tinha quatro tipos de solo, uma semente caiu num solo pedregoso, outra caiu à margem do caminho, foi pisada pelos homens, etc. A última é que frutificou. Fico pensando nessa superficialidade dos terrenos. Precisamos cuidar desse terreno que somos nós mesmos pra não acabar com uma vida cristã superficial.

Pra encerrar, como o senhor vê hoje, 50 anos depois, a comunidade Batista Betel? Consolidada ela está, mas quais os desafios de hoje?
O desafio é pregarmos o Evangelho e semear a palavra como citamos na questão do semeador. Tem muito terreno pra ser conquistado. Lembrei de Josué quando chegou pra ocupar Canaã. Tanta terra conquistada, Josué já velho, terminando seu ministério, e isso vale pra mim (risos), Deus disse: “Josué, você está velho e muita terra ainda há pra ser possuída”. A vida de Deus é progressiva, a revelação de Deus é progressiva e precisamos dessa visão de que precisamos pregar a palavra de Deus enquanto é dia, porque a noite vem quando ninguém mais pode trabalhar. Eu creio por toda palavra profética registrada na Bíblia que essa noite já chegou. Aquele livro que escrevi “O Grito do Mundo”, na segunda parte dele eu faço um estudo das palavras proféticas comparando nosso tempo, nossos dias, e vou citar uma. Isaías, no capítulo 66, o último capítulo, ele fala de uma maneira muito clara sobre a restauração, o nascimento de Israel num só dia. Veja só, quando aconteceu esse nascimento de Israel num só dia? Na nossa geração, em 1947. A profecia de Isaías termina em nossos dias, além de outras tantas que cito naquele livro que foram cumpridas. O fato é que estamos vivendo esses últimos dias. Eu creio na gloriosa volta de Jesus. Eu conversava há poucos dias com uma pessoa que dizia que é difícil de crer nesses assuntos. Eu disse: “Eu não te censuro por você não crer. Sabe por que você não crê? Porque a fé vem por ver e ouvir a palavra de Deus”. À medida que você vai examinando a fé, vai crescendo, a conexão vai se fortalecendo. Comparava com o tempo que trabalhei na promotoria e pegava um monte de papel, uma pilha alta, e pegava folha por folha, depois vai pra doutrina, pra jurisprudência, até que pensava: “Já sei que caminho tomar”. Assim é a fé, vamos examinando a palavra de Deus e a fé vai dando saltos dentro da gente. A gente vai examinando essas palavras proféticas e vai percebendo que a gloriosa volta de Jesus, como ele prometeu, está muito mais perto do que nós podemos pensar. É só olhar pra loucura geral do mundo em todas as áreas e isso é profético. Jesus falou sobre isso em Mateus capítulos 24 e 25. Fala inclusive sobre os sinais que ele chamou de princípio de dores, que no original quer dizer dores de parto.

 

Resumo histórico da Comunidade Batista Betel

– Em 4 de janeiro de 1967 o casal de pastores Jacob e Zelinda Klawa, com sua filhinha Ana Rosalle de dois meses de idade, mudaram de Curitiba para Francisco Beltrão, com o propósito de estabelecer aqui um trabalho da então Convenção Batista Nacional. No dia 16/3, com 5 meses, Ana Rosalle viria a falecer, acometida de meningite. .
Alguns primeiros irmãos daquele tempo: Deocrécio Pereira da Silva e Maria Pereira, os primeiros a serem batizados; Sargento Daniel Santos e família; Ozório Garcez, Olinda Dalacort, família De Luca, família Vargas e Sebastião Souza.
– Em 26-3-1967 foi organizada a congregação que em alguns meses depois começou a funcionar em cima do “Bar Azul” (onde hoje localiza-se o Edifício San Fernando) na Avenida Júlio Assis Cavalheiro.
– Dia 11 de maio de 1969 é organizada então a 1ª Igreja Batista de Francisco Beltrão, e em 31 de dezembro assumiu o casal pastor Horácio e Neli Silveira; o casal de pastores Jacob e Zelinda Klawa foram criar a Igreja Batista Sião de Maringá.
– Em 1975, a Igreja adquiriu dois terrenos na Rua Romeu Lauro Werlang, onde hoje está instalada. Para serem nivelados, foram utilizadas mais de 1.700 caçambas de terra.
– Funcionamento da “Escola Missionária Rosalee Mills Aplebby”, de 1976 a 1978, com duas turmas denominadas “Pré-primário e 1º série do Ensino Primário”.
– Em 1977 foram iniciados os trabalhos da Comunidade Terapêutica Betel.
– 1979, retorno de Horacio e Neli Silveira.
– Em 1982 houve uma divisão: Igreja Batista Betel e 1ª Igreja Batista de Francisco Beltrão.
A reunificação ocorreu em 9 de abril de 1992.
— De 1994 a 1997 foi construído o templo, inaugurado em 12 de dezembro de 1997.
– Início dos anos 2000, começou a caminhar como Igreja em células.
– 2005 início da Escola Betel, que evoluiu de 13 para (hoje) 164 alunos.
— Março de 2007, realização do 1º Congresso Regional da Visão Celular.
Hoje, em toda a região, são 23 pastores e apóstolos, presentes em dez cidades da região Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina: Francisco Beltrão, Pato Branco, Marmeleiro, Renascença, Dois Vizinhos, Bom Sucesso do Sul, Coronel Vivida, São Lourenço do Oeste (SC), Palma Sola (SC) e Flor da Serra do Sul.

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